Foto Ricardo Stuckert - São Bernardo 09/11/2019 |
Neste sábado, com a participação in loco de Filipe Peres (Pelo Blog O Calçadão e pelo Coletivo de Comunicação do MST), Lula foi recebido por milhares de pessoas em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, na segunda aparição e no segundo discurso público após deixar a prisão política em Curitiba após decisão do STF que manteve vigente a presunção de inocência prevista na Constituição de 1988.
Foto Filipe Peres |
A liberdade de Lula marca uma nova etapa da luta pelo retorno da democracia no país pós-lava jato. O que aconteceu no Brasil a partir do golpe de 2016, que derrubou sem provas uma Presidente eleita, foi o avanço das forças políticas anti-populares e anti-democráticas. O símbolo maior disso é a lava jato e seus métodos heterodoxos, deflagrados em um ambiente de rebaixamento da política e de ascensão de um movimento seletivo e orquestrado de vendeta política.
A Constituição foi ferida, as garantias individuais foram relativizadas, os processos legais foram ignorados e Lula foi preso em um julgamento acelerado, para os padrões brasileiros, sem que as devidas provas de sua culpa fossem de fato apresentadas. Se for somado a isso o ilegal vazamento de conversas entre Lula e a então Presidente Dilma, a tentativa de condução coercitiva de 2016 e as revelações recentes do The Intercept, monta-se facilmente um cenário de perseguição política contra Dilma, contra o PT e, principalmente, contra Lula.
Ao sair do cárcere político após mais de 580 dias, Lula busca atuar com seu peso político para a reconstrução de um bloco de oposição ao governo Bolsonaro/Guedes/Moro e, mais do que isso, para a construção de um movimento de resgate da democracia.
Não será um caminho fácil. A situação jurídica de Lula continua difícil, assim como a reconstrução do ambiente democrático. As forças de extrema direita representadas pelo bolsonarismo e pelo lavajatismo continuam com apoio de parte da população e de grande parte da mídia empresarial. E, mais grave, todo o centro político, uma parte da centro esquerda e quase toda a mídia empresarial permanecem de mãos dadas com o projeto neoliberal de Paulo Guedes, sem esquecer a posição crítica de Ciro Gomes, do PDT, com relação a Lula e ao PT. Tudo isso dificulta uma maior amplitude, no cenário atual, de um movimento de oposição.
Por ora, Lula será decisivo para a construção de uma frente de esquerda, anti-bolsonarista, anti-lavajatista, anti-neoliberal, ligada aos movimentos sociais e buscando aprofundar o diálogo com o povo que vive do trabalho e que, cada vez mais, vê seus direitos serem retirados e sua condição de vida ser piorada.
Lula entra no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC carregado pelo povo. |
Se, no futuro, esse movimento de oposição poderá ser ampliado ao centro e ganhar uma parte da sociedade que hoje se mantém reticente tanto do bolsonatismo quanto do petismo, só o tempo vai responder. Mas, antenado com o que vem acontecendo no mundo, na América do Sul e no Brasil pós-The Intercept, Lula dá o tom político em seu discurso em São Bernardo: anti-Bolsonaro, anti-Moro, anti-Guedes e pró-frente popular de esquerda.
Os próximos passos desse caminho vão se dar nas caminhadas que Lula pretende fazer pelo país e nas costuras para as eleições municipais de 2020. Ontem mesmo Lula já declarou o apoio à candidatura de Marcelo Freixo (PSOL) no Rio de Janeiro.
Na atual quadra histórica em que vivemos, com a crise profunda do capitalismo arrastando a uma crise da democracia, não há outro caminho que não seja a luta pela requalificação do debate político, pela reconstrução de valores democráticos e pela oposição e luta dura contra o modelo neoliberal vigente.
Lula mostra saber claramente disso.
Blog O Calçadão
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