Mônica Jurca é coordenadora pedagógica da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Foto: Filipe Augusto Peres/Arquivo Blog O Calçadão |
Por Mônica Jurca
Uso esse espaço para denunciar a implementação obrigatória do material da rede estadual a partir do segundo bimestre na rede municipal.
Alguns apontamentos, acredito que outros profissionais da rede possam contribuir também:
Compactuar com a adoção de um segundo currículo, o currículo paulista, sabotando e descartando o referencial curricular municipal, que mesmo que tenha problemas é próprio da rede e diz muito sobre nossa autonomia pedagógica;
Ao adotar esse material estaremos aceitando passivamente a transição para um currículo que é determinado pelo estado, as chances de questionamento são mínimas, afinal o governo do estado nesses quase 30 anos de gestão PSDB só faz culpar e desmerecer o docente;
O discurso de que esse material vem para ajudar pois é de excelente qualidade coloca em questão a competência pedagógica, afinal não é um material didático que vai resolver os problemas da rede, que aliás são muitos e anteriores à pandemia;
O governo quer resolver os problemas da educação com soluções mágicas, e assim maquiar as reais medidas de enfrentamento que deveria ter com relação à pandemia e com a precarização da educação pública;
Não precisamos de mais materiais didáticos, já temos livros, materiais diversos disponíveis na internet.
Precisamos de condições de trabalho, de acesso para os alunos, de uma política pública séria para a educação, mais um livro só vai livrar a secretaria de ter gastos com impressão na gráfica;
É fundamental que os profissionais da educação, o CME e os demais coletivos e associações façam esse debate, pois nós somos os profissionais da educação e estamos nas unidades escolares para lidar com os estudantes;
Qualquer profissional que trabalha na rede estadual sabe que a adoção desse material é também a adoção de um método de ensino, que necessita formação semanal e aplicação presencial com os alunos, e aqui será jogado nas escolas para uso remoto com algumas orientações da Parceiros da Educação;
Novamente as parcerias e fundações voltam a ditar nosso trabalho e nossa formação, mesmo não apresentando nenhum resultado comprovado.
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