Dados do Dieese revelam que, no segundo trimestre de 2023, a população negra enfrenta taxas de desocupação mais altas, condições de trabalho precárias e significativa disparidade salarial em comparação com não negros
O mercado de trabalho brasileiro continua sendo um cenário de reprodução da desigualdade racial, revela análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Segundo dados compilados pela entidade e publicados no último dia 17, a taxa de desocupação entre a população negra é maior do que entre os demais trabalhadores, destacando as desigualdadesnão apenas na inserção, mas também nas oportunidades de crescimento profissional.
A pesquisa, baseada nos dados do 2º trimestre de 2023 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, revelou que, apesar de representar 56,1% da população em idade de trabalhar, os negros correspondem a mais da metade dos desocupados, atingindo a marca de 65,1%. A taxa de desocupação entre os negros é de 9,5%, 3,2 pontos percentuais acima da taxa dos não negros.
Mulheres Negras são as que mais sofrem
A análise apontou que as mulheres negras enfrentam ainda maiores desafios, com uma taxa de desocupação de 11,7%. Mesmo com o crescimento da atividade econômica, a colocação das mulheres negras no mercado de trabalho continua sendo mais difícil, conforme destacado pelo Dieese.
Condições de trabalho impostas aos negros são desfavoráveis
Quando conseguem emprego, as condições impostas aos negros são desfavoráveis. Apenas 2,1% dos trabalhadores negros ocupam cargos de direção ou gerência, enquanto a proporção entre os homens não negros é de 5,5%. A disparidade é evidente, com apenas um em cada 48 trabalhadores negros em posição de liderança, em comparação com um em cada 18 trabalhadores não negros.
Além disso, a informalidade é maior entre os negros, representando 46% dos ocupados, em comparação com 34% entre os não negros. Mulheres negras ocupadas enfrentam uma realidade ainda mais precária, sendo que 15,8% trabalham como empregadas domésticas, com salários médios abaixo do mínimo vigente.
O Dieese destaca que, mesmo quando comparados os rendimentos médios de negros e não negros na mesma posição ocupacional, os negros ganham, em média, 39,2% a menos. Isso evidencia não apenas a disparidade nas oportunidades, mas também um tratamento diferenciado no mercado de trabalho.
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