Jornal da época anuncia o alastramento da pandemia de gripe espanhola e a indiferença criminosa do governo. |
Sáude e Meio Ambiente
Nelzair também acusou a produção rural brasileira de
copiar um modelo de produção geneticamente modificada que, pelo uso intensivo
de agrotóxicos, destrói o conteúdo de bactérias do solo e aumenta a
contaminação dos rios
Em audiência pública
presidida pelo senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) realizada na sexta-feira
(9), integrando a Comissão Temporária da Covid-19 (CTCOVID-19), a pesquisadora
em saúde pública da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, Nelzair Vianna, criticou a
política ambiental do governo Bolsonaro. Para a especialista, a crise no meio
ambiente é um fator de disseminação e agravamento de doenças infecciosas.
De acordo com Nelzair,
o conceito de desenvolvimento sustentável também tem que levar em conta o risco
de pandemias, e é preciso “sair das caixas” da mera questão de saúde para pensar
a recuperação do ambiente no cenário pós-covid.
"O investimento
na prevenção da pandemia traria benefícios líquidos para o mundo. E
reconhecemos que, à medida em que o mundo emerge da pandemia da covid-19,
prioridades podem mudar para lidar com o aumento da demanda, do desemprego, das
doenças crônicas e dos graves prejuízos financeiros que a gente observa em
função da pandemia".
Nelzair também
acusou a produção rural brasileira de copiar um modelo de produção
geneticamente modificada que, pelo uso intensivo de agrotóxicos, destrói o
conteúdo de bactérias do solo e aumenta a contaminação dos rios e afirmou que,
se o Brasil tivesse optado por ser exportador de soja orgânica, poderia
diminuir os custos de produção e obter um aumento de 30% de receita. No
entanto, em sua opinião, o Brasil pode ser pioneiro numa “virada maravilhosa em
direção à felicidade” por meio do investimento na criatividade científica.
"A gente para
de eliminar as maiores riquezas que nós temos na nossa biodiversidade, na nossa
segurança hídrica, na nossa riqueza hídrica, a maior do mundo, e nós passamos a
ter empregos muito melhores", concluiu.
Em resposta ao
comentário da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que chamou a atenção para
o “descompromisso” do governo federal com a política ambiental, Nelzair Vianna
contrastou a situação com os movimentos e ações pelo controle das mudanças no
clima que são conduzidos em nível municipal e têm apoio internacional.
Ela defendeu grandes investimentos na educação da
população e o engajamento da ciência e da sociedade civil para mudança das
políticas públicas.
"A gente precisa se amparar na melhor proteção das leis, e essas leis precisam usar o conhecimento científico e precisam envolver toda a sociedade nessa percepção de risco, para que a sociedade inteira possa se engajar nessa decisão".
A
sessão remota atendeu ao requerimento apresentado pela senadora
Eliziane Gama (Cidadania-MA) e, posteriormente, complementado pelo presidente
do colegiado, senador Confúcio Moura (MDB-RO). O parlamentar cita o relatório Fronteiras 2016: questões emergentes de preocupação
ambiental, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), que apontou o desmatamento como fator de aumento das zoonoses (doenças
infecciosas transmitidas entre animais e seres humanos).
Além
de Nelzair Vianna, a audiência contou com a presença do presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural
(Agapan), Francisco Milanez, e da gerente de ciências da ONG WWF Brasil,
Mariana Ferreira,;o biólogo, virologista e pesquisador do ICB-USP, Luiz Gustavo
Bentim Góes, e a diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Ana
Toni.
Fonte: Agência Senado
Edição: Filipe Augusto
Peres
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