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domingo, 31 de janeiro de 2016

Recuperação do petróleo à vista: momento de pensar no Brasil!


Rússia, Quatar, Irã, Venezuela e Arábia Saudita buscam liderar um acordo dentro da OPEP para recuperar os preços do barril de petróleo, informa a Prensa Latina e o Brasil 247. O preço médio pode se estabilizar em torno dos 70 dólares.

Com um custo de produção em torno de 8 dólares o barril, o pré-sal brasileiro tem pela frente um cenário extraordinário com o barril sendo vendido a 70 dólares no mercado.

Enquanto a mídia tradicional brasileira, comandada por 6 famílias de magnatas, permanece em aliança com setores golpistas da sociedade na sanha de destituir Dilma e de destruir Lula, é hora do Brasil que pensa, que sonha, começar a cuidar do futuro.

O pré-sal, descoberto e nacionalizado por Lula, é sim um tremendo passaporte para o futuro. Em menos de 15 anos poderá estar gerando riquezas que poderão catapultar a educação e a ciência e tecnologias brasileiras, basta para isso retomarmos agora um projeto nacional de desenvolvimento.

Mas é preciso enfrentar o golpismo. A Lava Jato investe sem escrúpulos sobre o sistema nacional de engenharia, buscando inviabilizá-lo. Enquanto o governo busca acordos de leniência que permitam a sua retomada em outras bases, setores dissidentes dentro do aparelho de Estado fazem a política da terra arrasada, sob o argumento hipócrita do 'combate à corrupção'.

Enquanto uma crise mundial surgida no seio do capitalismo financeiro assola o emprego e renda da população mundial, o PSDB, aliado de Eduardo Cunha no golpe contra a democracia, busca passar por aqui, à revelia do voto, leis que entregam o pré-sal para as multi-nacionais e que restabelecem no país o mais brutal processo de retomada das privatizações do setor público, acabando com os mecanismos de Estado no controle das práticas do capitalismo selvagem.

Eis a disputa que se avizinha, senhoras e senhores. Desesperados com as quatro derrotas consecutivas para o campo da esquerda e trabalhista, o PSDB e a mídia, fiéis representantes do mais tradicional poder financeiro, buscam retomar o poder central do Brasil. O PSDB para retomar o que começou e não pode terminar nos anos 90 e a mídia para garantir via verbas estatais a sua sobrevivência, escapando da falência via tetas do Estado nacional, como sempre.

É hora de retomar a luta, de buscar a unidade do campo democrático e progressista. É hora de envolver os trabalhadores e o empresariado nacional que acredita no país. Denunciar os golpistas. Denunciar as artimanhas de uma mídia mentirosa, parcial e rasteira.

Os ventos fortes passarão e as oportunidades voltarão, junto com o valor do petróleo, e nossa obrigação é continuar a construir por aqui as bases de um país mais justo, aprofundando as políticas públicas que permitam a inclusão social, a diminuição das disparidades de renda, a democratização política e o desenvolvimento nacional.

Ricardo Jimenez

sábado, 30 de janeiro de 2016

Enquanto a moçada ocupava escolas, o Aspone desviava da merenda?


Em novembro do ano passado escrevemos neste blog um artigo chamado Aspone do PSDB afirma que Dom Odilo assessora Alckmin na opressão aos estudanteshttp://www.ocalcadao.blogspot.com.br/2015/11/aspone-do-psdb-afirma-que-dom-odilo.html. Ali estava a figura conhecida no meio educacional de São Paulo, o pitbul de Alckmin, Fernando Padula. Sempre disposto a comprar briga em defesa da 'política'educacional tucana.

Naquele momento, o Aspone era gravado pelos Jornalistas Livres ensinando algumas dirigentes de ensino a 'partirem pra cima' dos estudantes que ocupavam escola. "Vamos espalhar que é um movimento político, petista, que eles querem é desviar o foco do impeachment", ensinava.

Tudo bem, Padula, o Aspone, sempre foi assim, não se furtando a descer ao nível de 'bater boca' em redes sociais com professores, sempre defendendo o império tucano paulista. Mas corrupção? Aí é demais.

Segundo dados que estão sendo investigados pela Operação Alba Branca, da Polícia Civil, Padula era, ao lado de Luiz Roberto dos Santos, o Moita, Chefe de Gabinete da Casa Civil do governo tucano, o pivô do esquema que desviava grana da merenda escolar!

Como pode? Então o conhecido pitbul tucano dentro da SEE agia junto com um bando de pilantras e alguns conhecidos políticos paulistas, também citados na operação, como Fernando Capez, Baleia Rossi e Duarte Nogueira desviando dinheiro da merenda?

Então quer dizer que enquanto a meninada ocupava escola e sofria uma série de assédios e boatos espalhados pela mídia amiga tucana de que estavam a serviço do PT e depredando as escolas, quem na verdade depredava a merenda era a turma do Aspone?

O blog O Calçadão não fará julgamento prévio, como faz a mídia tradicional contra Lula e o PT, por exemplo. Apenas esperamos que as investigações prossigam com liberdade e transparência.

Mas não contribui para a apuração da verdade a tentativa patética do Governador Alckmin de tentar jogar a culpa no colo da Dilma. Ridículo!

Fico triste pelo Cardeal Odilo, que deveria vir a público pedir desculpas aos estudantes paulistas caso se comprovem as acusações da Operação Alba Branca. Deveria dizer obrigado a eles por defenderem a escola pública contra seus verdadeiros inimigos. E também a mídia tradicional deveria pedir desculpas ao povo, por fazer um jornalismo tendencioso, escondendo os escândalos de corrupção que não a interessam.

Ricardo Jimenez

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Um Sucinto Sorriso no Rosto! *Por Marcelo Botosso




            Chega até ser engraçada a conversa dos meus amigos coxinhas. Um diz que os “PETRALHAS” afundaram o Brasil, pois, segundo ele (e também a Veja, a Globo, o PIG em geral), as ações da “Petro” estão em baixa.  “Petro” é um jeitinho dissimulado de dizer Petrobrax frente à vergonha da derrota nas manobras de mudança de nome da nossa maior empresa nacional, a PETROBRAS. Na época o Partido Democrático Trabalhista (PDT) conseguiu a vitória sobre o entreguismo que há tempos prepara a empresa rumo a sua privatização.
            
        O mal intencionado (ou ignorante, na melhor das hipóteses) esquece ou finge esquecer que o único governo que afundou uma rentável plataforma da PETROBRAS foi o de FHC-PSDB. Seus personagens são os mesmos criminosos que, junto com outros gangsteres, fazem a sangria da nossa nacionalidade, a começar pelo intento frustrado de mudar o nome de nossa empresa orgulho nacional, como dito acima, a PETROBRAS. Esta, constituída na Gloriosa Era Vargas, a mesma Era que FHC prometeu enterrar.
            
         O coxa em questão esquece ou também finge esquecer, que o mesmo governo tucano entreguista doou a maior mineradora do mundo, a brasileira Vale do Rio Doce, avaliada em quase 100 bi. Foi-se por ridículos 3 bi e o resultado todos nós sabemos (e o ex-rio Doce idem).
            
           Mas a piada não parou por aí, pois outra coxa, ainda mais engraçada, sem nexo com o debate sobre a “Petro”, soltou algo assim: “Na Venezuela a lata do [imprescindível] leite em pó custa 1.300.000.000.000.000.000.000.000... e mais alguma coisa”. Sem citar qualquer tipo de fonte, a coxa afirma essa cifra como se frequentasse diariamente os estabelecimentos comerciais daquele país.  Puxa vida! Pra que afrontar tanto assim a inteligência alheia. Pra quê?
            
            Por fim, faço coro com o brizolista Humberto Gessinger em mais uma de suas belas canções:


“...não vemos graça nas gracinhas da TV, morremos de rir no ‘horário’ eleitoral.”   


*Marcelo Botosso é Historiador e apreciador inveterado do rock cantado em português.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A Cidade Locomotiva para além das chuvas: o drama no entorno do Leite Lopes!

No dia 10 de janeiro, uma semana antes das chuvas torrenciais deixarem mais de 200 famílias desabrigadas na comunidade Cidade Locomotiva, no bairro Jóckey Clube em Ribeirão Preto, este blog visitou o local (que você pode ler aqui), assim como já visitou e continuará visitando comunidades em Ribeirão Preto.

Ali, encontramos a realidade do drama da luta por moradia na cidade.




Vários veículos de mídia correram para cobrir a situação terrível dos desabrigados, provisoriamente ocupando um galpão particular nos arredores da comunidade alagada. De imediato, e de maneira positiva e elogiável, muitos se solidarizaram com o drama daquelas pessoas e levaram até lá alimentos, roupas e outros donativos arrecadados.

Mas senti falta, nas coberturas feitas, do debate sobre um fator essencial que levou à formação da comunidade Cidade Locomotiva e outras comunidades na zona norte da cidade.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Volta, Dilma!!


Às escondidas, Alckmin força reorganização e fecha o noturno e o EJA!


Dados do INEP mostram que a população brasileira apta a cursar o ensino médio noturno, ou seja, os jovens trabalhadores, perfazem 20% da população. Se somarmos a isso os adultos atrasados em seus estudos e que podem ser atendidos pelo EJA, o número chega a impressionantes 52 milhões de pessoas!

Isso sem contar os cerca de 16 milhões de analfabetos, entre adultos e jovens!

É mentira a alegação do governo de São Paulo de que as matrículas caíram de 6 milhões para 4 milhões nos últimos 10 anos por causa da queda na taxa de natalidade. Chega a ser um escárnio comparado ao prêmio dado a Alckmin pelo gerenciamento hídrico.

Qualquer que seja a alteração nas taxas de natalidade, para cima ou para baixo, jamais isso vai se refletir no ensino noturno em um período menor do que uma geração!

O governo do Estado de São Paulo quer acabar com o noturno e com o EJA por contenção de gastos e por que nos últimos 21 anos o governo tucano levou a educação pública paulista à beira da falência!

Dados mostram que a tendência no Brasil todo é a matrícula nos cursos noturnos expandirem! Você pode encontrar estudos aquiaquiaqui e aqui. As matrículas noturnas nos Institutos Federais triplicaram de 2011 para 2014, no Nordeste e Norte o ensino noturno cresceu 65% nos últimos 10 anos (incluindo EJA) e o EJA, no Brasil, vem crescendo a uma taxa de 5% ao ano desde 2003!

O ensino noturno e o EJA são uma reivindicação histórica do trabalhador brasileiro a partir dos anos 30. É um direito garantido pela Constituição de 1988. As pessoas que procuram o ensino noturno e o EJA são os jovens que trabalham o dia todo, os adultos que não completaram os estudos na idade correta, moças com filhos pequenos etc. Ou seja, no ensino noturno está grande parte do povo trabalhador do Brasil.

Enquanto o Brasil que cresce busca expandir e melhorar o ensino noturno, São Paulo e suas filiais tramam a sua extinção para conter gastos sociais. Em Minas, até o ano passado, o governo Anastasia praticava a mesma política que Alckmin introduz agora: acabar com o noturno. A resistência do sindicato dos professores mineiros e, felizmente, a eleição de Fernando Pimentel começam a reverter o quadro. Em recente decreto, Pimentel garantiu a matrícula noturna para todas as mulheres mães de filhos pequenos a partir dos 16 anos!

O ensino noturno começou a morrer em São Paulo em 1994, ano trágico, ano da entrada do PSDB no governo.

A minha experiência de 12 anos trabalhando com o noturno regular e com EJA me permitem afirmar: o PSDB esmagou o ensino noturno, esmagou os sonhos dos seus alunos e esmagou a auto estima de seus professores.

Quem deu e dá aulas no noturno paulista sabe do que eu falo.

Os jovens trabalhadores e os adultos estudantes do Estado sucumbiram pela incapacidade do governo em controlar o tráfico de drogas, a violência e pela incapacidade de introduzir um currículo minimamente eficaz para a educação noturna e para o EJA.

O PSDB destruiu paulatinamente a valorização do professor que dava aulas no noturno e esconde a violência oprimindo os professores, colocando seus diretores para perseguir professor e garantir que boletins de ocorrência não sejam lavrados!

21 anos do mesmo partido e o resultado é o descalabro e o sepultamento do ensino noturno e do EJA.

Na verdade, grande parte dos estudantes trabalhadores paulistas, aqueles que podem, migraram para os cursos técnicos federais e do Senai. Os que não puderam, engrossam o número de evadidos, que cresce. Assim como cresce o número de professores que pedem exoneração com menos de 2 anos de trabalho.

A esdrúxula proposta de reorganização do ensino paulista proposta por Alckmin e derrotada temporariamente pela luta de estudantes e professores, com ocupação de escolas e envolvimento das comunidades, traz no seu bojo o fim do noturno e do EJA.

Aliás, é pauta prioritária da política tucana para a Educação a transferência da educação pública estadual para ONGs. Isto já é realidade em Goiás e é apenas uma amostra do que está sendo gestado em São Paulo para ser introduzido no Brasil a partir de 2018.

Em São Paulo a luta não terminou. A APEOESP denuncia que o governo está fazendo a reorganização às escondidas, fechando séries nas escolas de periferia e acabando com as matrículas no ensino noturno.

A política tucana se resume a passar o ensino fundamental para os municípios e o ensino médio para as ONGs, lavando as mãos de sua responsabilidade com a Educação Pública, talvez para sobrar dinheiro para enviar às bolsas de valores estrangeiras, como fez com os 6 bi da Sabesp colocados na bolsa de Nova Iorque.

A luta de professores, estudantes, pais e movimento popular em defesa da Educação Pública é cada vez mais necessária.

Ricardo Jimenez

sábado, 23 de janeiro de 2016

Um presente para o blog!

Acabo de receber um grande presente, algo que eu queria fazia tempo. Este veio com dedicatória e é fruto da entrevista de mais de duas horas que o urbanista Jorge de Azevedo Pires deu ao blog O Calçadão esta semana, na companhia dos nossos grandes amigos Padre Chico e Marcos Sérgio.
Aos 86 anos e prosseguindo na tarefa hoje rara de pensar Ribeirão Preto.
Obrigado, professor.


O que eu penso sobre o governo Dárcy Vera! Parte 2: A eleição de 2012!



Na política há duas coisas fundamentais que quando combinadas são infalíveis: ter um discurso ouvido pelo povo e saber ocupar os espaços vazios.

Foi exatamente assim que Dárcy Vera chegou ao Palácio Rio Branco.

A última vez que tivemos em Ribeirão Preto uma candidatura construída à esquerda, ouvindo o movimento popular, foi em 1992. E a primeira e última vez em que os tradicionais partidos de esquerda (PT, PSB, PCdoB, PDT e PCB) estiveram juntos na mesma chapa para Prefeito foi em 2000. Ambas as campanhas encabeçadas por Antônio Palocci.

A ida de Palocci para Brasília, e a derrota de Maggioni em 2004, representou o fim precoce de um ciclo e enfraqueceu o PT na cidade e, de quebra, a esquerda toda. Perdendo-se ao mesmo tempo o discurso diante da população e a posição privilegiada de antagonista local do PSDB.

Eis por onde surgiu o 'furacão cor-de-rosa'.

Com seu jeito popular (ou populista, como queiram), Dárcy ganhou o discurso na população e ocupou o espaço na disputa pelo poder (algo perfeitamente natural devido ao enfraquecimento do PT em sua capacidade de diálogo com os movimentos populares). Derrotou Gasparini em 2008 no primeiro turno, em uma ascensão fulminante que teve início com seus 27 mil votos para vereadora em 2004. Assim, deslocou Baleia Rossi da posição de liderar uma candidatura ao Rio Branco pela esquerda do tucanato.

obs: Dárcy fez o que Baleia queria ter feito em 2004, quando este montou uma coligação de 14 partidos. São os mesmos que hoje, com Dárcy, constituem a base política que dá as cartas na cidade desde 2008.

Dárcy foi a direita capaz de falar a língua do povão, se colocando como antagonista prioritária da outra banda da direita, a parte elitista representada pelos tucanos. E, nesse movimento, a politização das disputas na cidade se empobreceu, porque a maneira tradicional das esquerdas e dos movimentos populares se organizarem e dialogarem também se enfraqueceu.

Com isso, Dárcy Vera teve 52% dos votos em 2008 e 43% no primeiro turno de 2012. O que não é pouca coisa.

Mas, apesar de tudo, a eleição de 2008  e o primeiro turno de 2012 não foram tão traumáticos para o eleitorado progressista.  O problema se deu no segundo turno em 2012.

*Aqui, é preciso pontuar dois fatores importantes, um para um melhor entendimento político, outro por justiça.

O primeiro fator é o movimento de Dárcy em direção ao centro do espectro político, seguindo os passos de seu líder Kassab. A criação do PSD, e a entrada na base de apoio do governo Dilma em 2011, deu condições para Dárcy ampliar seus apoios. Mantendo os de 2008, com o PMDB, PR e PPS, Dárcy conseguiu trazer também o PDT, PSB, PP e PCdoB em 2012. Construiu um arco de alianças capaz de dialogar ao mesmo tempo com o governo estadual tucano e governo federal petista.

obs: a ligação com o governo federal acabou sendo maior devido ao afastamento de Kassab da esfera tucana e até pela pobreza de projetos do governo estadual.

O outro fator, de justiça, na minha opinião, é constatar que o PT local, por sua importância e tamanho político, não abriu mão de disputar a Prefeitura mesmo com a aproximação de Dárcy do governo federal e com a atração para o seu campo de três siglas clássicas da esquerda até aquele momento (PSB, PDT e PCdoB). O PT local manteve a postura de propor um programa de governo mesmo com toda dificuldade de lidar com a relação de Dárcy com o governo federal, com a fragilidade de diálogo com o movimento popular e com um certo isolamento político partidário. Uma posição corajosa e necessária.

Voltando...

Dárcy e sua esfera de alianças representou e representa o populismo pragmático. Há um diálogo com as massas, evidente que há, mas é um diálogo despolitizado, paternalista. Os canais abertos via conselhos populares são meio pró-forma, burocráticos. A manutenção do clientelismo e do patrimonialismo são evidentes.

Mas no segundo turno de 2012 era preciso tomar uma posição.

Era Dárcy Vera ou Duarte Nogueira. Ponto.

Apesar de todas as deficiências de Dárcy e seu projeto administrativo, que exponho aqui em artigos e já eram sabidas por mim em 2012, eu e outros tantos companheiros votamos em Dárcy Vera. E eu votaria de novo se o mesmo dilema se repetisse, pedindo vênia a quem pensa em contrário.

Votaria de novo mesmo sabendo do profundo desrespeito que sua administração tem com os sem teto da cidade, expostos às remoções forçadas nos recantos distantes dos bairros populares. Votaria de novo mesmo sabendo que sua administração estaria loteada entre figuras que representam as piores práticas políticas e a submissão aos ditames do poder econômico.

Votaria de novo porque meu voto não foi um voto programático, foi um voto pragmático. Porque, sinceramente, eu preferiria viver dentro de um buraco no asfalto a ser governado por um tucano.
Apesar de tudo, dentro do governo Dárcy Vera há inúmeros companheiros valorosos, honestos e bem intencionados. Companheiros que lutam uma batalha inglória, mas que a fazem olhando para o futuro da cidade.

Um Plano Diretor da qualidade do que está sendo proposto, obrigando a base política governista a fazer contorcionismos para adiá-lo, jamais seria possível em um governo tucano. As obras e os mais de 23 programas do Governo Federal desenvolvidos em Ribeirão Preto e que melhoram a vida da população jamais seriam possíveis em um governo tucano.

Não há em mim, portanto, crise de consciência. O que há é apreensão com o cenário de 2016, ao perceber que pouco avançamos enquanto esquerda que acredita que o único caminho para a construção de uma cidade sustentável e participativa é através do fortalecimento do movimento popular e da democratização administrativa.

Me preocupa verificar que estejamos caminhando para o mesmo cenário passado, apenas trocando Dárcy Vera por outro nome de ocasião, mas mantendo a mesma política, enquanto que a construção de um projeto verdadeiramente popular fique novamente em segundo plano.

Mas isso é assunto para outro artigo. Brevíssimo...

Ricardo Jimenez


Da série: com a nossa mídia não há diálogo. Dilma, volte a pular no TUCA!

A cena foi linda. Diante de milhares de jovens reunidos na rua, Dilma aparece na janela do TUCA (Teatro da Universidade Católica de São Paulo). Lá dentro, centenas de artistas e intelectuais prestavam seu apoio à candidatura da continuidade das políticas de inclusão social e emprego; lá fora, a juventude gritava: "quem não pula é tucano!".

Foi ali, naquele momento, que a campanha 'pegou' de vez. Dilma virou o jogo e nem mesmo a atuação rasteira e nojenta da mídia conseguiu evitar que o tucanato e a própria mídia sofressem a quarta derrota seguida.

No discurso dos intelectuais e artistas e nos gritos da juventude, a explosão de luta e esperança na construção de uma nova realidade, a realidade da inclusão e do empoderamento das massas. Um sonho que une os brasileiros aos irmãos latino americanos e esses aos irmãos mundo afora na expressão da luta dos povos por liberdade.

Ali, da janela do TUCA, se contestava um sistema capitalista financeiro que produz a mais deplorável concentração de renda da história, onde os 1% mais ricos têm mais do que o restante dos 99%, ou que permite que as 62 pessoas mais ricas tenham mais do que os 50% mais pobres (3,6 bilhões de pessoas).

Um sistema onde imperam os paraísos fiscais que sugam os capitais dos Estados nacionais, do setor produtivo, do trabalho dos povos e alimenta a bolha da ciranda financeira. Um sistema onde 500 megacorporações controlam os preços internacionais de todos os setores econômicos, rebaixam ao seu bel prazer o valor das riquezas fundamentais para alavancar a indústria e a economia dos países, como o petróleo, os minérios, as commodities e até o desenvolvimento tecnológico e científico.

Um sistema baseado no papel moeda estadunidense, sem lastro real, que provoca desnacionalização e dolarização das cadeias produtivas nacionais, levando crise, inflação e endividamento a cada vez que o sistema internacional resolve imprimir dólar a rodo.

A crise que leva ao desemprego, à pobreza e às guerras (que geram os êxodos, a xenofobia, a fome).

O capitalismo financeiro atual é uma máquina de assassinar sonhos em escala global.

Ali, da janela do TUCA, havia o ápice do debate nacional. Que rumo tomar? Permanecer um país onde os 3% mais ricos detém 40% das riquezas, onde rico não paga imposto e ainda conta com um paraíso fiscal interno criado por FHC (isenção de imposto de renda nos lucros e dividendos empresariais), onde a sonegação fiscal atinge escandalosos 500 bilhões anuais ou continuar apostando em um país que combate a exclusão social, que gera emprego, que busca enfrentar os ditames do 'deus' mercado em prol do povo?

Por tudo isso, pular na janela do TUCA deu a vitória a Dilma. Mostrou-se ali que o povo brasileiro não deseja voltar aos tempos do neoliberalismo tucano. Mostrou-se ali que a mídia já não mais tem o poder de determinar o rumos das eleições.

Mas a pena é que tudo parou por ali. O esforço de unidade em torno do povo cedeu lugar à ortodoxia econômica e a uma burra tentativa de diálogo com a mídia!

Não há diálogo com a nossa mídia. Tudo o que ela faz é turvar o debate, disseminar a confusão, vender mentiras.

Que vantagem trouxe para o governo e para o país a guinada ortodoxa via Joaquim Levy? Que vantagem trouxe para Dilma as frustradas e inúteis tentativas de 'diálogar' com a mídia?

O que a mídia quer é derrubar o governo de cunho Trabalhista e reinstalar no poder central um governo neoliberal puro sangue tucano. Para isso, tem jogado todas as fichas na investigação seletiva da Lava Jato e no trâmite do processo de cassação de Dilma, seja via impeachment, com Eduardo Cunha, ou via TSE.

Não é só o diálogo com o governo que não existe na mídia. Não existe o diálogo nacional!

Estamos construindo, a partir de 2003, o maior processo de democratização da universidade pública nacional, e daí? Estamos passando a maior crise da história do capitalismo, e daí? A guerra mundial dos preços do petróleo exigem que protejamos o nosso pré-sal para o momento futuro de recuperação do setor, e daí? As políticas inclusivas, de distribuição de renda e de geração de empregos criadas nos últimos treze anos tiraram o país do mapa da fome e melhoraram nosso índice GINI, e daí?

A mídia jamais vai discutir, por exemplo, o por que, até 2003, o Brasil quebrava com qualquer vento forte vindo do exterior e a partir de então não quebra mais. A crise da Tailândia e da Rússia, ocorridas em 1997 e 1998, nem sequer se aproximam à crise atual, vigente desde 2008, no entanto, naquela época o Brasil quebrou e foi ao FMI três vezes. A diferença é que nos últimos treze anos as bases da economia brasileira se tornaram mais sólidas, mas, e daí?

E o debate tributário, então, é possível fazer com a mídia? Claro que não. Reinam nesse quesito  a desfaçatez e a hipocrisia.

"Ninguém aguenta mais impostos e os serviços públicos devolvidos são péssimos" é a frase preferida da mídia e dos mais ricos. Escondidos sob essa traquitana estão os 500 bilhões anuais sonegados e desviados para paraísos fiscais. os 17 bilhões que deixam de entrar nas contas do Estado a partir da isenção de imposto de renda sobre lucros e dividendo dos ricos e o fato de que no Brasil se taxa o consumo (a cesta básica) ao invés do patrimônio e da renda.

obs: O paraíso fiscal dos lucros e dividendos empresariais criado por FHC em 1995 suga 17 bi das contas públicas. O Programa Bolsa Família inteiro custa 15 bi. O primeiro atende a meia dúzia de magnatas, o segundo atende 40 milhões de pessoas. Reponda: qual deles gera mais ódio naqueles que consomem a nossa mídia?

A mídia esconde também, por debaixo da sua hipocrisia, que a sua própria existência só se dá por causa das gigantescas verbas publicitárias estatais que engordam seus caixas. Por isso, investigações sobre o HSBC ou da operação Zelotes, que a atingem, ou são ignoradas ou desviadas em direção a um dos filhos do Lula.

Até mesmo no debate em torno dos juros a mídia consegue ser canalha. Em 2012 ela detonou a política de redução de juros conduzida por Dilma, que levou as taxas para 8% (o menor valor da média histórica). Agora, a mídia consegue detonar cinicamente a corretíssima manutenção da taxa de juros feita pelo Banco Central. A mídia quer sangue!

Portanto, Dilma, não é possível continuar assim, acenando ao diabo e de costas para o povo. O pulo na janela do TUCA em 2014 e a mobilização da Frente Brasil Popular no ano passado foram os maiores exemplos de que é com o movimento popular que faremos a nossa recuperação.

O discurso de Dilma ao ser recepcionada na sede do PDT, batendo nos golpistas, nos dá um pouco de esperança.

São nos momentos difíceis que são necessárias soluções de Estadista.

Dilma, esqueça a mídia e volte a pular na janela do TUCA! O movimento popular a aguarda.

Ricardo Jimenez

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Movimento entra no MP contestando relatório ambiental falho sobre o Leite Lopes!

O líder comunitário Marcos Sérgio, integrante do Movimento Pró Novo Aeroporto em Ribeirão Preto, protocolou hoje no Ministério Público um relatório técnico produzido pelo engenheiro especialista em aeroportos Lênio Severino Garcia onde há 11 pontos contestando um relatório de adequação ambiental produzido pelo Dersa e pela Cetesb liberando o recuo de cabeceira da pista do aeroporto Leite Lopes, dentro das obras para torná-lo internacional.



Segundo Marcos Sérgio, além das falhas e omissões, o relatório é legalmente insuficiente, pois em uma obra de grande porte como essa um simples 'relatório de adequação ambiental' não resolve, apenas um EIA-RIMA é que pode abarcar todos os aspectos ambientais envolvidos.

O questionamento foi endereçado à Promotoria da Habitação, nas mãos do Promotor Antônio Alberto Machado, e à Promotoria do Meio Ambiente, nas mãos do Promotor Marcelo Goulart, pedindo a suspensão ou a revogação do relatório de adequação ambiental feito pela Cetesb.

Ouça a entrevista feita com Marcos Sérgio na sede do MP hoje no final da manhã.



O blog O Calçadão continua acompanhando de perto a realidade do entorno do aeroporto Leite Lopes e informa aos nossos leitores que vem aí o Seminário Leite Lopes, envolvendo as maiores autoridades no assunto contra a sua internacionalização e pró construção de um novo aeroporto fora dos limites urbanos. Aguardem.

Ricardo Jimenez

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Vamos falar de política? O que eu penso sobre o governo Dárcy Vera! Parte 1


Tenho grandes amigos que consideram a administração Dárcy Vera o pior governo que Ribeirão Preto já teve. Outros rebatem que o pior foi o do Jábali, enquanto outros ainda mencionam o do Maggioni ou o último do Gasparini.

Respeito todos eles, mas quero aqui  tentar tratar o assunto com a profundidade política que ele merece. Partindo da análise geral para chegar ao verdadeiro ponto da discórdia: o segundo turno da eleição de 2012!

Vem aí uma campanha municipal onde o mote 'buracos no asfalto', 'mato nas praças' e  a prática de 'bater na Prefeita' serão o lugar comum da eleição.

Desde a campanha de 2000 o roteiro é o mesmo: Prefeitos com administrações ruins servindo de palanque político para o oportunismo de ocasião (a exceção é a reeleição da própria Dárcy Vera, em 2012).

A regra em Ribeirão Preto é termos administrações ruins uma atrás da outra.

Jábali não foi candidato à sua própria reeleição (e Nogueira, carregando o peso do desgaste, não chegou nem ao segundo turno em 2000). Maggioni ficou de fora do segundo turno em 2004 (eleição marcada pela ida de Palocci para Brasília e que jogou o PT municipal em uma crise enfrentada até hoje). E Gasparini perdeu em 2008 no primeiro turno!

Administrações ruins, distantes do povo (e dos movimentos sociais), tocadas na base de acordos políticos de gabinete e dos interesses do poder econômico.

Há quase 20 anos não há um projeto de cidade, uma proposta sequer para alavancar a economia do município, para criar mecanismos que fortaleçam a participação popular. A última que fez isso foi a primeira administração de Antônio Palocci, coincidentemente a última a ter um projeto debatido com amplos setores do movimento popular e que teve o mínimo de projeto de longo prazo. Não à toa vem de lá o nosso atual Plano Diretor e a Criação da Secretaria do Planejamento, por exemplo.

A infeliz derrota da chapa Sérgio Roxo e Said Issa Halah em 1996 jogou Ribeirão Preto no marasmo da política pequena e da falta de rumo.

Hoje, projetos de fundo como um Plano Diretor são adiados ad eternum enquanto os interesses da especulação imobiliária não forem satisfeitos. Já projetos de interesse do capital, como a internacionalização do Leite Lopes, com remoção forçada de famílias pobres, são aprovados de imediato, tanto pela base tucana quanto pela cor-de-rosa, não importando a grave situação social criada com os mesmos.

A diferença atual é que a esquerda, isolada e enfraquecida, não consegue se impor como força desde 2004. PSOL e PSTU mantém suas candidaturas sem constituírem um arco de alianças e sem penetração popular, enquanto o PT se mantém errático, oscilando entre apostar em uma candidatura com enraizamento partidário, como a do professor Feres Sabino em 2008, ou em um neófito sem compromisso, como o juiz Gandini, em 2012.

Dessa forma, sem possibilidade de construção de um projeto popular viável à esquerda, a direita se rearranja e faz a festa, enquanto a angústia dos eleitores de esquerda e progressistas só faz crescer.

A disputa na direita se dá entre o PSDB de um lado e a aliança Dárcy e Baleia de outro.  Mas até 2010 esses grupos estavam perfeitamente colocados dentro do arco de influência do governo tucano de São Paulo. Dárcy, conduzida por seu líder Kassab, chegou a ser a queridinha de José Serra.

Portanto, e já dando a minha opinião, o governo Dárcy Vera não foge à regra da direita ribeirão-pretana, sem novidade. Um governo voltado aos interesses do capital, sem projeto ou planejamento de longo prazo, adepto do populismo político, dos acordos de gabinete envolvendo cargos em troca de apoio na Câmara e loteado entre as diversas forças políticas, fechando qualquer canal real de participação direta do movimento popular em suas decisões.

Acho Dárcy uma comunicadora popular mas uma administradora fraca. Por isso, temos hoje uma cidade administrada por mais de um 'prefeito' (expressão usada por um amigo em conversa recente). Cada 'prefeito' mandando no seu naco específico de poder criados no loteamento político e no vácuo da falta de liderança de Dárcy.

E é aí que reside a necessidade de um debate mais profundo, para que não despejemos em Dárcy uma culpa maior do que a que de fato ela tem. Quem um dia chegou a acreditar que Dárcy poderia ser de fato uma líder popular nos moldes progressistas errou, ou foi sonhador demais ou não fez a leitura política correta. E permanecer nessa posição, caindo em um discurso anti-Dárcy pouco politizado, faz Ribeirão correr o risco de prosseguir no erro, dando mais um mandato para a direita travestida de popular e se frustrando novamente.

Para evitar isso e fazermos a leitura correta, temos de entender como ela chegou aonde está e as mudanças que levaram ao verdadeiro nó da discórdia entre os progressistas: o segundo turno da eleição de 2012.

Precisamos entender que o enfraquecimento da esquerda na cidade tem o seu quinhão de culpa e, principalmente, entender a movimentação política que houve entre a eleição de 2008 e a de 2012 e como isso aponta para o cenário da eleição de 2016.

Mas isso vai ser feito em outro artigo, brevíssimo...

Ricardo Jimenez

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Para Chico Buarque... Por Shirley Viana



Assisti ao documentário Chico, Um artista brasileiro! E fazer isso me deixou ainda mais encantada e fã desse grande ídolo.

Muito mais do que mostrar o artista, o documentário também mostra um ser humano incrível.

Ele é um cara bem humorado e dono de uma inteligência afrodisíaca, diferente do Chico dos palcos, onde ele demonstra certa timidez.

Chico é daqueles que sabem rir dos seus erros e defeitos.

Dono de uma consciência crítica e ao mesmo tempo libertadora.

Em uma época de represálias e censura, ele não se calou e, através da sua música e da sua escrita, se impôs perante a ditadura militar.

Seu trauma dos palcos veio de quando ele teve que ficar na Itália e não podia voltar ao Brasil. Nessa época ele era obrigado e fazer shows e sentia que sua música ficava apenas como som ambiente para os italianos.

Ao falar de sua família, ele não só demonstra que é um homem acima do seu tempo como também um homem que evoluiu com o tempo.

Ele conta de como seus netos lhe trazem novidades musicais e até coisas às vezes dos anos 70 e que tinham passado despercebidas.

Faz um alerta dizendo que de forma alguma o país é brega, pois na época a bossa nova foi produzida por uma elite e que mostrava apenas uma parte do Brasil, considerada 'bonita', e não toda a sua realidade. E que hoje as músicas trazem toda essa realidade em suas letras, com misturas e diversidades culturais em todos os níveis.

Vi um ídolo humilde ao falar dos países que só o conhecem como escritor, onde seus livros são bastante vendidos mas que nunca ouviram uma música sua.

No documentário, Chico fala sobre sua amizade com Vinícius de Morais, Tom Jobim e Toquinho e do quanto gosta de tomar cerveja e fumar seu cigarro.

Conta de sua conversa com o poeta Manuel Bandeira, que revelou a ele a existência de um irmão alemão por parte de pai. e de suas buscas na Alemanha por este irmão que morreu aos 50 anos de idade.

Nos anos 70, Chico dá uma declaração onde dizia que artista não tem sexo. E em um programa de televisão, Chico é questionado por uma telespectadora que já que ele considerava que artista não tinha sexo, se ela podia, então, considerar que ele era homossexual.

Eis que Chico lhe dá a seguinte resposta: 'quando eu escrevo eu posso ser homossexual, mulher, operário, homem, enfim, eu posso ser tudo'.

Nessa resposta ele demonstrou a grandiosidade do escritor, compositor e artista que ele é.

Chico é poesia!

Chico é canção!

Chico é música, letras e partituras!

Chico é o ídolo que nunca irá morrer, ficará encantado, ternamente marcado.

Shirley Viana é atriz e professora de Teatro.






segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Por que meu corpo te incomoda tanto? Por Mateus Barbassa



Vem chegando o verão... ou melhor, já chegou, né?

E o que mais vejo é gente compartilhando suas 'conquistas'. Resultado de procedimentos estéticos, exercícios, suplementos, batata doce, shakes, pílulas e tudo o mais.

É preciso ter o 'corpo' do verão.

Então, tomem fotos de antes e depois. Me amem! Me desejem! Sou desejável!

Também é a hora que as revistas investem em matérias de superação. 'Fulana' emagrece trocentos quilos depois de ser chamada de 'baleia' pelo ex-namorado, mas agora, após a perda de peso, ela manda beijinho no ombro pra ele.

Qual é mensagem aqui? Que ser gorda(o) é feio. E acima de tudo, que somos escravos dos olhares alheios. Sim. Vivemos numa cultura que regula nossos corpos, dizendo que isso é bonito, isso é feio. Fazendo com que milhares de pessoas vivam infelizes consigo mesmo. 

Só o infeliz consome. E é preciso consumir o tempo todo! 

Então, é preciso alimentar essa infelicidade nas pessoas. A padronização corporal é vivenciada de maneira cruel. Faça um teste. Ligue a televisão. Vá ao cinema. Olhe as revistas na banca. Todas essas mídias vendem um tipo físico absolutamente irreal e que não condiz com a maioria de nossa população. 

E, lógico, que tem uma ou outra gordinha ou gordinho. Mas sempre fazendo graça. Nunca com uma história própria. Sempre renegado ao âmbito do humor, do escárnio. Como se ser gordo fosse além de feio, engraçado. 

Por isso, foi tão importante um episódio da série Louie em que uma personagem denunciava essas questões todas. 

Note que os personagens gordos raramente vivem histórias de amor na dramaturgia contemporânea, e quando isso é mostrado é sempre na base da tiração de sarro, como naquele famigerado papel da Fabiana Karla na infame novela "Amor à Vida". Esse é o tratamento. Essa é a causa do desespero. Essa é a pauta. 

Precisamos aceitar a diversidade. Não só sexual. Mas, também, a diversidade dos corpos. É muito comum ver gays fazendo piadinhas com pessoas gordas. Esse é o resultado de anos e anos de opressão. É como escreveu o Paulo Freire: "Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor."

Por isso, sempre quando uma pessoa vem com aquele papo pra cima de mim: nossa, você tem um rosto tão bonito, porque não emagrece? Tem os olhos tão lindos e blábláblá... Eu já respondo na lata: POR QUE MEU CORPO TE INCOMODA TANTO?

Sim, porque isso é um problema só seu, meu amor!

Mateus Barbassa é ator e diretor de Teatro.



Novo vídeo da TV O Calçadão!


domingo, 17 de janeiro de 2016

A direita acena: Duarte Nogueira sinaliza candidatura. O jogo começou!


Duarte Nogueira é isso, um político tucano e aliado de Geraldo Alckimin. É Deputado Federal eleito mas atualmente exerce o cargo de Secretário de Transportes do governo de São Paulo. Nessa última quinta-feira, em entrevista ao jornal A Cidade, Nogueirinha fez sinalizações claras sobre sua futura candidatura à Prefeitura de Ribeirão Preto.

Após passar por mandatos de Deputado Estadual e Federal, sempre com campanhas caras e sustentadas na capilaridade com pequenas prefeituras do interior, Duarte Nogueira talvez nunca tenha tido tamanho favoritismo como tem agora, na atual circunstância política de Ribeirão Preto.

Dizem à boca pequena, isso antes do PSDB paulista entrar em implosão, que Nogueirinha era a aposta tucana para o Palácio dos Bandeirantes, mas, antes, por conselho do líder Alckmin, Nogueira deve mostrar força em sua própria terra antes de alçar voo tão alto.

Eis que Nogueira parece querer enfrentar o trauma que o persegue de ser sempre derrotado ao Rio Branco, duas vezes por Palocci e uma vez por Dárcy Vera. E dessa vez vem como favorito, embalado pelo resultado eleitoral do segundo turno de 2014 em Ribeirão Preto: Aécio 218 mil contra 94 mil de Dilma.

A movimentação de Nogueira sinaliza uma das duas candidaturas de direita já esperadas na cidade. Sobre outra o blog O Calçadão vai aguardar maiores movimentações antes de dar opinião à respeito. Mas espera-se que a direita seja a favorita em Ribeirão Preto, porque aqui o ambiente pró-golpe é forte.

Por aqui tivemos as maiores manifestações pró-impeachment do Brasil para cidades do mesmo porte. Em Ribeirão as forças políticas de direita, como as lideranças do PSDB local, desfilaram no meio da massa entre 40 mil pessoas, segundo dizem, nas manifestações de março e agosto.

Por aqui, xingar a Dilma, o Lula, o PT, fazer programa de rádio e televisão com a postura de um revoltado online gera popularidade imediata.

Esta é a característica que se espera da eleição e já escrevemos sobre isso aqui.

Mas Nogueira na entrevista da última quinta tocou na questão de propostas. Claro que não dá para debater propostas com tão pouco tempo e tão pouco conteúdo apresentado, mas dá para falar algumas coisas.

Nogueira diz que o PSDB local já está trabalhando em um programa de governo com '14 diretrizes'. E fala: "Governar é escolher. A primeira coisa que se faz é cuidar bem das pessoas, com saúde, educação de qualidade, lixo coletado, mato roçado e buraco tapado".

Na pequena frase há duas coisas que podem ser destacadas.

'Cuidar das pessoas' é uma frase típica da política tradicional, que vai da direita à esquerda. O político 'paizão' que recebe o mandato para tomar conta de tudo. O blog O Calçadão, à essa altura da nossa história política, tomará a liberdade de não acreditar em nenhum programa de governo que não tenha no seu centro, na sua prioridade, o conceito de gestão democrática, de participação direta da população na elaboração, execução e fiscalização das políticas públicas. Imaginar Ribeirão Preto no futuro sem um orçamento participativo, sem uma descentralização da Administração Pública e sem o fortalecimento dos conselhos populares e outras ferramentas de participação direta é imaginar uma Ribeirão Preto parada no tempo, em um retrocesso conservador.

'Lixo coletado, mato roçado e buraco tapado' faz referência à principal dificuldade de uma Prefeitura que opera em déficit fiscal há mais de uma década. Essa frase, que busca fazer uma crítica à mal avaliada administração Dárcy Vera (outro lugar comum aguardado para a eleição vindoura), poderia muita bem ser feita a Gasparini em 2008. Ela soa oportunista e não toca na questão central.

A questão do bom funcionamento de uma administração nesses quesitos mencionados por Nogueira passa por um debate tributário profundo. A pergunta é: quem pagará a conta do financiamento da infraestrutura da Prefeitura? A Lei do Saneamento Básico, por exemplo, espera na fila na Câmara justamente porque para aprová-la é preciso implementar uma tarifa do lixo, e aí? Como fica o discurso populista da direita com esse debate pela frente?

A frase clássica e populista da direita: 'não aceito aumento de impostos', é falsa e perversa. Para construirmos uma administração pública eficiente a pergunta é: 'como tornar o sistema tributário mais justo, onde quem tem mais paga mais?'. Será a direita capaz de enfrentar esse debate?

Enfim, esse é só o começo do jogo eleitoral e o blog O Calçadão estará acompanhando de perto tudo isso, com artigos e vídeos. Acreditamos que Ribeirão Preto precisa de um projeto que seja debatido da periferia para o centro, envolvendo o movimento popular, aqueles que pegam ônibus, os jovens, as mulheres, os negros, os pensadores. Acreditamos em um projeto de cidade inclusiva e com gestão democrática efetiva. É sob esse prisma que iremos analisar as propostas da eleição deste ano.

Somos um blog que empunha um pensamento de esquerda e progressista, portanto, não esperamos que um programa de governo que contemple a nossa visão de mundo venha da direita, pois não virá. Esperamos, sim, que lideranças de esquerda e progressistas se apresentem e tenham capacidade de dialogar com o movimento popular e empunhar as suas bandeiras e que liderem um programa de governo para o futuro, que rompa paradigmas, clichês e posturas clientelistas clássicas.

O jogo político começou.

Ricardo Jimenez





sábado, 16 de janeiro de 2016

Museu, uma complementação do Turismo! Por Marcelo Botosso*



           Prédios que atualmente abrigam o museu histórico (primeiro plano) e o museu do café (ao fundo), ambos mantidos pela Prefeitura de Ribeirão Preto



Nos difíceis e quase sempre arbitrários esforços de classificação, o lugar do museu no turismo pode ocupar a categoria de Turismo Cultural.

Em linhas gerais, o deslocamento de um indivíduo ou grupos de indivíduos de uma região à outra a fim de visitar determinado museu ou vários museus, não é outro movimento senão Turismo, seja ele nas mais variadas e possíveis tipificações (cultural, pedagógico, científico, histórico etc).

A equação é tão simples quanto óbvia: assim como uma escola não possui razão de ser caso não exista a figura do aluno, na mesma proporção o museu não tem sentido caso não exista o visitante, dentre eles o turista consumidor cultural.

Cada vez mais as instituições museológicas buscam propagar a sua mensagem ao público de maneira dinâmica, sobretudo a partir da recusa da concepção ultrapassada de museu enquanto apenas um depósito de coisas velhas. Não raras vezes essas instituições estão fazendo o uso de multimídia, inovações tecnológicas e os mais variados instrumentos, como a criação dos seus setores de comunicação.

Sinalização, comunicação visual, ambiente adequado à proposta, uniformidade de seus códigos, a disponibilização de dados em rede, a utilização crescente de monitores e guias bilíngues são fatores que fazem atingir o nível de hospitalidade no museu, componente conclusivo para que o visitante tenha conforto e bem-estar, retornando e, por vezes, indicando-o a potenciais visitantes.

Nesse sentido, o museu tornou-se um apêndice necessário do Turismo, superando não somente a deficiência conceitual, mas também preconceitos. Negligenciar a inter-relação entre turismo e museu é um erro tão crasso quanto irresponsável, principalmente quando se envolve verba pública.

Além da geração de renda, que é um objetivo intrínseco do Turismo, o desenvolvimento da atividade turística associada ao patrimônio material e imaterial pode, ainda, ser um agente propagador e que impute certo dinamismo na cultura. Cabe às instituições museológicas promover a salvaguarda e a garantia da preservação, evidenciando os sítios e monumentos que constituem uma parte privilegiada do patrimônio da humanidade.

Ao setor de comunicação do museu estabelece-se a voz institucional que, se servindo de inúmeros recursos, dialoga com o público geral podendo dar ênfases em ações para o público pretendido. A integração entre espaço museal e turismo dá origem às atividades comerciais inerentes, como bilheterias, livrarias, lojas de souveniers, cafés, transportes, entre outras.

O importante papel educativo dos museus acabou por motivar inúmeras reflexões que estão a ampliar a atuação dessas instituições junto aos escolares, como também em outros públicos de visitantes, sendo eles turistas ou locais.

A valorização do patrimônio pela sua importância histórica ou pela relevância para a identidade local é, sem dúvida alguma, a matéria-prima fundamental para sua oferta enquanto produto turístico. Portanto, para que patrimônio e turismo possam ter uma boa e produtiva convivência, é necessário planejamento, o que inclui clareza de regras, controle e permanência tendo o objetivo de disponibilizar o atrativo com o mínimo impacto que a atividade turística possa gerar.

Preservar o patrimônio é preservar a memória e a identidade de um povo, de uma cidade, de uma região ou de uma nação. Cabe o ditado: 'preservar para conhecer, conhecer para preservar'. Nessa perspectiva, museu e turismo se encaixam com a exatidão de peças de um quebra-cabeças, cuja figura não seria outra senão a própria sociedade.

Com a palavra a política ribeirão-pretana de museus e Turismo.
          

*Marcelo Botosso foi Secretario de Turismo de Sales-SP e é Historiador da Estância Turística de Salto onde atua no museu histórico municipal.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Implosão do PSDB espalha a direita por partidos históricos e isola a esquerda!


Há uma transformação ocorrendo na política partidária brasileira e que vem sendo conduzida pela crise política da chamada 'Nova República'. Essa transformação, que é lenta e já vem de alguns anos, pode ser precipitada pelo movimento de implosão do PSDB.

A saída do Álvaro Dias para o PV pode deflagrar uma importante debandada no principal partido da direita brasileira. Cogita-se a saída do governador Alckmin para o PSB e de José Serra para o PMDB ou para o seu sempre fiel PPS.

Essa movimentação afetará bastante o campo político. Primeiro porque espalha a direita por partidos históricos e que tradicionalmente defendem bandeiras da esquerda. O PV já um caso antigo, 'endireitou' há anos, na contramão europeia onde os 'verdes' são de esquerda. Álvaro Dias foi para o lugar certo. Mas a provável ida de Alckmin para o PSB será bombástica.

Será o fim do projeto construído por Arraes e a saída do PSB da histórica unidade da esquerda, construída nas várias vezes em que se montou a Frente Brasil Popular.

Algo parecido aconteceu com o PDT com a entrada há alguns anos do Paulinho da Força. Hoje a realidade do PDT em São Paulo é a de ser um partido de direita (em Ribeirão Preto é direita reacionária). A entrada de Ciro Gomes é um esforço de movimento contrário, que já deu um resultado positivo: a saída do gelatinoso Cristovam Buarque, aliado de primeira hora dos coxinhas e dos golpistas.

É possível enxergar um espalhamento da direita por vários partidos e um certo isolamento do PT e do PCdoB à esquerda. Essa reacomodação de forças monta a batalha da eleição de 2018. Alckmin (PSB), Serra (PMDB ou PPS), Aécio (PSDB), Álvaro Dias (PV) e Marina (Rede) são todos representantes do neoliberalismo puro, são os protótipos do Macri, atual Presidente Argentino. É a bandeira do Estado mínimo espalhada por várias candidaturas.

Do outro lado ficam PT e PCdoB buscando uma forma de se contrapor a isso e prosseguir na defesa de um projeto popular e desenvolvimentista. Mas não se pode afirmar isso categoricamente, pois tudo vai depender de como e de que forma o PT sairá dessa crise. Enquanto Dilma privilegia uma reforma da previdência, o PT e suas bases sociais defendem mudança na política econômica. Essa DR precisa de uma conclusão até 2018 e passará por 2016.

Como chegarão Lula e Ciro em 2018?

Importante salientar que o PSOL também passará por uma DR, já está passando, e também não se sabe como chegará a 2018.

Em São Paulo o cenário estará ainda mais turvo. Que papel jogarão Alckmin no PSB e Serra no PPS? E Haddad, se conseguir uma heroica reeleição na capital, qual papel jogará na disputa ao Palácio dos Bandeirantes?

Papel fundamental jogará o movimento popular. Qual o futuro da unidade do movimento popular? As centrais sindicais conseguirão dialogar com o MST, e este dialogará com os movimentos de moradia, com os movimentos negro, de mulheres, estudantil? qual o futuro da Frente Brasil Popular?

Uma coisa é certa, um projeto de país democrático e popular deverá ser construído e defendido em 2018, mas por qual candidatura? Conseguirá o PT reconstruir as pontes com os movimentos populares?

São perguntas que permeiam o cenário político daqui em diante.

Ricardo Jimenez

A 'onda fascista' vira marola, mas ser reaça ainda rende uma grana!


A lista é grande e eclética. Olavo de Carvalho, o pioneiro, Bolsonaro, Rodrigo Constantino, Marco Antônio Villa, Reinaldo Azevedo, Roger Ultraje, Lobão, Frota, Sheherazade, Malafaia, Feliciano e afins. São alguns ícones da chamada direita e esparramaram pelo país através da mídia e das redes sociais milhões de seguidores que se intitulam: 'conservadores', 'liberais-conservadores', 'anarco-capitalistas', 'intervencionistas' e outros tantos.

Quando os grupos reaças como MBL, Revoltados Online e outros conseguiram fazer as manifestações de março e abril de 2015 na esteira dos erros dramáticos cometidos por Dilma nos seus primeiros passos após ser reeleita, houve quem profetizasse que uma 'onda fascista' varreria o Brasil. Até um novo golpe militar foi temido.

Hoje essa 'onda' virou marolinha para um país das dimensões do Brasil. Claro que a imensa maioria da população está insatisfeita com a política e com os políticos, que o PT vive sua pior crise e perde muito de sua popularidade, junto com Dilma, mas isso não significa que o movimento reaça avança na sociedade. O dado real é que a maioria da população nas últimas quatro eleições elegem propostas de esquerda, esse é o dado real.

Junto com a mídia tradicional e o PSDB, que apostavam tudo no desmonte do PT e do governo Dilma via 'delações premiadas' para assumirem o poder sem precisar de voto, os reaças sofrem do mesmíssimo mal: caminham lentamente para a avacalhação. E por seus próprios méritos.

A mídia tradicional na sua sanha anti-petista perde credibilidade diária e agoniza a partir do paulatino fechamento das bicas da propaganda governamental, que sempre a sustentou. As mídias digitais e alternativas avançam e embolam o jogo. O PSDB, que nunca teve profundidade no povo e só sobrevive na sua parceria com a mídia tradicional, não consegue escapar das denúncias mesmo com todo o esforço do parceiro para omiti-las.

Já as lideranças reaças citadas no início do artigo sofrem do processo rápido de rotulagem e acomodação. Disputam entre si, e aí é preciso reconhecer, um público que mesmo não sendo uma 'onda avassaladora', cresceu muito e hoje representa um mercado de alguns milhões de pessoas ávidas a consumir toda a produção reaça dos seus líderes.

Aí começam as disputas, as tretas na direita. Ser reaça rende uma grana e renderá por muito tempo. Bater na política de cotas, nas feministas, no bolsa família, chamar o STF de bolivariano, xingar o Lula, xingar a Dilma, xingar o PT, demonizar o Foro de São Paulo, ser contra imigrantes, ser contra a escola pública, a saúde pública e qualquer coisa pública rende views, compartilhamentos, likes e venda de livros e palestras. Na disputa deste 'mercado', muita treta virá.

Muitos falam na criação de um partido da direita, conservador, reunindo toda essa gente. Duvido! O interesse deles não é esse, é simplesmente aproveitar a tendência, que é mundial, inspirada em uma tradição da direita dos EUA, na qual Olavo, por justiça, é o pioneiro, para ganhar algum. Claro que servem de massa de manobra em momentos de crise, como o atual, mas são em geral pitorescos e inofensivos.

Perigosos são a mídia e os acordos políticos que envolvem os interesses empresariais. A mídia pode produzir um perigoso movimento de manada e  os acordos políticos e empresariais produzem retrocessos sociais, ambos colocando em risco a vida de muitos. Eduardo Cunha é um dos frutos podres disso aqui no Brasil. Assim como no mundo cerca de 500 conglomerados empresariais usam os instrumentos do Estado Nacional e os acordos políticos para comandar o capitalismo em detrimento dos povos trabalhadores, é aqui no país, do mesmo jeito.

Ao contrário do que pregam os ditos 'liberais' de facebook, os conglomerados empresariais não querem acabar com o Estado, pelo contrário, pois sem o Estado nada acontece. O capitalismo não vive sem o Estado, sem o domínio do Estado máximo para o capital e Estado mínimo para o trabalhador. É contra esse modelo e essa gente que os movimentos populares mundiais lutam, não contra o Lobão.

Continuaremos por muito tempo nos divertindo com o Olavão 'denunciando' o Foro de São Paulo e mandando todo mundo tomar naquele lugar, riremos do Constantino na Disney magoado com a Veja que o demitiu porque perdeu as verbas do Estado (risos), do historiador tucano Villa com sua saga anti-Lula, o Bolsonaro tomando uma surra do MEC por falar besteira e seguiremos tendo que conviver com os milhares de reacinhas nos enchendo o saco no face.

É isso!

Ricardo Jimenez

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Fábio de Jesus e Ong Arco Íris obtém vitória contra a homofobia e a intolerância!


Hoje o movimento popular de Ribeirão Preto conquistou uma vitória grandiosa contra o preconceito, a intolerância e a homofobia, cuja jurisprudência terá repercussão nacional em casos semelhantes.

Trata-se da vitória do movimento LGBTT de Ribeirão Preto, da Ong Arco Íris e do seu líder Fábio de Jesus, o Fabinho, que há anos promove a Parada Gay na cidade.

Em 2011 uma denominação evangélica chamada Casa da Oração colocou outdoors de caráter intolerante e ofensivo ao movimento LGBTT na véspera da Parada Gay daquele ano.

Na mesma ocasião a Arco Íris, buscando o auxílio jurídico da Defensoria Pública,  já havia ganho liminar na Justiça para a retirada dos mesmos. Em 2014 veio a vitória em primeira instância e, diante do recurso protocolado pela tal igreja, o TJSP deu a decisão definitiva na data de hoje.

Entendeu a Justiça, assim como também entende o blog O Calçadão, que retirar trechos bíblicos com objetivo de buscar insultar as pessoas por discordância em relação à sua orientação sexual é inadmissível, desonesto, ofensivo, intolerante e fere a liberdade alheia.

A vitória da Arco Íris é um marco da luta contra a homofobia. Os crimes de ódio precisam ser combatidos. Só em 2014 foram mais de 104 mil denúncias no Ministério Público em todo o país contra atitudes que promovem a intolerância de qualquer natureza.

A postura da Ong Arco Íris é um exemplo importantíssimo não só na luta LGBTT contra a homofobia, mas também na luta do movimento popular brasileiro para a construção de um país cada vez mais democrático.

O blog O Calçadão parabeniza Fábio de Jesus e a Ong Arco Íris! Em fente, companheiros!

Ricardo Jimenez

'Acordo de Curitiba' e a negação da política: o fim da Nova República!


É comum que um país do tamanho e com as particularidades do Brasil viva de ciclos, geralmente comandados por consensos políticos feitos por cima, pela cúpula econômica e política do momento.

A história do Brasil é repleta desses ciclos, que têm início, desenvolvimento, crise e fim.

Há transições que levam para algo melhor, como as de 1889 e 1930; mas há outras que constroem coisas piores, como a de 1964.

Hoje vivemos a crise do fim daquilo que se convencionou chamar de 'Nova República', ou seja, o acordo político que propiciou a transição da ditadura militar para a democracia, consolidado em 1985. E é um fim triste, afogado na podridão da relação promíscua entre políticos e empresários.

O que virá no futuro ainda permanece imerso em névoas, perigosas névoas.

A morte inesperada de Tancredo alterou os rumos iniciais da 'Nova República' e construiu o caminho para a sua crise e destruição futura, como vemos hoje.

Foi ali no governo Sarney que se construiu a relação promíscua de poder envolvendo políticos, empresários e mídia, todos contemplados com as concessões do Ministério das Comunicações comandado pelo arenista Antônio Carlos Magalhães.

Foi no comando de Ulisses na Assembleia Constituinte que se formou o 'Centrão' (junção fisiológica do MDB com a ARENA), a grande maioria parlamentar garantidora da 'estabilidade política'.

 Assim se construiu o PMDB de hoje ( e seus similares menores), esta federação de caciques que faz o papel de garantidor da 'governabilidade' em qualquer governo, se alimentando de cargos públicos que permitem reproduzir os acordos políticos que sustentam todo o esquema e a sobrevivência política de suas lideranças.

Será dentro dessa estrutura política, através do mesmo modus operandi, que irão caminhar as duas grandes agremiações políticas que acabaram polarizando a disputa na "Nova República': o PSDB e o PT.

A diferença entre o PSDB e o PT é que o primeiro é aliado dos barões da mídia, dos interesses do empresariado paulista e das aves de rapina do capitalismo internacional, enquanto o PT tem uma visão mais nacionalista e desenvolvimentista, forçado sempre pela pressão de sua enorme base social.

O PSDB e seus aliados da Casa Grande são os grandes inimigos da Constituição de 1988. Sonham com o parlamentarismo (para chegarem ao poder central mais facilmente) e com o desmonte dos preceitos econômicos e sociais contidos na Constituição. Fizeram isso enquanto governo, acabando com os monopólios da comunicação e do petróleo e investindo contra os direitos dos trabalhadores.

Mas a 'Nova República' começa a ruir com a chegada do PT ao poder.

Mesmo não realizando nenhuma reforma profunda, tendo se aliado ao PMDB de sempre, ao esquema do financiamento empresarial e tomando uma postura conciliadora com os barões da mídia, o PT no poder colocou a 'Nova República' em xeque.

Sob pressão da sua base social, os governos petistas não só incluíram milhões na sociedade de consumo, como construíram uma grande ameaça para a Casa Grande, a ameaça de construir no país um sistema de democracia direta insuportável para a elite plutocrata.

Isso, somado à mudança de paradigma legal no Pré-Sal e às quatro vitórias seguidas para Presidente, fez acender a luz vermelha na Casa Grande: era preciso ruir com a 'Nova República'.

O 'Acordo de Curitiba' é exatamente isso. Jogar o velho jogo da negação da política para colher um objetivo estratégico: apear os inimigos do governo central sem precisar do voto.

A parceria da mídia com setores dissidentes da Justiça e da PF trazem para o Brasil a tática da operação mãos limpas italiana: prender, chantagear, amedrontar, vazar na 'imprensa' e obter 'delação'.

Transformar a política em algo sujo, inútil, difundir um clima de histeria e hipocrisia com relação à corrupção. Desconstruir adversários e construir heróis substitutos.

Acontece que este jogo perigoso ameaça o próprio país.

A principal figura da esquerda brasileira e das massas, Lula, e seu partido são meticulosamente cercados e desconstruídos, mas seu adversário maior, o PSDB, não consegue se viabilizar como solução, não vira herói, pelo contrário, a relação podre e promíscua entre política e empresários acaba por pegar todo mundo.

Isso e o desmanche do PMDB, afogado em fisiologismo, representa a 'Nova República' inteira se esvaindo.

A figura da Presidenta Dilma, por sua postura moral inatacável, poderia despontar como a liderança da construção de um novo pacto nacional. Mas, infelizmente, ela não está à altura da tarefa, parece não compreender o momento ou não ter condições para tanto.

Escrever um artigo de ano novo na Folha de São Paulo e colocar a reforma da previdência como objetivo maior do governo após tudo o que ela passou e com o seu mandato salvo a partir da mobilização da Frente Brasil Popular e de intelectuais e artistas representa a pá de cal nas esperanças de ela vir a ser o pilar da reconstrução.

O futuro é incerto. A vitória da criminalização da política e a dissolução da 'Nova República' abre espaços para aventuras sinistras. A capacidade de cooptação dos tentáculos da Casa Grande colocam o Brasil e o povo brasileiro sob risco de um retrocesso político histórico.

Nas várias das crises que o país já passou, o movimento popular ora teve um papel destacado, ora um papel secundário. Esse é o momento de ter um papel destacado. É na unidade do movimento popular que está a melhor arma de enfrentamento e o PT precisa entender isso com urgência!

Um novo pacto político nacional é necessário, em bases novas, com o empoderamento popular como pilastra central. Sem isso, o futuro do Brasil vai estar entregue mais uma vez nas mãos de seus maiores inimigos.

Ricardo Jimenez

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

2016 vai começar: céu carregado sobre a soberania nacional e a classe trabalhadora!


O ano político de 2016 vai começar e as dificuldades para a soberania nacional e a classe trabalhadora permanecerão.

A Lava Jato e seus acordos midiáticos continuarão sua saga seletiva: denúncia contra petista ou peemedebista (para ferir o governo) dá manchete, denúncia contra tucano, silêncio. Nesses últimos dias houve mais uma delação contra Aécio Neves e o PSDB, e hoje (11/01/16) sai a delação de Cerveró dizendo ter existido uma propina de 100 milhões para o governo FHC em 2002 na compra de uma refinaria argentina.

Mas a parceria Lava Jato-mídia prefere atacar o Ministro Jaques Vágner, logicamente mostrando as reais intenções do acordo de Curitiba (que tem força inclusive para emparedar o ministro da Justiça): destruir o governo petista.

Ninguém sabe o que poderá vir deste verdadeiro show de horrores montado à revelia da legalidade democrática, mas uma certeza há: a soberania nacional e a classe trabalhadora seguirão sendo ameaçadas.

O TCU, outro braço de apoio do conluio golpista, vai buscar fazer queda-de-braço com o governo em torno da lei dos acordos de leniência, que permitirão o prosseguimento dos contratos firmados pelas construtoras principalmente no setor petrolífero. O desemprego e a paralisação causados nessa área são criminosos e apontam claramente o pré-sal como um alvo do golpismo anti-nacional.

Para o golpismo, é preciso a todo custo destruir as bases do pré-sal e, assim, destruir as bases de um dos pontos centrais da reconstrução da indústria nacional brasileira. E a pressa se justifica, porque os preços baixos do petróleo não durarão muito mais tempo e quando o preço se recompuser, o pré-sal vai bombar.

Eduardo Cunha será derrubado no STF, mas a qual custo? Deixá-lo no comando da Câmara neste recesso foi bem mais que irresponsabilidade da Justiça, foi resultado de cálculo político. O que será oferecido em troca da cabeça de Cunha? O impeachment? Não sei, mas coisa boa não vem por aí.

Eduardo Cunha é o símbolo maior de um sistema político tornado podre a partir do financiamento empresarial. A pústula foi vazada pelo STF com a proibição das doações empresariais, mas o pus ainda não saiu todo. Junto ao PMDB, representante maior do fisiologismo, gravita todo mundo, do PT ao PSDB, e isso envolve muitos interesses.

E a Presidenta Dilma? Bem, depois de um 2015 terrível e um fim de ano mais tranquilo por causa da mobilização da Frente Brasil Popular em defesa do seu mandato, ela vem com a Reforma da Previdência! O PT venceu quatro eleições seguidas com uma agenda social e nacionalista, a parte progressista da sociedade clama por mudanças na economia, sua honra pessoal inatacável se coloca como uma ferramenta fundamental de recuperação do apoio popular e ela vem e dá um aceno gigantesco ao mercado? Das duas, uma: ou Dilma está regendo a bandinha do Titanic ou é uma mulher que gosta de viver perigosamente.

As eleições deste ano trazem um risco e uma incógnita. O risco é de o avanço conservador visto na composição da Câmara dos Deputados avançar pelos municípios, com o enfraquecimento dos partidos de esquerda, principalmente o PT. A incógnita será o desenrolar da campanha sem a grana empresarial. Se a direita avançar nos municípios, a ameaça sobre os direitos sociais e trabalhistas se agigantará.

Já neste mês de fevereiro a Frente Brasil Popular voltará a se mobilizar num grande ato em Brasília em defesa dos trabalhadores, contra o golpismo e por mudanças na política econômica. Não resta outra alternativa: unidade e luta. E será fundamental a unidade dos movimentos populares no nível municipal, criando uma pauta conjunta de defesa de políticas públicas que apontem para avanços sociais e contra retrocessos. As bandeiras unificadas dos movimentos populares servirão de pauta de debate com candidaturas progressistas, única forma de buscar ampliar o diálogo na sociedade e combater a direita nessa seara atual.

Ricardo Jimenez

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