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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Atriz Shirley Viana divide conosco seu lindo texto sobre Norma Bengell!

Para Norma Bengell...  (artigo compartilhado do blog shirley-pequenina.blogspot.com.br)


Eu e essa velha mania de ler tudo que posso e quero.

Quando ganhei o livro da autobiografia dessa incrível mulher e atriz Norma Bengell, estava em um período de muito trabalho.

Na condição de ser atriz e amar o que faço, estava com 4 peças para decorar, ou seja, 4 personagens para construir.

Quando estreei todos os espetáculos logo veio a calmaria.

E, então, voltei a minha velha mania de ler livros.

Meu lindo namorado me deu de presente esse livro e disse: "leia, você vai gostar."

Muito mais do que gostar, fiquei encantada e virei fã dessa grande mulher e atriz.

Norma Bengell era uma mulher à frente do seu tempo. 

Desde criança quando morou em um colégio interno sempre se demonstrou uma revolucionária que ninguém conseguia calar.

Personalidade forte, menina e depois mulher de opinião.

Norma iniciou sua carreira artística como manequim na Casa Canadá.

Logo depois foi para o teatro de revista, onde ouviu a seguinte frase de Carmen Miranda: "dessa turma toda, você é quem vai ser uma grande estrela."

Cumpriu-se a profecia de Carmen Miranda.

Norma não foi só uma estrela nacional do cinema, mas também internacional.
Foi ela a primeira mulher a protagonizar nas telas do cinema brasileiro o primeiro nu frontal. O que na época foi um escândalo.

O que mais me fez mergulhar em sua autobiografia foi a mulher corajosa que lutou não só por sua condição de mulher como também por uma sociedade mais justa.

Viveu vários amores e nunca se privou de atender os seus desejos e anseios. 

Uma mulher libertária.

Despida de corpo e alma nunca se calou e, como todas as mulheres que se posicionam, sofreu muito preconceito da sociedade.

Lutou bravamente contra a ditadura militar, usando sua arte para denunciar os abusos, violências e injustiças cometidas pelos militares.

Viu amigos serem torturados e mortos pela ditadura.

Participou da passeata dos cem mil.

Foi presa e exilada.

Amiga de Jango, ela descreve sua relação com o ex-presidente e conta da esperança que ele tinha de voltar ao Brasil quando os dois estavam exilados na França.

Norma conheceu Simone de Beavoir e pediu ajuda para libertar Inês Etienne Romeu a única presa política condenada à prisão perpétua no Brasil, torturada e violentada dia e noite na famosa Casa da Morte.

O exílio para Norma no começo foi muito doloroso e um recomeço, mas ela foi uma fênix e conseguiu fazer um grande sucesso no cinema francês.

Voltou para o Brasil uma nova mulher.

Na sua volta sofreu mais uma vez a perseguição.

Na praia, foi agredida por um grupo de rapazes que jogaram copos com areia, molho de tomate e junto com sua grande amiga Sandra foi xingada de puta, lésbica, macumbeira e comunista.

Eles gritavam em peso 'fora do meu país', mas Norma os encarou e não se deixou abalar.

Continuou fazendo teatro e cinema.

Teve uma briga com Daniel Filho, pois iria fazer a antagonista da novela Dancin Days e a TV Globo recusou em colocá-la nos créditos principais já que era a antagonista e sua personagem ficou com Joana Fomm.

Teve que enfrentar mais uma vez a maldade da imprensa que a perseguia.

Norma decidiu produzir os seus filmes e dirigi-los como Eternamente Pagú e O Guarani.
O Guarani foi quase o golpe de misericórdia de sua carreira. Já que a Revista Veja fez questão de espalhar que Norma tinha ficado com o dinheiro que o governo havia lhe dado para fazer o filme.

Ela cita no livro sua consciência tranquila em relação a esse assunto.

Norma Bengell terminou a sua vida em uma cadeira de rodas e cheia de dívidas.
Mesmo assim recebeu uma homenagem no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 2011. Entrou no palco devagar, na cadeira de rodas, e foi aplaudida de pé pela platéia. Essa foi uma das partes do livro que mais me arrepiou.

Ela viveu muito, amou muito, mas teve dois grandes amores Gabriele Tinti (ator italiano) e Gilda Grillo.

Muito mais do que uma atriz, Norma foi uma dessas grandes mulheres que desafiou o tempo, a sociedade e lutou até o fim pelas injustiças do mundo.

Porque o que ela queria ela conseguiu, que era não morrer muda.

A maneira como Norma morreu: só, abandonada, pois todos sumiram, me tocou muito.

Pois doeu saber que uma mulher incrível como ela tenha tido somente 15 pessoas em seu enterro.

Mas, como foi citado no posfácio de seu livro. A nós, só resta aplaudir.


"Durante a minha vida, me acusaram de ser muitas coisas: Puta, comunista, sapatão, sapatilha. Mas nunca poderão me acusar de uma coisa: De que fui covarde." (Norma Bengell)

 Shirley Viana é atriz, professora de teatro e colabora com o blog O Calçadão

domingo, 29 de novembro de 2015

Aspone do PSDB afirma que Dom Odílo assessora Alckmin na opressão aos estudantes! Ouça vídeo dos Jornalistas Livres


Aspone do PSDB chamado Fernando Padula realizou hoje de manhã em São Paulo reunião com 40 dirigentes de ensino para tratar do contra-ataque governista contra os 'perigosos' estudantes que ocupam escolas contra o projeto de fechamento proposto pelo governo.

A gravação realizada pelos Jornalistas Livres traz tudo o que sempre imaginamos sobre o governo tucano: truculência e completa aversão ao diálogo social. Mas traz coisas muito interessantes.

Em certa altura da reunião o aspone afirma que a Secretaria de Segurança está vigiando membros da Apeoesp para tentar 'desqualificar' o movimento. E aí a novidade inesperada: partiu de Dom Odilo Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo, a análise de 'conjuntura' mais brilhante de todas, segundo o tucanato paulista. Disse o bispo, segundo o aspone, que o movimento tocado pelos estudantes é 'um jogo político para desviar o foco do impeachment da Dilma'.

Valha-me, zeus!

E o aspone afirma mais, que o bispo teria aconselhado o tucanato nas ações táticas contra o movimento!

Inacreditável só para quem não conhece o tal bispo, o candidato da Globo que perdeu para Francisco.

Mais à frente o aspone, que se referiu ao processo enfrentado pela Secretaria da Educação como um 'estado de guerra', apresenta para as dirigentes um certo militante de um movimento chamado Ação Popular, os tais 'jovens do PSDB', que terão o papel de se infiltrarem no movimento estudantil para miná-lo.

Enfim, deixo mais uma vez a opinião de O Calçadão de que é em São Paulo que se gesta a maior ação de ofensiva neoliberal desde de os anos 90 e que tem na educação pública seu alvo principal. A intenção é transformar a educação do trabalhador numa ong dirigida por grandes conglomerados financistas, como já caminha a saúde paulista.

Contra isso só a luta, a comunicação e a conscientização!

Deixo aqui o link da página dos jornalistas livres com a gravação do áudio da reunião. Confira!

Ricardo Jimenez

O que é melhor para Ribeirão: ampliar o Leite Lopes ou um Instituto Federal de Educação?


Certamente a instalação de um campus de Instituto Federal de Educação Técnica e Tecnológica em Ribeirão Preto não teria um movimento de oposição, como existe e de maneira contundente contra a internacionalização do aeroporto Leite Lopes.

Resolvi fazer a comparação porque tanto um quanto outro assunto perpassaram os mandatos da atual Prefeita, sem solução para nenhum deles, mas com um esforço final de mandato muito mais intenso para a questão do aeroporto do que para a escola federal, que jaz esquecida há algum tempo.

A ampliação do Leite Lopes e a vinda de um Instituto Federal são assuntos que unem as questões de futuro com as questões de momento, duas coisas que podem ser muito importantes para a eleição do ano que vem e para o debate em torno da cidade que queremos.

Qual deles apresenta um futuro melhor? O aeroporto ou o Instituto Federal? Em qual dos dois assuntos uma administração em fim de mandato deveria se empenhar?

O imediatismo e a conveniência eleitoral respondem: o aeroporto. Não à toa, nos últimos dias a Prefeitura tem colocado todas as suas fichas no projeto ampliação do Leite Lopes. Uma comissão de vereadores governistas acompanhou Dárcy Vera até Brasília para participar de uma audiência pública junto com o Ministro da Aviação civil e nossos conhecidos Baleia Rossi (Presidente da comissão) e Nogueirinha (deputado licenciado no cargo de Secretário Estadual de Transportes).

O motivo é bem simples: o tema Leite Lopes tem potencial de votos para um eleitorado pouco informado e acostumado a engolir fácil as falácias em época de eleição. Com o tema desemprego de volta ao cenário, voltam as velhas promessas: "a ampliação do Leite Lopes vai gerar 7 mil empregos diretos", disse outro dia um desses vereadores governistas. Preparem-se, vem mais por aí.

O tema Leite Lopes envolve a pequena política local e os interesses de setores empresariais. Nos dias de hoje, sempre que uma administração pública se empenha tanto para algo ligado a interesses empresariais, cuidado. O tema 'emprego' é apenas um gancho apelativo para esconder a intenção real.

Algumas perguntas para quem quiser responder (talvez meu amigo Marcos Sérgio possa responder algumas): para se gerar os prometidos 7 mil empregos com a ampliação, quantas mil pessoas serão removidas de suas casas? Esses empregos serão destinados para essa população que hoje vive no entorno? Por que os movimentos de oposição ao projeto não são consultados ou ouvidos?

Já a vinda de um campus do Instituto Federal é um assunto que joga luz no futuro, mas não dá voto imediato. Para ele eu só conheço o empenho do vereador Jorge parada, que inclusive teve reuniões no MEC. Mas por que isso não prosperou? Será que para esse assunto a pressão 'empresarial' não fez tremer a cadeira da Prefeita?

São mais de 400 campi de Institutos Federais espalhados pelo país, nos mais profundos rincões. Eu conheço alguns e muitas cidades brasileiras hoje planejam seu futuro em parceria com os Institutos e seus cursos de tecnologia voltados para as aptidões locais.

São cursos superiores, médios e de formação profissional destinados para jovens e adultos. Enquanto a ampliação do aeroporto vai remover pessoas sem solucionar os problemas sociais graves da cidade, o Instituto Federal atrai pessoas para a cidade, cria caminhos de desenvolvimento com inclusão social.

Esse é o debate político que O Calçadão quer fazer. Que legitimidade política tem essa turma que tenta fazer a toque de caixa a ampliação do Leite Lopes sem que de fato haja um debate amplo? Que interesses há por trás disso? A maior consulta popular é o voto e este assunto deve ser tema de debate ano que vem, com posicionamentos claros dos candidatos. A Prefeitura atual deveria entender isso.

Por que ao invés de pensarmos em educação e caminhos futuros, a gente gasta tempo e energia tentando fazer um remendo num aeroporto para que aviões de grande porte passem a 50 metros da cabeça das pessoas?

A resposta é, de novo, simples: em Ribeirão Preto falta participação popular efetiva e quem decide os destinos da cidade é o poder econômico. É só dar uma volta pela nossa Ribeirão e constatar com os próprios olhos no que o poder do capital nos transformou nesses últimos 20 anos: numa cidade excludente, sem planejamento coletivo e sem rumo.

Acabou a época onde o cidadão engolia fácil tudo o que lia na imprensa oficial ou acreditava na fala de políticos profissionais. É chegada a hora de fazer por si mesmo, buscar informações e descobrir que o futuro de Ribeirão está em alterar o seu caminho e analisar o presente com olhos para o futuro.

Ricardo Jimenez

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Visitamos a escola Bruno Pieroni ocupada em Sertãozinho

Fotos: Roberto Tofoli

A Escola Estadual Bruno Pieroni, localizada em bairro de classe média, existe há mais de 60 anos em Sertãozinho/SP. Sempre foi e é considerada até hoje uma escola de excelência, como me informa orgulhosa uma das alunas que a ocupam desde o dia 23 de novembro: "Aqui estudam os melhores alunos, todo mundo quer vir pra cá".
A ocupação foi decidida em assembleia entre os alunos quando se ficou sabendo que na lista da 'reorganização' divulgada pela Diretoria de Ensino constava o fechamento da Bruno Pieroni.

São, até a última contagem feita pela Apeoesp, 213 escolas ocupadas em todo o Estado. Em quase todas elas há o importante envolvimento da comunidade local e dos professores, como me informam os Conselheiros Estaduais da Apeoesp Fábio Sardinha e Roberto Tofoli, presentes no local durante o dia para apoiar o movimento e para garantir a integridade e segurança dos jovens.
Segundo Sardinha, "ontem foi um dia tenso porque um Procurador Estadual esteve no local com três viaturas da polícia buscando negociar uma saída para o impasse. A presença da Apeoesp e dos professores é fundamental nesse momento de negociação, mas é preciso entender que esta é uma decisão dos alunos e da comunidade". O Procurador disse que a reintegração será inevitável, mas a ocupação permanece.

Segundo o professor Gustavo e as lideranças estudantis, houve uma reunião com o Prefeito municipal sobre a questão do fechamento da escola. Segundo informações, o Prefeito pediu que os alunos recolhessem pelo menos 5 mil assinaturas num abaixo-assinado para o mesmo levar à uma reunião com o Secretário da Educação. A reunião já foi realizada em São Paulo mas até agora não houve retorno do Prefeito.

O conselheiro Roberto Tofoli informou ao blog que há uma forte pressão por parte da diretoria de Ensino (localizada ao lado da escola) e que há promessas vagas de que o prédio será transformado em uma escola técnica e que os alunos serão transferidos para uma nova escola que está sendo construída no bairro Santa Marta. Mas os alunos recusam esta opção: "eles desejam permanecer aqui, na escola deles", me disse Roberta Poltronieri, da UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas), entidade estudantil que acompanha as ocupações no Estado todo e que se coloca frontalmente contra o fechamento de escolas por parte do governo estadual.

O Calçadão - Opinião

O blog O Calçadão se coloca totalmente na defesa dos jovens que ocupam as escolas no Estado todo. É inadmissível o fechamento de escolas e a única solução para lidar com um governo intolerante é a luta.

Já dissemos aqui que o posicionamento dos estudantes de São Paulo é um exemplo para todos nós. Eles levantam a bandeira da educação pública, fundamental para o futuro dos jovens filhos de trabalhadores e do Brasil.

Claro que há o enfrentamento de uma realidade adversa. O avanço conservador é real. Em Sertãozinho giram boatos de que os alunos estariam vandalizando as escolas. Mentira. O Calçadão viu uma escola organizada e os alunos preocupados em apenas lutar pelos seus direitos. Há assembleias diárias, aulas, palestras e eventos culturais. Seria importante a adesão total dos professores e da comunidade.



Há boatos espalhados por desinformados, dizendo que o 'MST' estaria na escola, como se isso fose algo ruim (bom, na cabeça de conservador mal informado talvez). Teve até um vereador do PSDB espalhando isso na cidade. Certamente confundindo com o MTST, que realmente participa de algumas ocupações na cidade de São Paulo.

Enfim, que essa moçada siga em frente e envolva mais pessoas. Que a ocupação das escolas faça o governo voltar atrás na sua decisão esdrúxula, que só cabe dentro de um governo neoliberal que deseja transformar a educação pública em algo terceirizado, destruindo uma construção coletiva de décadas e indo de encontro com o desejo nacional manifesto nas últimas Conferências Nacionais da Educação.

Que os professores participem mais, que eles possam comparecer nessas escolas e as façam funcionar junto com os alunos e comunidade, dando um exemplo digno para a sociedade. Os professores são, junto com seus alunos, as maiores vítimas desse governo.

Obrigado, meninos, a educação pública agradece a sua luta.

Ricardo Jimenez

Áudio de Delcídio revela: investigar a Petrobrás desde FHC é obrigação!

O site Tijolaço, do excelente Fernando Brito, traz uma análise real e bombástica do novo trecho do áudio que levou o ex-tucano e senador petista para a prisão. Delcídio foi diretor de gás e energia da Petrobrás no período FHC e suas relações com Nestor Cerveró se dão desde lá, inclusive com suspeitas de propina já naquele período.

André Esteves, banqueiro do Banco Pactual, tem relações muito próximas com tucanos, é sócio de tucanos.

Ora, não é a primeira vez que as investigações na Petrobrás encontram ligações com o período anterior a 2003. No mesmo áudio, Delcídio faz a revelação de que Fernando Baiano poderia ter um 'chefe' e este 'chefe' tem ligações com um figurão tucano de bico grande e penas longas, o mesmo tucanão que quer porque quer entregar o pré-sal para as multinacionais.

É chegado o momento de se passar realmente toda a história da corrupção da Petrobrás à limpo. Para isso uma grave distorção deve ser corrigida: a de se investigar o período FHC.

O debate sobre o futuro da Petrobrás poderá até ser feito mais para a frente. É legítimo que se discutam as propostas referentes a ela, mesmo que seja a de privatizar, como defendem os liberais. Também os nacionalistas devem propor argumentos para se manter a empresa sob controle estatal e ver a melhor forma republicana de gerir os imensos ativos dos poços do pré-sal.

Mas este debate deve ser feito por gente limpa e não por canalhas que atentaram contra a empresa.

Para isso, para afastar de vez os canalhas, que se investigue tudo!

Ricardo Jimenez

Petrobrás, seus heróis e seus canalhas...


Meu texto de hoje é para falar de política e para falar do Brasil. Portanto, não vejo outro exemplo melhor na nossa história nacional para simbolizar esses temas do que a nossa maior empresa.

A Petrobrás representa a dor e a delícia da nossa política. Criada em outubro de 1953 por Getúlio Vargas, a Petrobrás imediatamente despertou sonhos e ódios. Já um ano depois, em outubro de 1954, provocou um tiro no peito de seu criador, num gesto que naquele momento impediu um golpe militar que só viria 10 anos depois.

Vargas é o seu primeiro herói. Muitos outros vieram nesses anos todos, heróis engenheiros, petroleiros, mergulhadores, ou seja, são heróis aqueles que pegaram a criação de Vargas e a transformaram na maior petrolífera do mundo em exploração de petróleo em água profundas. É tecnologia brasileira, é ciência brasileira, é orgulho nacional.

Outro herói é Lula. E aí, leitores, é uma questão pessoal deste que escreve. Eu não acredito que Lula teve má intenção para com a Petrobrás. Acredito que Lula tinha pela empresa uma visão estratégica, nacionalista. Nos seus dois mandatos Lula demonstrou amor pela empresa, aprendeu a reconhecer o seu valor histórico e de futuro para um país como o Brasil. A recuperação da indústria naval e a nacionalização do pré-sal através do regime de partilha são de fato uma segunda refundação da Petrobrás.

Porém, a Petrobrás não teve apenas heróis. A empresa teve o impacto de muitos canalhas. Canalhas que discordavam de sua criação, que foi um tapa na cara dos interesses do império. Canalhas da mídia monopolizada criada na ditadura que até hoje destilam o seu ódio contra a empresa, não por causa da empresa em si, mas por ela ser ainda uma empresa estatal e ser símbolo de nacionalismo no imaginário popular.

A Petrobrás teve canalhas nos anos 90, quando o neoliberalismo a fatiou, a empobreceu e tentou mudar o seu nome para Petrobrax, buscando vendê-la mais facilmente. Foi ali nos anos 90 que muitos dos esquemas de corrupção dos quais se locupletam os canalhas de hoje se formaram.

A prisão de ontem do senador petista Delcídio Amaral e a gravação do áudio que o levou para a cadeia faz qualquer nacionalista embrulhar o estômago. A forma grotesca com que dialogam sobre um tema que envolve o maior patrimônio nacional nos fazem pensar: e se pudéssemos ouvir tudo, ouvir outras conversas sobre a Petrobrás, seriam no mesmo nível de indiferença e falta de amor ao país?

Acredito que sim.

Levantar no dia de hoje e escrever um artigo ou fazer qualquer outra coisa relacionada com política não é fácil. O áudio de Delcídio nos faz fechar um ciclo e entender o porquê dele apoiar o projeto de Serra de entregar os pré-sal para as multinacionais, nos faz perguntarmos por que alguém vindo do PSDB chega à liderança do governo e permanece lá mesmo após defender um projeto contra o pré-sal?

Delcídio representa os canalhas de primeiro e segundo escalão que, assim como a mídia tradicional e a plutocracia, odeiam o Brasil e o seu povo.

Mas não se pode desistir. É preciso buscar compreender o momento e retomar o rumo. Manter as bandeiras e a luta é a melhor forma de resistir. A Petrobrás é maior do que tudo isso. Temos uma gigantesca reserva de petróleo que precisa ser revertida em educação, saúde e novas tecnologias. Temos um país a construir e avanços sociais a defender do retrocesso.

Contra a perigosíssima seletividade da Lava Jato e seu viés claramente contra a Petrobrás, há o STF. O mesmo STF que garantiu a legalidade ao interromper o golpe paraguaio dos tucanos com Cunha e que proibiu o financiamento empresarial. É preciso lutar para que mantenha a lei de direito de resposta do senador Requião.

Contra o avanço da direita há a mobilização dos movimentos populares, como a das mulheres e a dos estudantes em São Paulo.

É preciso enfrentar a política de frente e confiar que essa bagunça toda pode ser depurativa. É hora dos nacionalistas que fazem política com 'P' maiúsculo encarem com firmeza os canalhas da política rasteira, existentes aos montes dentro dos partidos, incluindo o PT, e retomarem as rédeas.

São nos momentos mais difíceis que surgem os heróis, pois os canalhas só agem nas sombras.

Ricardo Jimenez

INVESTIMENTO DO GOVERNO FEDERAL EM RIBEIRÃO PRETO



A partir de agora, nós do O Calçadão, vamos divulgar os investimentos federais que o município recebe. Esses dados são obtidos do Portal transparência Brasil.

É importante que todos conheçam onde e quanto ($$$) é investido em nossa cidade. Desse modo, podemos fiscalizar a ações e as propostas de nossos vereadores e do poder executivo.

Os dados dos convênios aqui relacionados foram extraídos do SIAFI, no dia 22/11/2015. Caso deseje saber o total liberado, consulte o detalhamento do convênio no Portal da Transparência


Os convênios do município de RIBEIRÃO PRETO/SP que receberam seu último repasse no período de 16/11/2015 a 22/11/2015 estão relacionados abaixo:



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Número Convênio: 789329
Objeto: Reforma, Adequação de Praças e Calcadas no município de Ribeirão Preto.
Órgão Superior: MINISTÉRIO DAS CIDADES
Convenente: MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO
Valor Total: R$ 394.200,00
Data da Última Liberação: 20/11/2015 
Valor da Última Liberação: R$ 118.260,00



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Número Convênio: 685098
Objeto: CONCESSÃO DE APOIO FINANCEIRO PARA COPRODUÇÃO BRASIL - ARGENTINA. EDITAL Nº 02/2015. PROCESSO: 01580.049379/2015-20. PROJETO: A VOZ DO SILENCIO.
Órgão Superior: MINISTÉRIO DA CULTURA 
Valor Total: R$ 132.500,00
Data da Última Liberação:17/11/2015 
Valor da Última Liberação:R$ 132.500,00



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Número Convênio: 817224
Objeto:Fomentar o planejamento e execução da politica institucional de pós-graduação, fomentar as atividades acadêmicas e de pesquisa e apoiar a formação de recursos humanos mediante a titulação de mestres e doutores e o estímulo ao estagio pós-doutorado.
Órgão Superior: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Convenente: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Valor Total: R$ 2.135.770,00
Data da Última Liberação:16/11/2015
Valor da Última Liberação: R$ 691.442,50




Vamos fiscalizar, pois dinheiro público é nosso dinheiro, e se é nosso tem que ser investido em benefício da sociedade.

Fabio Soma - Filósofo e Pedagogo.



quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e entidades feministas lançam a campanha: 16 dias de ativismo!


Foi lançada hoje em reunião ocorrida no Salão Nobre do Palácio Rio Branco a campanha de 16 dias de ativismo pelos direitos das mulheres e contra a violência. O projeto é uma parceria que reúne o conselho Municipal dos direitos das Mulheres e entidades como a Ong Casa da Mulher, a União Brasileira de Mulheres, o Sindicato dos Servidores, OAB, Unaerp e outras entidades ligadas à luta das mulheres.

Já no sábado, dia 21, a Ong Casa da Mulher promoveu uma mobilização junto à comunidade Margarida Alves, na Sete Curvas, no Ipiranga. Lá estiveram Marisa Honório, Ádria Bezerra, Regina Brito e outras companheiras, atuando principalmente junto às crianças.

A mobilização vem na esteira vitoriosa da luta feminina contra a violência sofrida pela mulher na sociedade e dentro de suas próprias casas. Ultimamente tivemos a marcha das mulheres contra Cunha, envolvendo muita juventude, em defesa dos direitos em saúde pública e dignidade feminina contra o retrocesso proposto pelo deputado e pelo fundamentalismo hipócrita, e a marcha das mulheres negras, fundamental mobilização para a luta daquelas que são mais atingidas pela violência.

Em Ribeirão Preto, a agenda vai ser rica. Segundo o que nos foi informado por nossas amigas Marisa Honório e Débora Alessandra, presentes hoje na reunião no Palácio Rio Branco.

Dia 15: Palestra na UNAERP, às 19h - Formas de Empoderamento Feminino e combate à violência

Dia 30: Palestra no Salão Nobre do Palácio Rio Branco, 19h

Dia 2: Rodada de Debates no Sindicato dos Servidores

Dia 4: Encontro de |Mulheres no Centro Cultural Palace, 9 horas da manhã

Dia 5: Panfletagem e conversa com a população na Esplanada do Pedro II (parte da manhã)

Dia 6: Mobilização na ciclofaixa e panfletagem em frente ao Parque Curupira (parte da manhã)

Dia 9: Palestra sobre o Tráfico de Mulheres no Centro Cultural Palace, 19h.

A Campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as Mulheres é uma mobilização anual, Campanha se inicia em 25 de novembro, dia internacional da NÃO violência contra a mulher. No Brasil, a campanha acontece desde 2003. Precisamos cada vez mais avançar para construir políticas públicas que garantam melhores condições e maior igualdade para as Mulheres brasileira. Falta discussão e debates sobre direitos e segurança da Mulher. A mulher sofre discriminação em todos os lugares, trabalho, política, em casa.E a desigualdade é responsável da violência

O blog O Calçadão esteve e sempre estará presente em todas as lutas do movimento feminista. Parabéns às mulheres de luta de Ribeirão Preto.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Mestre Rilton recomenda texto do Sakamoto: Educação é o caminho!

Um governo que ataca alunos e professores não fez a lição de casa


Ritinha passava a madrugada encadernando sacos de papel de pão e apontando lascas de carvão, que servirão de lápis, para seus alunos da manhã seguinte. Ela sozinha dá aula para 176 pessoas de uma vez só, do primeiro ao nono ano, e perdeu peso porque passa seu almoço para um dos estudantes mais necessitados. Ela usa ripas de madeira de demolição, potes de azeitona usados, pregadores de roupa e, claro, cordas de sisal para dar aulas de química ao ensino médio. Ritinha, deu um depoimento emocionante para a TV, dia desses, dizendo que, apesar da parca luz de candeeiro de óleo de rato estar acabando com sua visão, ela romperá quantas madrugadas for necessário porque acredita que cada um deve fazer sua parte.
Já Joãozinho comia biscoitos de esterco com insetos, paezinhos de lama seca e vendia ossos de zebu para sobreviver. Mas não ficou esperando o Estado, nem seus professores lhe ajudarem e, por conta, própria, lutou, lutou, lutou, andando 73,5 quilômetros todos os dias para pegar o ônibus da escola e usando folhas de bananeira como caderno. Hoje, é diretor de uma multinacional.
Ritinha e Joãozinho são velhos personagens fictícios deste blog (não precisaria explicar, mas a educação anda mal por aqui) e simbolizam a construção de um discurso que joga nas costas do professor e do estudante a responsabilidade pelo sucesso ou o fracasso das políticas públicas de educação. Aquele aquele papinho mandrake, mas vazio, de que os alunos podem conseguir vencer, com esforço individual e apesar de toda adversidade, “ser alguém na vida”. A exibição constante da história de Joãozinho passa uma mensagem do tipo “se não consegue ser como Joãozinho e vencer por conta própria sem depender de uma escola de qualidade e de um bom professor, você é um verme nojento que merece nosso desprezo”.
Esqueçam o desvio do orçamento da educação para pagamento de juros da dívida, esqueçam a incapacidade administrativa e gerencial, o sucateamento e a falta de apoio para a formação dos profissionais, os salários vergonhosamente pequenos e planos de carreira risíveis, a ausência de infraestrutura, de material didático, de merenda decente, de segurança para se trabalhar. Esqueçam os projetos impostos de cima para baixo que fecham escolas e desfazem comunidades escolares. Esqueçam bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha contra professores que se manifestam.
Ritinha e Joãozinho são alfa e ômega, início e fim, responsáveis por tudo.
Os mesmos que querem um Brasil de Ritinhas e Joãozinhos repetem bobagens como “a pessoa é pobre porque não estudou ou trabalhou''. Acham que basta trabalhar e estudar para ter uma boa vida e que um emprego decente e uma educação de qualidade é alcançável a todos e todas desde o berço. E que todas as pessoas ricas e de posses conquistaram o que têm de forma honesta. Acham que todas as leis foram criadas para garantir Justiça e que só temos um problema de aplicação. Não se perguntam quem fez as leis, o porquê de terem sido feitas ou questiona quem as aplica.
Uma educação de baixa qualidade, insuficiente às características de cada lugar, que passa longe das demandas profissionalizantes e com professores mal tratados pode mudar a vida de um povo?
A verdade é que uma mudança real e profunda na educação no Brasil não será feita por um Estado mínimo apoiado em escolas particulares, sonho de uma parcela da sociedade que pede “Mais Educação'', mas tem orgasmos múltiplos quando vê professores apanharem na rua ao protestarem por melhores condições e alunos serem cercados pela polícia por ocuparem suas próprias escolas.
Mas essa mudança causa calafrio em muita gente que, na dúvida, prefere um país sem futuro do que um futuro que não possam mais controlar.
Artigo blog do Sakamoto

A Internacionalização do Leite Lopes interessa a quem? Você está por dentro do assunto?


Sem muita pomba e circunstâncias, e com muitos assentos vazios, a Prefeita de Ribeirão Preto promoveu uma reunião ontem de manhã (23/11) para buscar envolver 82 cidades da região no projeto de internacionalização do aeroporto Leite Lopes.

Lá estavam os vereadores governistas, secretários municipais e empresários. Só não tinha uma coisa: povo.
Foto: site da Prefeitura Municipal

Nesta altura do campeonato, com todas as transformações políticas que a sociedade vem exigindo, é lamentável que um assunto tão importante acabe passando ao largo da opinião pública e que a existência de um amplo movimento de oposição à esta obra seja ignorado por muitos.


Como sempre, os representantes do poder público buscam formar parcerias com o 'setor empresarial' e propagandeiam mil maravilhas sobre o projeto. Um certo vereador governista publicou nas redes sociais, todo orgulhoso, que havia participado com '82 cidades' (não tinha meia dúzia de pessoas lá dentro da reunião) da formação da 'mobilização da Alta Mogiana' pela internacionalização do Leite Lopes: "7 mil empregos, 300 milhões em impostos", dispara feliz o edil.

Mas, e aí?, pergunta esse modesto blog. Por que nenhuma palavra sobre os problemas sociais daquela região? Por que nenhuma palavra sobre a necessidade de remoção em massa de famílias que lá vivem, inclusive em dezenas de ocupações por moradia?

Será mesmo que uma administração em fim de mandato em parceria com o 'setor empresarial' e com políticos adesistas pode mesmo decidir sobre um assunto tão sério sem um debate que envolva a população?

No movimento que se opõe à esta obra no Leite Lopes há líderes comunitários, advogados e engenheiros com argumentos sólidos para colocar na mesa de debate. Por que eles não foram convidados para a reunião?

Você já se perguntou sobre o que significa um avião de grande porte sobrevoando, abrindo o trem de pouso sobre casas, pousando e decolando dentro dos limites do município? Você já se perguntou quanto custará o processo de remoção das pessoas que lá habitam e como será feito isso? Ou o povo pobre e trabalhador daquela região não tem direito a falar?

O blog O Calçadão vai buscar se aprofundar neste assunto mas, de imediato, temos a opinião de que é muito bem-vindo um aeroporto internacional que traga empregos e divisas, mas não ali no Leite Lopes. Felicitamos a decisão sensata do Ministério Público Federal de recomendar à União que não coloque mais dinheiro no projeto enquanto as questões judiciais que tramitam não forem resolvidas.

E se realmente há uma mobilização de 82 cidades em torno do assunto, ótimo, tem-se mais força e condições de se buscar um local para construir um aeroporto novo que não impacte a vida de trabalhadores e não coloque em risco toda uma cidade.

É preciso entendermos que vivemos em tempos diferentes. Chega de ficarmos de fora dos debates e nos conformarmos com propagandas pró-forma de políticos profissionais com claras intenções eleitorais.

É muito mais prudente que este assunto fique para ser debatido nas eleições do ano que vem, por uma questão de legitimidade. A população tem o dever de exigir o posicionamento dos candidatos vindouros com relação a esse assunto e não confiar nas palavras, com todo respeito, de uma administração incapaz de resolver os problemas do asfalto e que só faz obras com dinheiro federal.

Aqui deixamos como documentos para consulta os manifestos publicados pelas organizações sociais e de moradia que atuam na região do aeroporto. Voltaremos ao assunto em breve.

O Calçadão

Me chamo Marcos Valério Sérgio , sou líder comunitário no entorno do Aeroporto Leite Lopes  desde 1997 e membro do Movimento Pró Novo Aeroporto para a Região de Ribeirão Preto. Tendo em vista o Encontro Regional proposto pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto para pedir apoio político e empresarial na ampliação do aeroporto Leite Lopes , como se essa fosse a única opção, tentando vender a “mercadoria Ribeirão Preto”, é importante ressaltar que a população de nossa cidade é contra e luta pela opção de um aeroporto novo em local adequado e mais seguro que atenda as necessidades presentes e futuras da região Metropolitana de Ribeirão Preto . Que tal aproveitar esta reunião para discutir a sério e sem bairrismos a melhor localização deste novo aeroporto? Apresentamos para vossa avaliação o manifesto abaixo: 
Aeroporto Internacional só pode ser no Leite Lopes?

O problema do aeroporto de Ribeirão Preto tem um viés exclusivamente técnico mas insistem em dar-lhe uma vertente política  para auto promoção de uma administração publica municipal que conseguiu os louros do repúdio popular generalizado.

A teimosia em querer ampliar o aeroporto Leite Lopes data desde 1997.

No EIA RIMA feito em 2005, para sua almejada ampliação, foram estudados sítios alternativos, mas a manipulação de dados através de chutemetria dirigida, apontava o pior local, no caso a área onde se situa o Leite Lopes, como melhor local.

Chantagens são feitas com a população ao anunciarem que se o aeroporto fosse localizado em qualquer outra cidade da região metropolitana de Ribeirão Preto, a cidade perderia em muito com a arrecadação de impostos, que seria vantagem superior à questão do dinamismo econômico da região.

Mentem ao afirmar que a construção de um novo aeroporto demoraria 10 anos. Mas não é verdade, pois 5 anos é tempo suficiente.Mesmo se fosse verdade, o aeroporto novo já teria sido construído.

Com a mesma verba que se dispõem a desperdiçar com o Leite Lopes e com o tempo já desperdiçado com essa insistência em fazer o que não é possível de ser feito, já poderíamos ter um aeroporto novo na região metropolitana de Ribeirão Preto, operando e em condições sócio ambientais adequadas.

Questões sociais, ambientais e sobretudo jurídicas que travam o aeroporto, ainda estão sem solução.  O Leite Lopes ampliado será um novo Congonhas, pois mesmo com sua ampliação, a pista será curta para operar aeronaves cargueiras em área densamente povoada.

O desejo do Movimento Pro Novo Aeroporto é que a região metropolitana construa uma nova  infraestrutura com capacidade futura de atender a demanda de tráfego aéreointernacional.

Onde seria? Onde estudos sérios indiquem como sendo o melhor local.

Congonhas em Ribeirão Não!
Leite Lopes ampliado = maior risco de acidentes eassaltos no mergulhão (túnel sob a Av. Thomas Alberto).

Novo aeroporto em nova área 

Para uma visão mais ampla pode ser consultado o artigo do Professor, Arquiteto e Urbanista Rodrigo Faria


Famílias residentes nos núcleos de favela Nazaré Paulista e João Pessoa correm o risco de serem jogadas na rua à própria sorte!

Os Núcleos de Favela João Pessoa e Nazaré Paulista são ocupações urbanas estabelecidas no entorno do Aeroporto Estadual Dr. Leite Lopes há mais de 25 anos e que hoje se encontram em iminente ameaça de despejo. Com a retomada do projeto de ampliação e internacionalização do Aeroporto, as Comunidades da Av. João Pessoa e Rua Nazaré Paulista, que integram este núcleo, passaram a sofrer ameaças de remoção forçada tanto pelo Poder Público quanto por particulares. Por isso, nos últimos 5 anos as moradoras e moradores desses Núcleos de Favela vêm lutando para garantir seus direitos, especialmente o direito humano à moradia adequada.
Por mais de 30 anos, os supostos proprietários não deram nenhum uso a essa grande área. Os terrenos abandonados eram utilizados para depósito de lixo e desova de corpos, o que além de afetar a saúde pública, também prejudicava as operações de pouso e decolagem de aviões, devido ao intenso fluxo de urubus que havia no local.
Agora, por conta do interesse dos governos municipal, estadual e federal na execução de um megaprojeto de infraestrutura na região, a área passou a ser alvo de especulação de grandes investidores. Tanto o próprio projeto de expansão do Aeroporto Leite Lopes quanto esses interesses econômicos têm desconsiderado o interesse público e vêm desencadeando uma série de violações de direitos fundamentais da população que reside ao entorno do Aeroporto. A prefeitura tem sido recorrente autora de processo de reintegração de posse e remoção de famílias das favelas ao redor do aeroporto e em outros pontos da cidade.
No dia 24 de junho de 2015, as famílias do Núcleo João Pessoa receberam notificação de despejo sobre um processo de reintegração de posse, sem ao menos terem a possibilidade de oferecerem defesa. Mais que isso, quem entrou com a ação de reintegração de posse foram os advogados representantes de poderosos grupos econômicos do setor imobiliário, a imobiliária San Marino e a construtora Stéfani Nogueira, empresas interessadas na valorização das áreas em decorrência do projeto de expansão do Aeroporto. Essas, entretanto, sequer tinham procuração adequada para representar os proprietários.
Além disso, a única propriedade protegida pelo Direito Brasileiro é aquela que atende sua função social, e quem tem garantido isso são as moradoras e moradores do Núcleo João Pessoa, por décadas e com a conivência da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. As ocupações foram sendo estabelecidas, contando, durante anos, com a construção de postos de saúde e escolas, criação de linhas de ônibus na região, e promoção de iluminação pública, coleta de lixo e entrega de correspondência nas comunidades.
Com muita luta dos moradores, que protestaram em frente ao fórum no dia 23 de julho e com a defesa deles no processo pedindo para que a juíza suspendesse a reintegração e enviasse o processo para analise do Grupo de Apoio às Ordens Judiciais de Reintegração de Posse (GAORP) do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – TJSP (grupo do TJSP especializado em conflitos fundiários urbanos que atua em casos em que haja iminência de reintegração de posse), a reintegração de posse foi suspensa e o GAORP foi chamado para atuar no caso. Porém, a luta continua! Estamos esperando que a audiência no GAORP seja marcada, para que assim possamos discutir a questão da melhor forma possível. Mas precisamos de todo apoio possível!


Ribeirão Preto-SP, Brasil, 23 de novembro de 2015.

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Para saber mais informações de como ajudar, entre em contato pela nossa página, informe-se, posicione-se, divulgue a história que querem negar e silenciar!
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