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domingo, 31 de janeiro de 2021

Movimentos Sociais, Sindicatos e Partidos de Esquerda se mobilizam em Ribeirão por Vacinação Já, Fora Bolsonaro! e Volta Auxílio! Emergencial!

 

Cerca de 50 carros participaram da carreata neste domingo (31).
Fotos:Filipe Augusto Peres

Além das pautas nacionais, a atitude negacionista do governo de Duarte Nogueira foi criticada por pelos manifestantes presentes durante a carreata

Neste domingo (31), chamada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo aconteceu a segunda carreata nacional em um período de duas semanas "Fora Bolsonaro!, Vacinação Já! Volta Auxílio Emergencial!". Em Ribeirão Preto, cerca de 50 carros percorreram bairros como Avelino Palma, Simioni, Quintino, Valentina Figueiredo, Geraldo Correia de Carvalho, Jardim Jandaia, José Sampaio, Alexandre Balbo, Heitor Rigon entre outros.

sábado, 30 de janeiro de 2021

 A glutonaria da caserna, o oneroso Centrão, a banalização da morte e a dificuldade dos grupos progressistas em pautar o debate

Comecemos pelo básico: certas críticas circulam mais pelo mimetismo. A chamada “nova direita” usa e abusa da tática e faz circular bem suas ideias. Falta conteúdo, mas uma das características desse grupo é o apelo emotivo. As fissuras do acordo que levou ao poder o atual governo vem se mostrando cada vez mais evidentes. Grupos como o MBL, os dissidentes do PSL e outros agrupamentos da “nova direita” se afastaram, dando um contorno claro: sobraram a extrema-direita, os militares e, enquanto houver grana, o tal Centrão.

Ainda que não haja um consenso de projeto de sociedade para se opor ao governo, a cada dia as críticas saem com mais rapidez e vigor do interior dos grupos progressistas. Um exemplo disso é a tal farra do leite condensado, que energiza nossas Forças Armadas (FFAAs), e do chiclete, que mantém em dia o hálito de nossos combatentes nas mais inóspitas missões, bem como mantém seus ouvidos imunes ao entupimento causado pela pressão em grandes altitudes. Não faltaram críticas, charges, imagens, vídeos e tudo o mais que contribui para a circulação mimética. Ocorre que o alvo da crítica tem know-how na estratégia do apelo puramente emocional. Com isso, apesar do desconforto, a farra das guloseimas contribuiu para desviar o foco de pontos nevrálgicos: a liberação bilionária de emendas para eleger o presidente da Câmara e o fracassado trato da pandemia. Em suma: a crítica circulou com êxito, mas a forma como se deu a narrativa, paradoxalmente, serviu de contenção de danos.

Há uma base governista tão coesa que está pronta para receber e reproduzir quase todas as justificativas e a apresentação de valores descontextualizados serviu como um primoroso “passe” para Jair atacar seus opositores e incendiar sua torcida. Há quatro pontos mais importantes: a primeira – muito simples e também “viralizável” – é trazer à baila incoerências no discurso, o que por certo não convencerá a base coesa, mas fragilizará ainda mais essa base perante os grupos em dúvida, sobretudo aqueles de corte “lavajatista”, que remontam o discurso do moralismo udenista; a segunda é questionar os valores pagos pelo produto, as inconsistência da versão dita em relação ao registrado no Portal da Transparência, que deve desaguar na necessidade de explicar onde está o nó, para isso, é preciso estimular o questionamento no sentido do “follow the Money”; a terceira – um pouco mais profunda –  visa contextualizar o debate dos valores. Vamos por parte.

 1.°) As incoerências no moralismo de goela

Não faz muito tempo que a “nova direita” se escandalizou com a presença de lagosta e vinho na lista de compras do STF. Em 2019, a linha das críticas era a perplexidade em relação à insensibilidade dos magistrados em plena crise econômica. Na ocasião, os ministros do STF, às turras com Jair e sua trupe, eram vilões da “nova direita” e representava, por serem perdulários, tudo o que atrapalhava a recolocação do país nos eixos. Na ocasião, Moro ainda ministro, mantinha na base governista o grupo lavajatista, os neoliberais ainda não estavam suficientemente desolados a ponto de abandonar Jair. Lagosta e vinhos no STF. Um escândalo!

Ora, neste momento em que parte da chamada “nova direita” desembarcou. Qual o sentido de investir tempo naquilo que é “explicável”, por mais estranha que possa parecer a explicação? O que tem que estar em pauta é que, tal como foi recebido com escândalo o banquete do STF, a glutonaria do alto escalão do governo Bolsonaro e da caserna também promovem orgias gastronômicas com o dinheiro do contribuinte. Afinal, o Executivo comprou mais de R$ 6 milhões em frutos do mar e só os militares compraram cerca de R$ 2,5 milhões em vinho. Isso mesmo, exatamente a mesma prática[i]. Meus caros, os mais de R$ 8,5 milhões em vinhos e frutos do mar fazem parecer simplório o polêmico contrato do STF de R$ 481 mil. E, então, de que modo justificar a compra de tais itens como indispensáveis? Num momento de aumento da miséria e do desemprego, nem o vinho e os frutos do mar poderiam ser economizados? A mamata, como se vê, parece longe de acabar!

2.°) Follow the Money para verificar o que vale entre o dito e o escrito

Leite condensado light in natura por R$ 162 e caixa de bombom por R$ 89. Lata de spray de chantilly por R$ 533, R$ 128 mil em paçocas que custaram R$ 5,45 a unidade[ii]. Preços registrados no Portal da Transparência pelo Exército e pela Marinha, respectivamente. Isto é, permanecem questionamentos sobre compras de produtos com preços acima do mercado. Ora, eram o governo federal e os asseclas do Jair quem diziam que governadores e prefeitos iriam se esbaldar nas compras sem licitação no Estado de Calamidade. Jair e Pazuello se vangloriavam por não comprar seringas e agulhas na pandemia dado o aumento de preços no fim de ano.

Mas, apesar dessa retórica moralista compras que demandam investigações ocorreram entre os militares. As FFAAs, apresentadas ao país como a reserva moral, devem explicar cada preço e cada item. Apesar de serem militares, ainda estão submetidos aos marcos legais para o uso do dinheiro público. Outros órgãos estariam na mira do TCU e da CGU. Então, o que se deve esclarecer é: são incompetentes para preencher o Portal da Transparência? Portal este que faz parte de legislação desde 2012. Ou realmente compraram com preço acima do mercado? Se compraram, qual a justificativa legal para o fato?

Por fim, há algo pior. A informação de pagamento no Portal da Transparência diverge da versão dos fornecedores. A padaria de Campo Largo teria recebido entre R$ 25 e 30 mil, no Portal consta pagamentos muito superiores, quase R$ 1 milhão em parcelas de R$ 28 mil[iii].

A empresa do leite condensado, cujo advogado é do mesmo escritório que advoga para a Havan, é de um casal aparentemente simples de Campos[iv], eles alegam que R$ 162 era uma caixa com 27 unidades de leite condensado de 395g, no Portal R$ 162 seria o preço de uma unidade de 395g[v]. Além disso, as empresas dos pais e do filho teriam vendido R$ 37 milhões ao governo, sendo o filho do casal de Campos um militar (ou ex-militar?), pastor, residente em Brasília, cuja empresa teria vendido R$ 25 dos 37 milhões vendidos pela família. Fora os mais de R$ 7 milhões vendido pela esposa do filho, a nora do casal de Campos.[vi]

Talvez, por todas essas questões, o ataque à imprensa no almoço com os cantores sertanejos pode não ter sido mera pirotecnia. Como se diz nas redes, "Galvão, sentiu". Ou seja, se é superficial discutir a utilidade do chiclete e leite condensado na caserna. Parece razoável que o preço dos produtos e a rota do dinheiro sejam investigados e esclarecidos. Mesmo que seja para afirmar a incompetência de gente das FFAAs para digitar informações no Portal da Transparência, o país precisa saber. Quem não deve, não teme.

 4.°) O contexto dos valores totais

Jair concedeu entrevista para o governista "Pingos nos is", Augusto Nunes já publicou no R7 e Caio Coppola já faz sua defesa. Todos explicando a utilidade do Leite Condensado e da goma de mascar para vida na caserna e que a quantidade deles foi menor que em outros governos. Além disso, todos eles alegaram – e não mentiram – que o valor empenhado não foi totalmente comprado e que as compras concluídas foram menores que 2018 e 2019. Pronto: estava concluída a nova narrativa. Bolsonaro, como sempre, é vítima da grande imprensa e da voracidade de uma oposição que torce contra o país.

O que não vai ser dito é que o volume necessário de compras de alimentos era muito menor que nos anos anteriores. Por exemplo, as universidades federais e institutos federais ficaram fechados por cerca de nove meses no ano de 2020 com a implementação do ensino remoto durante a pandemia, servidores do grupo de risco estavam em home office. Logo, gastar menos não é necessariamente decorrente da austeridade.

Eles também não vão mencionar que a cada ano aumenta a quantidade de Restaurantes Universitários completamente terceirizados, o que diminui a quantidade de órgãos federais que precisam licitar alimentações, uma vez que a empresa que assume a gestão do RU é quem faz tais compras. O estudo de Adriana de Paula e Amélia Bifano, publicado na Brazilian Journal of Development[vii], identificava que 70% dos restaurantes universitários nas instituições federais de ensino eram totalmente terceirizados em 2019, enquanto 20% adotava gestão mista e apenas 10% eram geridos pelo Poder Público e a tendência de terceirização total continuava em marcha. Isto é, comparar a quantidade comprada agora com a quantidade comprada há dois anos guarda esse problema básico: as unidades cujo fornecimento é totalmente público diminuem ano a ano. Segundo o estudo: "Estima-se que os serviços de alimentação instalados nas IFES estejam passando por um processo gradativo de terceirização total, visto a impossibilidade de alocação de servidores públicos em postos de trabalhos próprios da produção de refeições" (HOCAYEN & BIFANO, 2019, p. 32480).

Portanto, está claro que argumentar com esse grau de detalhamento não provoca grande engajamento nas redes. Porém, reduzir o problema das compras em “leite condensado”, “chiclete” e “R$ 1,8 bilhão” permitiu novamente que Jair e seus porta-vozes na imprensa revertessem o ônus em estratégia de mobilização dos asseclas. No fim e ao cabo, o maior engajamento em torno do assunto está mais vinculado ao embarque na oposição de segmentos da direita outrora aliados, do que propriamente pelo acerto no tom e no tema. Há mais a ser explorado no famigerado carrinho de compras. Bem como há mais e mais exemplos para contestar a imagem de austero que os defensores querem crer e fazer crer.

Enquanto isso, Luiz Eduardo Ramos, articulador político do Planalto, comandou negociações para liberação de cerca de R$ 3 bilhões em recursos extras para que 250 deputados e 35 senadores aplicassem em obras em seus redutos eleitorais em troca de votos nos candidatos à presidência da Câmara e do Senado alinhados ao governo. E o Brasil passou das 222 mil mortes, atingiu a maior média móvel diária desde julho, atingiu mais de nove milhões de casos, segue patinando fragorosamente no Plano de Imunização, o que corrobora com a conclusão do Lowy Institute, de Sidney (Austrália): temos a pior gestão da pandemia no mundo.

Novamente, a realidade contraria o discurso: o governo que anunciou o fim do “toma lá dá cá” abre os cofres do país que o presidente dizia quebrado para obter apoio político e a tão propalada escolha técnica nos empurra um militar na Saúde, cuja especialização em logística não serviu para evitar a falta de oxigênio em Manaus e nem para evitar problemas nos voos de distribuição do primeiro lote das vacinas. Como já era possível antever, não seria um parlamentar oriundo do baixo clero da Câmara com produtividade nula a acabar com as negociatas e nem mesmo a implementar a eficiência da gestão pública. Essa “nova política” – seja lá o significado desejado para o termo – nada tem de respeito aos recursos públicos e só pode sobreviver – em meio a chuvas e trovoadas – alimentando o imenso apetite do Centrão, que pouco se lixa com coerência ideológica, e permitindo que glutões perdulários saciem sua sanha, enquanto o povo luta contra a fome, a pandemia e a bufonaria de quem deveria liderar.

 

Jefferson Nascimento

Doutorando em Ciência Política - UFSCar

Membro do NEPPLA - Núcleo de Estudos dos Partidos Políticos Latino-Americanos



sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

29 de Janeiro – Dia Nacional da Visibilidade Trans

O Blog O Calçadão indica 10 filmes e 1 série, ficção e documentários, que contam alguns dramas vividos por essas pessoas.

  1. Girl (2019)
  2. A garota dinamarquesa (2016)
  3. Tomboy (2012)
  4. Meninos não choram (2000)
  5. Laerte-se (2017)
  6. A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson (2017)
  7. Paris is Burning (2005)
  8. Transamérica (2006)
  9. Tudo sobre minha mãe (1999)
  10. Uma mulher fantástica (2017)
  11. Pose (2017)

Girl (2019)

Lara (Victor Polster) é uma jovem menina de quinze anos, seu maior sonho é tornar-se uma bailarina profissional e, com a ajuda do pai, ela busca uma nova escola de dança para desenvolver sua técnica. No entanto, a menina encontra dificuldades para adaptar-se aos movimentos executados nas aulas por conta de sua estrutura óssea e muscular, já que Lara nasceu no corpo de um menino.

A garota dinamarquesa (2016)

 Cinebiografia de Lili Elbe (Eddie Redmayne), que nasceu Einar Mogens Wegener e foi a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. Em foco o relacionamento amoroso do pintor dinamarquês com Gerda (Alicia Vikander) e sua descoberta como mulher. 

Tomboy (2012)

Laure (Zoé Héran) é uma garota de 10 anos, que vive com os pais e a irmã caçula, Jeanne (Malonn Lévana). A família se mudou há pouco tempo e, com isso, não conhece os vizinhos. Um dia Laure resolve ir na rua e conhece Lisa (Jeanne Disson), que a confunde com um menino. Laure, que usa cabelo curto e gosta de vestir roupas masculinas, aceita a confusão e lhe diz que seu nome é Mickaël. A partir de então ela leva uma vida dupla, já que seus pais não sabem de sua falsa identidade.

 Meninos não choram (2000

Saiba como Teena Brandon se tornou Brandon Teena e passou a reivindicar uma nova identidade, masculina, numa cidade rural de Falls City, Nebraska. Brandon inicialmente consegue criar uma imagem masculinizada de si mesma, se apaixonando pela garota com quem sai, Lana, e se tornando amigo de John e Tom. Entretanto, quando a identidade sexual de Brandon vem público, a revelação ativa uma espiral crescente de violência na cidade. 

  Laerte-se (2017)


Retrata a trajetória da cartunista e chargista brasileira Laerte, considerada uma das mais proeminentes do gênero no Brasil. Tendo vivido parte de sua vida como homem, ela assumiu sua transexualidade aos 57 e, de lá pra cá, experimenta uma jornada única e pessoal sobre o que é, de fato, ser uma mulher.

A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson (2017)


Documentário sobre o legado político deixado por Marsha P. Johnson, a estrela da TV americana e lendária figura do gueto gay de Nova York, conhecida por muitos como a "Rosa Parks do mundo LGBT". Ao lado de Sylvia Rivera, Marsha foi a responsável por fundar a Transvestites Action Revolutionaries, um grupo de ativistas trans do país.

Tudo sobre minha mãe (1999)


No dia de seu aniversário, Esteban (Eloy Azorín) ganha de presente da mãe, Manuela (Cecilia Roth), um ingresso para a nova montagem da peça "Um bonde chamado desejo", estrelada por Huma Rojo (Marisa Paredes). Após o espetáculo, ao tentar pegar um autógrafo de Huma, Esteban é atropelado e morre. Manuela resolve então ir até o pai do menino, que vive em Barcelona, para dar a notícia. No caminho, ela encontra o travesti Agrado (Antonia San Juan), a freira Rosa (Penélope Cruz) e a própria Huma Rojo.

Paris is Burning (2005)


Documentário sobre drag queens de classe baixa de Nova York. Elas são entrevistadas e observadas enquanto se preparam para competir, mostrando as pessoas, as roupas e todo o ambiente e seus preparativos.

Transamérica (2006)


Bree Osbourne (Felicity Huffman) é uma orgulhosa transexual de Los Angeles, que economiza o quanto pode para fazer a última operação que a transformará definitivamente numa mulher. Um dia ela recebe um telefonema de Toby (Kevin Zegers), um jovem preso em Nova York que está à procura do pai. Bree se dá conta de que ele deve ter sido fruto de um relacionamento seu, quando ainda era homem. Ela, então, vai até Nova York e o tira da prisão. Toby, a princípio, imagina que ela seja uma missionária cristã tentando convertê-lo. Bree não desfaz o mal-entendido, mas o convence a acompanhá-la de volta para Los Angeles.

Uma mulher fantástica (2017)


Em Mulher Fantástica, Marina (Daniela Vega) é uma garçonete transexual que passa boa parte dos seus dias buscando seu sustento. Seu verdadeiro sonho é ser uma cantora de sucesso e, para isso, canta durante a noite em diversos clubes de sua cidade. O problema é que, após a inesperada morte de Orlando (Francisco Reyes), seu namorado e maior companheiro, sua vida dá uma guinada total.

Pose (2017)


Seriado - Em Pose, as pessoas experimentam um estilo de vida nunca visto antes na história de Nova York: a ascensão da cultura de luxo no fim da década de 80. Paradoxalmente, a parte da sociedade que se beneficia do aumento do consumo e dos privilégios entra em conflito com o outro segmento, que enfrenta o declínio da cena social e literária no centro da cidade. 

Referência:

Todas as sinopses foram obtidas do http://www.adorocinema.com/ .

 29 de Janeiro – Dia da Visibilidade Trans


O dia de 29 de janeiro é celebrado como o Dia Nacional da visibilidade Trans. Não se trata de uma data festiva, mas sim um momento de luta e resistência. A data é comemorada desde 2004 quando um grupo de pessoas trans e travestis foram ao congresso reivindicar políticas públicas específicas para essa população que aos olhos do Estado brasileiro eram até praticamente invisíveis.

É disso que se trata este dia: tornar as pessoas trans e travestis visível ao Estado e, assim, à sociedade. A presença do Estado por meio da promoção de políticas públicas é essencial para resgatar a dignidade a esta parcela da população há tanto tempo marginalizada.

Basta lembrar que muitas pessoas trans e travestis são expulsas de casa ainda na adolescência (isso após sofrer inúmeras formas de violência até mesmo dentro da própria casa). Sem moradia, sem assistência parental e estatal e tendo que se virar sozinhas desde muito cedo, grande parte dessas pessoas largam abandonam a escola (70 % sem terminar o ensino médio, às vezes, não terminam sequer o ensino fundamental, menos de 0,5% chegam às universidades). Sem formação, a empregabilidade se torna escassa, com isso, sem renda, a prostituição se torna um dos poucos caminhos possíveis. Nas ruas, a violência contra essa população é aterrorizante (de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais, Antra, o Brasil é o país que mais mata travestis e trans no mundo, ao mesmo tempo é o que mais consome pornografia trans). Além disso, o acesso a tratamentos adequados de saúde é precário: cirurgias clandestinas, silicone artificial, tratamento hormonal sem acompanhamento médico e psicológico são alguns dos exemplos corriqueiros. Tudo isso, faz com a expectativa de vida de pessoas trans e travestis seja, de acordo com o IBGE, de somente 35 anos, enquanto a média nacional é de cerca de 75 anos.

Dessa forma, a promoção de políticas públicas que quebrem este círculo vicioso de reiteradas violências contra pessoas trans e travestis é papel fundamental do Estado. Falamos de políticas públicas que garantam assistência social, moradia digna, acesso a educação e possibilidade de capacitação, promoção de saúde e qualidade de vida dando acesso a tratamentos adequados e com acompanhamento e, por fim, falamos de políticas públicas de segurança.

 Diante de um legislativo conservador e um executivo inoperante e retrógrado, não podemos esperar muito dessas políticas em escala Federal. Na verdade, podemos esperar inclusive retrocessos, como vem acontecendo nos últimos anos, por exemplo, o enfraquecimento (e alguns casos, esvaziamentos) dos conselhos de participação popular que acabam minguar o fortalecimento dessas tão esperadas políticas públicas.

Ainda assim, podemos observar alguns avanços. Em 2020, tivemos recorde de pessoas trans e travestis candidatas nas eleições, assim como tivemos um recorde de eleitos (27 de acordo com a Antra), destaque para Érica Hilton (PSOL), a mulher mais votada na capital paulista, Duda Salabert (PDT) e Linda Brasil (PSOL) que receberam, respectivamente, o maior número de votos em Belo Horizonte (MG) e Aracajú (SE).

Resta-nos a esperança de que em nível municipal, embora ainda também tenhamos um legislativo conservador, algumas políticas públicas sejam implementadas. A cidade de Ribeirão Preto, por exemplo, em 2020 elegeu mandatos progressistas que podem atuar diretamente em causas ligadas às pessoas trans e travestis. Assim como, esperamos que a sociedade civil organizada possa contribuir para a implementação de políticas públicas para essa população.

Um bom exemplo de política pública executada em âmbito municipal é o Programa Transcidadania criado na cidade de São Paulo durante a gestão Haddad (PT) e mantido pelos seus sucessores João Dória e Bruno Covas (ambos PSDB). O programa oferece uma assistência financeira ao mesmo tempo em que oferece cursos de formação e capacitação visando a reinserção no mercado de trabalho e a reintegração social. A cidade ainda criou em 2019 uma unidade do Centro de Acolhida Especial (CAE - Casa Florescer II) para acolher somente mulheres trans e travestis.

Iniciativas como essa poderiam ser replicadas por aqui, dependendo apenas de vontade política de nossos gestores. Mas, em Ribeirão Preto, há poucas iniciativas, o que reflete o alto grau de conservadorismo da cidade. Ainda assim, a cidade possui um Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual, CMADS, criado em 2010 e, que ao longo da última década, vem contribuindo, com muito sacrifício, para construção e implementação de políticas públicas voltadas para essa população.

A propósito, o CMADS realiza hoje (29/01), às 19h no canal do CMDAS no Facebook, uma live para celebrar o Dia Nacional da visibilidade Trans. Assista, participe e aprenda.  





 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

ACAMPAMENTO CAMPO E CIDADE PAULO BOTELHO PLANTA 200 MUDAS DE ÁRVORES

 

Acampados do Campo e Cidade Paulo Botelho plantaram mais de 200 mudas no último sábado.
Fotos:Clécio Dias Carvalho, Dulcelina Dias e Janaína.

Paradoxalmente, enquanto acampados do MST plantavam as mudas, avião pulverizava veneno na Fazenda ao lado.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Repúdio ao Professídio, sem intenção de tumultuar

Por: Luciana Porfirio


A pandemia provocada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), as restrições no modo de vida de toda população, quer seja pelo isolamento social, quer seja pela adequação aos protocolos e cuidados para aquelas e aqueles que continuaram trabalhando nos serviços essenciais, o acirramento da miserabilidade, o número de contaminados e mortes continuam catastróficos, no mundo, no Brasil e em Ribeirão Preto-SP.

Há novos picos diários de infectados, com hospitais e UTIs em risco de colapso. Somadas as duas ondas da doença, o mundo entrou em 2021 com mais de 84 milhões de infectados, 1,83 milhão de mortos, e o Brasil soma 7,7 milhões de doentes, com mais de 195 mil mortos, isso até o comecinho de janeiro quando desisti de acompanhar esse horror numérico.

A nova variante do vírus que surgiu no Amazonas, já se encontra no Estado de São Paulo, quiçá, em Ribeirão Preto?

Mas, ao invés de governos e prefeituras envidarem esforços para vacinar e imunizar todos o que vemos é uma ode para a volta às aulas presenciais, expondo a população, professores e alunos a contaminação. Sabe-se que uma pessoa, pode contaminar outras 200.

A sanha de governos e prefeituras diante de uma escalada mortífera da doença ao invés de priorizar a imunização de toda população, defender a vida, a justiça social, o direito sanitário, o Estado de direito e a democracia, parece incentivar e contar com o MP para o que estou aqui a chamar de "Professídio" exigindo que estes profissionais exponham suas vidas em salas de aulas e coloquem também a de seus alunos, e estes, de seus familiares e assim sucessivamente.

Eu sei o quanto é triste, melancólico, pesado ver escolas sem alunos, mas também o quanto é doido enterrar pessoas por Covid.

Se aqueles que deveriam defender o direito basilar à vida compactuam com a sanha de administradores, a quem recorrer?

Como será possível alfabetizar crianças com máscaras? Como ficarão os que tem baixa escuta e leem lábios? Que tipo de protocolos serão, efetivamente garantidos? Máscaras e álcool gel? Que eu saiba estão sendo utilizadas desde março de 2020 e a contaminação não cessou.

Então, eu acredito é na Vacina.

É preciso respeitar as vidas que se foram, lutar contra essa doença imunizando a todos, sem exceção. Sem retorno presencial até que todos estejam vacinados é a única forma de garantir vidas e não montando hospitais de campanha e equipando eles com respiradouros porque isso é investir nos sintomas e não na cura.

O vírus já mostrou que uma vez adquirido, as chances são poucas para tantos.
Eu acredito nos esforços científicos mundial, eu sempre acreditei na força deste vírus e em nossa capacidade de ser empatas, de valorizar a vida acima de tudo, mas pelo jeito quem nos administra não.

Iludidos, acreditamos nas instituições jurídicas, cujo direito basilar a ser defendido é a vida, mas aí descobrimos que são só uma parte do teatro de vampiros. Todos os dias quando acordo, eu penso que pode ser só mais um pesadelo, mas não é.

Desejo que possamos sobreviver a tudo isso.

Duda Hidalgo denuncia aumento da violência policial de Tarcísio e é atacada por bolsonaristas em sessão da câmara

  Com a intenção de fazer o debate sobre números e estatísticas, Duda foi à Tribuna na sessão desta terça (16/04) discutir um requerimento q...