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terça-feira, 30 de junho de 2015

Dilma, osso duro de roer, tem que enfrentar o Cunha e reconstruir a base!

"Não respeito delator" foi a melhor frase de Dilma nos últimos tempos. Não é possível afirmar nada com absoluta certeza, mas acredito que os ventos do golpe estão diminuindo rapidamente e a frase da Presidente pode demonstrar isso.

Basta de mentiras, basta de ficar calada diante dos desmandos de uma investigação parcial que faz tabelinha com a principal rede de televisão do país. Aliás, é momento também de dar um basta na boçalidade dos neo-reacionários do 15 de março. Chega. A reação do ex-ministro Mantega de se levantar e enfrentar um boçal de cabeça erguida deve dar o tom agora.

Nesses primeiros 6 meses de governo, Dilma já enfrentou tudo o que de pior poderia ter enfrentado. Do "ajuste Levy" às delações seletivamente premiadas do Jornal Nacional. A viagem aos EUA deve marcar politicamente a mudança de tom. É hora de começar o período das boas notícias e, fundamentalmente, é hora de se mexer de verdade na política.

Para além do debate econômico, cuja crise é infinitamente maior na mídia do que na realidade, Dilma precisa se concentrar na política. As perdas econômicas já aconteceram e agora é buscar a recuperação, não só dos números, mas do discurso. Mas é na política que está o caminho das pedras.

Todo mundo fica espantado com o poder repentino e avassalador do presidente da Câmara. Claro que o cargo dá ao ocupante um poder natural, mas o caso de Cunha é sui generis. Tudo passa pelo enfraquecimento do governo e da falta de organização política. Cunha não é um líder, é apenas um preposto fisiológico colocado pelo sistema golpista em uma posição de comando e com a clássica cara de pau dos paus mandados.

Cunha (e a bancada da bala e os evangélicos de business) encontrou um vácuo político e guarida no seio da aliança mídia-tucanato. Daí o seu desembaraço em afrontar os avanços nos direitos civis, se aliando aos malafaias da vida, e o seu desrespeito pelos 54 milhões de eleitores de Dilma. Cunha lidera a agenda entreguista do PSDB em relação ao pré-sal e a agenda golpista anti-Lula com a consolidação das doações empresariais (enquanto segue firme a criminalização midiática das doações ao PT) e a recente "agenda" do parlamentarismo.

Em uma entrevista para a revista Carta Capital, o excelente Aldo Rebelo dá a linha basilar da movimentação política de agora em diante: "reconstruir a base de apoio". Aldo é um bom pensador político, um democrata e um conciliador. Foi com Aldo que a crise de 2005 se amainou quando foi Ministro da Articulação Política e Presidente da Câmara. Aldo sabe o que fala quando , calmamente, diz: "esse Congresso não é tão conservador assim".

E ele tem razão. O Congresso é mais do que tudo fisiológico e não ideológico. E para o fisiologismo o que manda é o poder da caneta. O que deve ser medido de agora em diante é qual caneta tem mais peso, a de Dilma/Temer ou a de Cunha. 

É o momento de reconstruir a base. É preciso planejar a liberação das verbas parlamentares, chamar os deputados para o diálogo, oferecer propostas políticas regionais, realizar mudanças nos Ministérios. Cunha é somente o burro falante dos golpistas, não é líder de nada e é na política e com política que ele deve ser isolado e superado.

Seis meses de anomia política é o limite. 

Dilma, não respeite nem delatores e nem cunhas, faça o jogo político, governe, pois de seu governo depende um projeto de país!

Ricardo Jimenez


segunda-feira, 29 de junho de 2015

Grécia: coação e desrespeito, eis a democracia dos financistas!

A Grécia é o retrato da Europa pós união europeia. O vitorioso sistema de bem-estar social, implantado no pós-guerra, foi aos poucos sendo removido pela visão do financismo neoliberal e colocado o ônus na conta do povo.

Aquilo a que estamos acostumados há tempos por estas bandas, se tornou o martírio dos europeus, principalmente os europeus da Espanha, Portugal, Grécia, Irlanda, Polônia, Itália, Ucrânia e outros países satélites da dupla França e Alemanha, no sistema montado a partir de 1994 no velho continente: arroxo fiscal, Estado mínimo, reformas previdenciárias extorsivas, desemprego, crise. 

A receita também é bem conhecida por nós sul-americanos: mais cortes, mais arroxo, mais juros e mais extorsão sobre a renda do trabalhador.

É um sistema montado para sugar o sangue dos trabalhadores e para transformar os Estados nacionais em meros chanceladores das decisões do tal "mercado".

O PIB mundial quadruplicou nos últimos 30 anos, mas o desemprego estrutural se tornou epidemia, a pobreza aumentou e a renda se concentrou de maneira brutal: 1% detém quase 99% de tudo o que é produzido no mundo e restam aos 99%  cada vez mais as migalhas.

Tal como aqui, onde a reação popular se fez valer nos últimos anos (elegendo governos de esquerda), tendo como resposta a violência do sistema, apoiado em estruturas de mídia compradas (não à toa Argentina, Venezuela e Equador investiram em reformas de mídia), lá na Europa a coisa se repete. Apesar de espasmos ainda tímidos na Espanha e na Alemanha, é na Grécia onde ocorre a reação mais direta.

O esquerdista Syriza venceu as eleições com uma proposta bem clara: "não vamos mais ficar passivos diante da extorsão dos mercados. 45% da juventude desempregada é o nosso limite". E a democracia, a soberania popular, resolveu eleger este grupo, esta proposta.

O que fez a União Europeia? Iniciou a maior e mais violenta reação a um pequeno país da Europa dos tempos atuais. Só por 1 bilhão. Um bilhão!!!

1 bilhão, senhores, a UE e os mercados ganham em 1 minuto na ciranda financeira. Mas eles querem o sangue grego por 1 bilhão.

Faltam menos de 24 horas para esgotar o tempo grego, como num sequestro onde é apontado para a cara da Grécia o cano de um berro. O terror implantado fez os gregos correrem às agências bancárias, derrubou as bolsas. Qual a resposta da UE a tudo isso? Alguma palavra para tentar acalmar a situação? Algum tempo a mais para o diálogo? Não.

"Nos sentimos traídos", eis a palavra da executiva da UE sobre o caso ao saber que o ministro grego resolveu consultar o povo através de um referendo. Nenhuma palavra de conforto, apenas de confronto.

O caso grego é didático. A soberania popular, pilar básico da democracia, não vale nada diante do deus mercado. Desespero, sofrimento, caos não significam nada. Ou a Grécia salda os 1 bilhão (mesmo cortando na carne do povo) ou a UE decretará "sanções".

É um grande exemplo para nós.

Depois de 12 anos de tímidas políticas desenvolvimentistas, mas que serviram de contraponto no mundo, pois se avançou na renda e na inclusão social enquanto o mundo desempregava as pessoas, o que se vê é uma reação violenta. 

Há 9 anos descobrimos jazidas enormes de petróleo no pré-sal e acendeu-se o estopim do golpe.

Há 6 anos um governante decidiu que estas jazidas seriam exploradas com 30% de participação da empresa nacional (em regime de partilha) e que os royalties da exploração iriam para a educação e saúde. Há exatos 6 anos um candidato a presidente da oposição foi flagrado prometendo reverter tudo isso em favor de uma multinacional estadunidense. Há exatos 5 dias o presidente do parlamento prometeu "corrigir" o erro cometido por Lula "em tempo rápido" a partir de um projeto entreguista formalizado por aquele candidato, hoje senador por São paulo. Tudo magnificamente apoiado em uma mídia interessada em "delações" com vazamentos premiados para fustigar o governo.

Eleita com o discurso da manutenção do desenvolvimento, a Presidente (após tentar baixar os juros e a conta de energia elétrica) é forçada a romper com tudo e abraçar as receitas do "mercado". Juros, cortes, superávits, arroxo. E o "mercado' ouve o tilintar das moedas.

A artimanha tem reflexos na política. Hoje o maravilhoso presidente da Câmara, eleito com 6 milhões doados por bancos, planos de saúde e empresas (e após constitucionalizar as doações empresariais em uma manobra criminosa) colocou mais uma vez sua cunha: "queremos o parlamentarismo e rápido. O executivo não libera as verbas parlamentares e não podemos mais esperar". Eis a canalhice explícita!

Coação, desrespeito, eis a democracia dos canalhas!

Ricardo Jimenez

sábado, 27 de junho de 2015

Ser colorido agora faz todo o sentido!


Quando, em 2011, o STF reconheceu a união civil entre pessoas do mesmo sexo, o Brasil não vivia a onda de ódio e homofobia que vive agora. Lembremos que o debate da eleição de 2010 foi o aborto, com dois candidatos ateus sendo obrigados a fazer o sinal da cruz em missas por causa da histeria que dominou o debate naquele momento.

O futuro nos mostraria que tudo pode ser pior.

A decisão da Corte Suprema estadunidense ocorrida ontem foi um marco importante na batalha civilizacional no mundo e tem, aqui no Brasil, todos os motivos para ser comemorada e simbolizada com o colorimento das fotografias!

Respeito o contraditório, mas acredito que não cabe aqui nenhum ranço contra o império. Cabe apenas o símbolo da comemoração.

Ganha Jean Wyllys, perde malafaia. Ganham os seres humanos gays, perdem Feliciano e Cunha.

O avanço conquistado no STF em 2001 corre sério risco com a tramitação do bizarro "estatuto da família". Assim, a malta canalha investe contra os marcos das reservas de petróleo do pré-sal, ferindo a nossa maior empresa, que nasceu da luta popular e nacionalista, e também investe contra cidadãos e seus direitos, contribuindo para um clima de caça às bruxas que tem reflexo em crimes de homofobia pelo país todo.

Colorir o facebook na opinião deste que escreve é mandar com todo gosto os homofóbicos procurarem uma rola!

Viva a civilização, vivam as cores!

Ricardo Jimenez

Brasil olímpico quer colocar a juventude na cadeia!

Hoje, 27/06/15, estivemos pela manhã na esplanada do Teatro Pedro II junto com a moçada do grupo Sarau Preto na 1a manifestação contra a redução da maioridade penal no Brasil feita na cidade.

O grupo Sarau Preto é um bom exemplo de como se enfrentar com arte e cultura a problemática da juventude nas periferias das cidades brasileiras. Promovem um debate profícuo com rimas e música direto do centro cultural do Quintino II em Ribeirão Preto.

Como todos sabem, vivemos os últimos preparativos para os jogos olímpicos e o que isso tem a ver com a questão da maioridade penal?

Bom, o Brasil é sede olímpica desde outubro de 2009! De lá pra cá o que foi feito em termos esportivos nas periferias e nas milhares de escolas espalhadas pelo Brasil?

Vamos sediar uma olimpíada no mesmo momento em que decidimos colocar a nossa juventude atrás das grades?

O UNICEF estima em 1% os crimes graves cometidos por menores no Brasil, mas a contrainformação divulgada a plenos pulmões pela mídia monopolizada transforma isso numa tragédia só contida com a lei de talião e "mais cadeia!", como diria um famoso apresentador de programa popularesco. 

Juntam-se contra os 50 milhões de jovens entre 12 e 16 anos todos os políticos conservadores e seus apoiadores maravilhosos que vão de pastores caça-niqueis a apresentadores de televisão. Um bando de homens velhos, brancos e ricos contra milhões de jovens pobres e sem perspectiva.

Uma tragédia!

Nesses 8 anos de ciclo olímpico não fomos capazes de oferecer quadras esportivas, bolsas de estudo, bolas, jogos, lazer e cultura nas nossas periferias.  Oferecemos mais do mesmo: bares, álcool e biqueiras. 

E agora a solução mágica: presídios.

Sei que este é um debate desigual e que começou tarde. De repente fomos surpreendidos por um Congresso reformador do mal, ultraconservador e apoiado no que há de pior na sociedade: o dinheiro empresarial que compra consciências. Os mesmos que investem contra a juventude são os que investem contra o pré-sal, contra a Constituição, contra o Estado de Direito, contra os homossexuais, contra tudo o que consideramos avanço civilizacional.

Os jovens da periferia do Brasil vivem uma tragédia humanitária há décadas. O diálogo que conhecem é o barulho da bala. A tragédia tem cor e classe social. E agora tem a perspectiva da cadeia.

A batalha não está perdida, pois ensinam os grandes mestres que não há batalha perdida quando a causa é justa. 

No Estado de São Paulo nos últimos 25 anos foram construídos centenas de presídios e nenhuma universidade. Nós defendemos o contrário: menos presídios, mais escolas.

A juventude brasileira necessita ser enxergada, ouvida, protegida e estimulada. são 50 milhões de brasileiros cujos sonhos dependem de uma sociedade que saiba enxergar o valor de políticas públicas que incluam ao invés de excluir.



Ricardo Jimenez

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Dilma: crítica de Lula e bolo em Suplicy, o resto é mais do mesmo!

De tudo o que aconteceu nesses últimos 20 dias, as únicas novidades, uma boa e outra lamentável, foram a crítica de Lula e o bolo inexplicável dado no bom Eduardo Suplicy. Todo o resto não passa de mais do mesmo, ou seja, são coisas que já eram mais ou menos esperadas.

Senão, vejamos:

1- A viagem patética do Senador Aécio Neves para a Venezuela tendo como objetivo oficial ir visitar os presos políticos do "regime bolivariano" e como objetivo implícito criar um factoide para permanecer na mídia em sua saga de perdedor que não aceita o resultado da eleição. Bom, se o tal Kim Kataguiri foi "caminhando" até Brasília e o outro "revoltado" foi lá encher o saco no congresso do PT só para manterem viva a chama dos 15 minutos de fama, era mais do que natural imaginar que o play boy revoltado também fizesse algo do tipo. Foi lá em Caracas acompanhado dos grandes democratas Ronaldo Caiado e Agripino Maia, ficou preso no trânsito e voltou para traz direto para as manchetes do PIG acusando Dilma de acobertar o "bolivarianismo". Novidade nenhuma.

2- A sanção presidencial na lei resultante da medida provisória sobre o ajuste fiscal embutida, pela bancada do Cunha, do 'parlashopping" e da isenção fiscal para igrejas evangélicas. Qual a novidade? Uma Presidente enfraquecida no Parlamento e que precisa aprovar o seu "ajuste" para escapar das pressões financistas e um presidente do Congresso fisiológico e cada vez mais pagando a fatura para seus financiadores. É bom lembrar que Cunha também já conseguiu (ao arrepio da Constituição) colocar o financiamento empresarial na Constituição, passar o projeto da terceirização e livrar os planos privados de saúde da triste sina de pagar imposto. Além dos seus projetos em parceria com a "bancada evangélica" e a "bancada da bala", como o tal "estatuto da família" e a redução da maioridade penal.
obs: o triste disso é que o ônus cai todo no colo de Dilma, pois o "empoluto" Cunha permanece inatacável. 

3- Aumento dos juros beirando a casa dos 14%. Qual a novidade? A chantagem financista funciona assim e os governos do PT não conseguiram (ou não tentaram) romper essa camisa de força. Qual a receita básica do financismo internacional para as economias? Juros, arroxo fiscal (corte de gastos públicos), reformas na lei de aposentadorias e garantir o pagamento das dívidas. Tudo sob a intensa pressão dos "mercados", ou seja, as tais "agências de risco", os bedéis do sistema. Vejam o caso da Grécia.
obs: há uma exceção no caso dos governos petistas. Entre 2011 e 2012, Dilma conduziu uma política de abaixamento dos juros, que chegaram a 8% (os mais baixos dos últimos 20 anos). O que aconteceu? Enorme pressão dos "mercados" auxiliados pela nossa maravilhosa mídia. Logo após isso, ocorreu a pressão do dólar (comandada por quem mesmo?) sobre os câmbios, gerando inflação no mundo todo e enterrando os movimentos desenvolvimentistas no Brasil e no resto do mundo, até na China.

4- A prisão dos executivos da Andrade Gutierrez e, principalmente, do presidente da Odebrecht. Qual a novidade? Mais uma vez a parceria entre a "república do Paraná" e a mídia fazendo suas artimanhas. Tudo convenientemente combinado para ligar as prisões ao fato de o Instituto Lula ter recebido doações de empresários e de Lula ter feito palestras e viagens ao exterior buscando ampliar as fronteiras de negócios para o Brasil. É cada vez mais claro que este esquema tem dois objetivos: quebrar a política do petróleo, cuja espinha dorsal é o regime de partilha do pré-sal, e dinamitar a candidatura de Lula em 2018. As irregularidades da Lava Jato só terão fim quando as instâncias superiores da Justiça resolverem intervir e isso pode ocorrer a partir do momento em que a pressão do meio jurídico nacional for grande o suficiente para suplantar a chantagem da mídia.

As duas novidades foram, portanto, a crítica de Lula e o bolo em Suplicy. A crítica de Lula tocou no ponto central do problema: Dilma prometeu uma coisa na eleição e faz exatamente aquilo que criticou depois de eleita. O desgaste é tão grande que até os aproveitadores tucanos saíram ganhando ares de progressistas, uma vez que passaram a criticar os ajustes que eles mesmos fariam em doses muito mais elevadas se Aécio tivesse ganho. Lula disse algumas verdades, e com todo o direito. O tal "ajuste" já está feito, ou Dilma (e o PT) entendem de uma vez que é preciso buscar retomar o discurso e a prática desenvolvimentista ou o quadro não mudará. A resposta está nas urnas desde 2003: o povo vota na geração de emprego, de renda e rejeita a agenda neoliberal financista. Ponto.

Agora, o que aconteceu com Suplicy foi lamentável e injustificável. Parece que Dilma não tem nenhum apreço pelo ex-Senador. Talvez o sobrenome atrapalhe, já que é usado pela Marta, sei lá. O caso é que Dilma e grande parte do PT, até amigos pessoais meus, não entendem Eduardo. Suplicy é tido como um político de um discurso só, a renda básica de cidadania. E daí? Será que o PT, principalmente o PT paulista, vai demorar muito tempo para perceber que o partido está literalmente quebrado em São Paulo? Será que vai demorar muito tempo para perceber que é da administração Haddad que vem o novo? Quando que o partido em São Paulo vai tomar Haddad como bandeira e sair por aí a debater pelo Estado bandeirante? Suplicy faz parte desse time, ele é de Haddad e é o único político petista que pode andar por todo Estado sendo ouvido, respeitado e aplaudido. É pouco? Bola fora, Dilma.

Ricardo Jimenez

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Frei Beto, Maria Rita Khel e Marcelo Botosso: a ignorância e a boçalidade não passarão!








Essa semana que passou ocorreu em Ribeirão Preto a 15o Feira do Livro. Um dos pontos mais interessantes da Feira é o ciclo de palestras com figuras convidadas, dos mais diferentes ramos.

Fui assistir à palestra de Maria Rita Khel, que dissertaria sobre sua experiência na Comissão Nacional da Verdade. Senti o clima tenso desde o princípio, pois Ribeirão não foge à regra dos dias atuais de xingamentos, ignorância e intolerância. Sabia de antemão que na palestra de Frei Beto o mesmo teve que bradar firmemente contra alguém que o interpelou defendendo a ditadura militar, repetindo algumas vezes: "Democracia, sim. Ditadura, não!".

A palestra de Maria Rita transcorreu com mais calma, mas o desenrolar dos temas abordados como MST, golpe de 64, estrutura injusta e violenta do latifúndio, a agressão aos índios durante a ditadura e a triste realidade dos desaparecidos mesmo após os trabalhos da Comissão da Verdade ia aos poucos causando a saída de algumas dezenas de pessoas.

Em certo momento, ao tratar sobre a importância da reforma agrária, Maria Rita foi aplaudida e não conseguiu conter seu alívio: "Que bom saber que aqui tem gente do meu lado", desabafou.

O desabafo da ilustre palestrante mostra bem o clima atual, onde ignorantes e bandidos (de pseudo-religiosos a parlamentares ignóbeis) se misturam no fomento de um novo clima de "caça aos comunistas". Um marcartismo dos acéfalos e dos canalhas.

Sem mais disfarce, a turba boçal investe contra qualquer um que seja identificado como "esquerdista". Defendem a volta da ditadura militar (que é crime!) sem cerimônias e desrespeitam a memória das centenas de mortos pelo terrorismo de Estado e que ainda não foram encontrados.

Que o diga o Historiador do Museu da cidade de Salto/SP, Marcelo Botosso. Ao propor o debate sobre os anos de chumbo com a apresentação do projeto Lugares de Memória, desenvolvido em parceria com o Memorial da Resistência de São Paulo (ilustrado na imagem abaixo), Botosso se tornou a mais nova vítima da boçalidade.


Como Historiador concursado e cumprindo as atribuições de seu cargo, Botosso nada tem a temer, pelo contrário, tem muito a ganhar sabendo enfrentar com altivez e competência essa ameaça de coação às suas funções.

O primeiro passo realizado foi a formalização de um boletim de ocorrência na polícia e a busca de apoio por seus superiores hierárquicos, para que garantam na forma da lei o exercício das atribuições de seu cargo.

Não podemos mais tolerar atitudes como essa.

Nos momentos mais obscuros da história nacional, a luz se fez a partir da luta dos corajosos e dos dignos. É assim que se faz. A democracia é uma conquista valiosa e deve ser defendida.

Que o Museu da Cidade de Salto e seu Historiador continuem com total liberdade para propor e realizar debates sobre a nossa história e que tenham o direito à expressão garantidos, como tiveram Frei Beto e Maria Rita na Feira do Livro de Ribeirão Preto.

Não à ignorância, não à tentativa de coação, não à boçalidade. Sim à democracia!

Equipe O Calçadão

Feira do Livro e a Cultura de Ribeirão Preto

Escrevi o artigo abaixo em um outro blog que utilizava em junho de 2012. De lá para cá a análise é praticamente a mesma, exceto pela questão dos shows, que foram limados porque "atraíam muita gente...". Pois é, eu digo que a feira havia se transformado num "evento popular" e parece que isso incomodava a intelligentsia local.

Ao texto:

Todos os anos, dezenas de Feiras do Livro são organizadas no país. É possível encontrar eventos de todos os tipos de norte a sul, nas mais diversas cidades. A Fundação Biblioteca Nacional estima que aproximadamente 10 milhões de pessoas visitem as feiras, a cada ano. Ainda assim, os brasileiros mantêm baixos índices de leitura, se comparados a outros países.

A feira do livro de Ribeirão Preto, surgida em 2001, com o trabalho de Galeno Amorin no governo de Palocci, tem uma característica especial: é realizada numa praça, a céu aberto, com shows cada vez mais populares e na região central e bela da cidade. Difere muito da característica de outras feiras, como as de Poços de Caldas, Porto Alegre e Brasília, para ficar nas mais conceituadas. E também não tem comparação com a FLIP-Paraty, a mais prestigiada do Brasil, pois esta é única e, apesar de ser também um evento a céu aberto, tem como principal chamariz a belíssima cidade histórica e sua estrutura voltada para a intelectualidade. A FLIP não é um evento de massas e se realiza numa cidade acostumada com um ambiente cultural, bem diferente de Ribeirão Preto.

A nossa Feira cresceu, se transformou num evento popular e entrou definitivamente, e como um ótimo exemplo de política cultural, para o paupérrimo e elitista calendário cultural de Ribeirão Preto. Infelizmente, a política de implantação de bibliotecas públicas nos bairros, surgida juntamente com a feira, morreu.

O caráter da Feira atrai a população e isso, às vezes, faz com que alguns torçam o nariz para este evento. Não julgo aqueles que assim procedem, mas é preciso analisar com cuidado esse importante acontecimento da cidade e o porquê, em minha opinião, de suas particularidades.

Ribeirão é carente de vida cultural de massa, sua elite pequeno-burguesa é fechada, chata, arrogante e metida a besta. A Secretaria da Cultura e a Fundação Pedro II são, há décadas, comandadas por esse mesmo grupo, independente do partido do Prefeito. Assim como ocorre no poder Executivo, na Câmara de Vereadores, enfim, Ribeirão é uma aldeia dirigida por um seleto grupo de "notáveis" e novos ricos e nada, repito, nada acontece sem o crivo desses mesmos, que só fazem manter seus postos de poder e o status quo. Só se fura esse bloqueio com grana ou fazendo o jogo de quem tem grana, como todos sabem. Dentro do seu grupo eles se conhecem, se divertem, vão às corridas de carro, aos jogos de golfe, hipismo, frequentam teatros com preços elevados, restaurantes da zona sul etc. Para eles não falta vida cultural. A vida cultural deles, é claro. E também não falta para eles o apoio público. Quem você acha que mais frequenta os gabinetes de poder do Palácio Rio Branco, o povo ou essa elite? Em seus carrões, eles reclamam do trânsito e só vão ao centro da cidade nas noites de "espetáculo", enquanto o povão sacoleja nos ônibus e passa rapidamente à frente do Pedro II a caminho do trabalho.

O povo de Ribeirão exige e anseia por ter opções culturais, mas é ignorado. Quando o governo, juntamente com a sociedade civil, é incapaz de satisfazer esta exigência, os vazios culturais são ocupados de qualquer maneira. Às vezes surgem boas ideias, e Ribeirão tem vários exemplos disso (movimentos culturais autônomos e de qualidade), mas geralmente essa ocupação de espaço é tumultuosa e caótica.

Frequento a Feira desde seu início e percebo que com o passar do tempo ela está mais caótica, essa é a palavra. É difícil andar pelos seus estandes e poder ver os livros ali expostos. Além disso, há também os shows noturnos cada vez com maior apelo popular. Essa “confusão” e esse ambiente pouco comum incomoda, principalmente certos intelectuais e habitués “zona sul”.

Não há como não concordar com Ariano Suassuna quando este critica a massificação de uma cultura de baixa qualidade sustentada pela mídia comercial. Defender um maior acesso ao conhecimento sobre as expressões culturais nacionais, que muitas vezes são ignoradas pelo nosso eurocentrismo subconsciente, é fundamental. Mas, é preciso muito cuidado quando vamos criticar a tal “cultura de massa”, para não corrermos o risco de classificar tudo que é popular como lixo. Nem sempre a nossa régua de medida estética serve para os outros, e ela própria pode ter sido moldada de acordo com uma visão eurocêntrica da qual nem nos damos conta. Sempre cabe, dialeticamente, a reflexão. 

Não podemos desfazer de um evento dessa natureza só porque, ao caminharmos pela feira ou ao assistirmos a um show,  não gostamos eventualmente do caos humano encontrado e nem do comportamento de alguns que não sabem se portar num lugar assim. O que se tem que fazer é analisar o que pode estar errado e corrigir, principalmente a questão dos adolescentes, que deixam de ir à aula e ficam, nos dias de feira, passando o tempo naquele lugar. Essa situação, desagradável muitas vezes para quem deseja ir à feira ver livros e palestras, precisa ser olhada como um potencial positivo e planejamento. É muito bom que jovens frequentem a feira do livro, mas da maneira correta. Talvez um melhor entendimento entre os organizadores e as escolas possa contribuir para melhorar esta questão. Mas o evento é bom, as palestras são interessantes, os shows em frente ao teatro são lindos. O que Ribeirão precisa é de mais eventos culturais, ou melhor, precisa de uma revolução cultural que traga o povo junto, que agregue, que transforme. Enquanto for oferecida miséria cultural ao povo, enquanto os governantes de ocasião acharem que cultura popular é coisa de pobre mal educado (enquanto bebe-se espumante nas “altas” rodas financiadoras de campanhas), os vândalos vão continuar atrapalhando a leitura dos intelectuais. 

Também é possível e bom que a feira possa se expandir e se integrar aos parques da cidade, inclusive o Tom Jobim, na periferia, e aos teatros do município!

Quando falta acesso à cultura por inexistência de políticas culturais, as massas ocupam o espaço a seu modo, consomem o que está disponível, e não podem ser criticadas por isto. Acho que este exemplo cabe muito bem à Feira do Livro e ao ambiente cultural ribeirão-pretano.

Ricardo Jimenez

domingo, 21 de junho de 2015

Lula disse algumas verdades, mas não todas!

Lula demonstra nos seus discursos padecer das mesmas angústias das quais padecem todos os militantes e simpatizantes petistas nos últimos tempos. De maneira acertada, o ex-presidente faz o diagnóstico correto: Dilma fez um discurso na eleição que levou 54 milhões de brasileiros, num ambiente de extrema agressividade midiática, a eleger, pela quarta vez consecutiva, o projeto inaugurado em 2003 e, após tomar posse, abandonou o discurso e se agarrou no "ajuste levy". Esta é a raiz da "tragédia".

O fato de Dilma não "andar pelo país" e "não receber pobres no seu gabinete" é secundário diante do argumento principal da crise, tanto para entender o porquê da crise quanto para se visualizar a saída dela.

Dilma conseguiu com um discurso forte em defesa do emprego, da renda e mostrando claramente quem eram e o que defendiam seus adversários tucanos, sair de uma situação difícil à qual foi colocada desde de junho de 2013, com as tais passeatas de junho.

Nunca é demais revisitar o passado recente. Em abril de 2013 Dilma tinha 70% de aprovação popular e logo após as passeatas caiu mais de 30 pontos e permaneceu assim acossada pela propaganda anti-copa. A oposição e sua aliada mídia encontraram o caminho para fazer Dilma "sangrar" desde aquela época.

Dilma só conseguiu reaver sua popularidade após o sucesso da copa e quando, em meio à campanha, assumiu um discurso certeiro contra o retrocesso tucano e a favor do projeto popular de desenvolvimento e tendo em Lula, sempre, o seu ponto de apoio e capital político.

É por isso que Lula acerta na mosca e fala verdades.

Quando os golpistas acreditaram que derrubariam Lula com a farsa do mensalão, foi com a economia e o discurso anti-neoliberal que deu a volta por cima. Foi defendendo um projeto de desenvolvimento da economia real, inclusive anti-FMI, que Lula chegou a 80% de popularidade e fez sua sucessora, duas vezes!

Por mais que o PT seja o partido mais popular do Brasil e tenha raízes nos movimentos sociais de base, foi com Lula e por causa do governo Lula que ele é o que é. Por mais que Dilma seja a "gerente" e tenha, corretamente, uma visão estratégica sobre a infraestrutura, foi com Lula e por causa do governo Lula que ela chegou no Planalto.

E essa é a verdade que Lula não disse e teria, se quisesse, todo o direito de dizer. Sem Lula, o atual projeto de desenvolvimento sequer existiria. Sem Lula, os golpistas já teriam esmagado o PT lá na farsa do mensalão.

Sem a economia não é possível fazer política. Não é possível enfrentar politicamente o avanço conservador. Os "cunhas" da atualidade crescem de maneira diretamente proporcional ao pessimismo da economia. Sem economia não há como defender a Petrobrás dos seus algozes entreguistas.

Toda a pauta progressista está acuada. Um avanço tributário que busque a justiça, a ampliação de direitos às minorias, a consolidação das políticas afirmativas, os avanços educacionais, a política do petróleo, a reforma da mídia, enfim, tudo está em refluxo por causa da economia.

E não é responsabilidade do PT apenas ouvir essas verdades. É obrigação de todo aquele que quer ver o Brasil avançar e de todo aquele que sente enorme angústia ao imaginar no comando do país alguém do naipe de um Aécio, de um Serra e quiçá de um cunha.

Vá de retro!

Ricardo Jimenez 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

"Esquerdista" e "ambientalista": elogios a um grande Papa!

"Esquedista" e, agora, "ecologista" são dois dos adjetivos usados pela direita católica e demais "conservadores tradicionalistas" para contestar as atitudes do Papa Francisco.

Defendem os tais "tradicionalistas", entre os quais se destacam gente do "calibre moral" de um Olavo de Carvalho, que ecologia é coisa de esquerdista ateu ligado ao movimento global "anti-cristão" e que o papel de um Papa deve se restringir às "coisas da fé" e da "defesa das tradições", como, por exemplo, combater o movimento LGBT. É gente que gasta seu tempo defendendo o ódio e a discriminação. Não por acaso esse mesmo pessoal integra o grosso do movimento reacionário atual, gente parecida com aquele canalha que se filmou tentando humilhar e intimidar um haitiano em Porto Alegre.

Vê-se, de pronto, que vindo de quem vem, "esquerdista" e "ecologista" se tornam elogios para um Papa que está conseguindo quebrar o roteiro mundial atual com suas posturas em prol do diálogo, da tolerância, da inclusão, da reflexão sobre as estruturas de uma sociedade cada vez mais desigual e concentradora de renda e, agora, com sua postura firme sobre o tema do meio ambiente.

Com a encíclica "Louvado Seja", Francisco, nome que remonta ao Santo dos ecologistas e da opção pelos pobres, consegue se posicionar de maneira contundente sobre um tema crucial da atualidade. Sem se deixar levar para uma postura dogmática, característica clássica do "ongsmo marinista", Francisco conduz o debate para a questão da diferença dos países ricos e pobres, ou seja, preservar o meio ambiente permitindo que haja a possibilidade de ascensão das economias mais frágeis, com proteção e auxílio das economias mais ricas. Francisco entende de crescimento sustentável.

Uma outra boa notícia dessa encíclica é que claramente ela demonstra o quão frutífera pode ser a reaproximação do pontificado com Leonardo Boff!

Francisco recentemente também deu declarações sobre o debate econômico mundial, colocando o dedo direto na ferida: "as economias emergentes sofrem da chantagem" do "deus" mercado e cada vez mais cortam investimentos econômicos para "honrar" juros da dívida com o financismo. Que o diga a Grécia.

O Papa dá mais uma dentro.

No próximo dia 11 de julho, Francisco se encontrará com o líder LGBT do Paraguai, na Conferência Episcopal paraguaia, onde poderá dar mais um murro na cara do ódio "tradicionalista" e dar mais uma lição de diálogo ao mundo.

Nesses tempos difíceis de malafaias, felicianos, cunhas e tais, Francisco é um sopro refrescante.

Ricardo Jimenez


O Calçadão: 6 meses nos 159 anos de Ribeirão Preto!

Completamos 6 meses no ar nesse dia do aniversário de 159 anos da cidade de Ribeirão Preto.
Parabéns Ribeirão e que seja de fato "uma cidade para todos".

Equipe O Calçadão

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Um coxinha? Um revoltado? Não, só um pateta.

A memória do grande Tancredo não merecia isso.

O cara não vai no Senado, não vai para Minas, não vai nem nas manifestações dos seus coxinhas preferidos, mas vai para a Venezuela passar vergonha?

Sem mais...

Ricardo Jimenez

terça-feira, 16 de junho de 2015

Petroleiros reagem ao entreguista do Wikileaks: o pré-sal é nosso!

Enquanto Aécio Neves continua pagando mico na sua nova vestimenta de olavete-revoltado on line, tentando de todas as formas entrar na Venezuela para criar um factoide direitista, Serra é mais orgânico, cerebral e perigoso!

Já em 2009, ano em que Lula definiu a partilha, o conteúdo nacional e a participação da petrobrás em 30% de todas as explorações no pré-sal, Serra já era flagrado pelo wikileaks prometendo para a multinacional Chevron que, caso eleito, entregaria os imensos poços para a exploração internacional.

As  derrotas de Serra em 2010 e, principalmente, a de Aécio em 2014, ambas para Dilma, abrindo possibilidade de volta real de Lula em 2018, detonaram o estopim do golpe como única forma do entreguismo voltar ao poder central do país. Não à toa foi a Petrobrás o alvo escolhido para buscar o tal golpe.

A política nacional do petróleo é a espinha dorsal de um projeto de desenvolvimento para os próximos 30 anos, inclusive com a perspectiva de um impacto enorme na educação e na saúde, garantidos por lei (aprovada por Lula!). É contra essa perspectiva que agem os entreguistas, liderados por Serra.

Serra representa o período FHC, o período tucano à frente do país. A verdade está no passado, quando FHC rebaixou a empresa, vendeu 49% de suas ações, cortou pela metade seus investimentos, abriu a porteira da corrupção ao flexibilizar o formato de licitações, buscou vender a empresa mudando seu nome para Petrobrax e acabou com a política energética ao abrir o mercado para as multis.

Quando Lula assumiu o poder, a Petrobrás valia 4 vezes menos do que vale hoje, a indústria naval petrolífera não existia e as sondas e plataformas eram construídas no exterior, gerando empregos por lá. Lula e Dilma transformaram a Petrobrás e recriaram para o Brasil um imenso campo de desenvolvimento econômico, tecnológico e social.

É contra isso que se insurge Serra. Assim como Eduardo Cunha, que explora a onda conservadora e reacionária criada pela mídia desde o período pré-Copa para estuprar a Constituição e consolidar o poder econômido na política, Serra explora o mesmo movimento para realizar o que havia prometido em 2009 para a Chevron.

Ele quer entregar o pré-sal! 

A União dos Petroleiros reage e inicia um período de manifestações contra o projeto de Serra e Aloísio (um senador obscuro de São Paulo). Os petroleiros entendem, assim como todos os nacionalistas e aqueles que sonham com um país independente e socialmente justo, que a entrega do pré-sal é um projeto paulista, um projeto que vem do ventre do neoliberalismo representado por aqueles que já comandaram o país mas que foram defenestrados de lá em 2003.

Daqui de nossa pequena trincheira nós de O Calçadão nos somamos aos petroleiros contra o projeto de Serra. Estamos na defesa do projeto nacional de desenvolvimento e a política do pré-sal deve permanecer como está, batendo recordes mensais de produção!

O Brasil não é São Paulo, o Brasil não é neoliberal. A população brasileira votou por quatro vezes seguidas em um projeto anti-entreguista e a vontade popular deve e será respeitada!

Ricardo Jimenez

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Impostômetro e a hipocrisia de uma elite sonegadora!


A mídia tradicional, principalmente os telejornais da vênus platinada, batem todos os dias na tecla do impostômetro. Para os ouvidos de alguns isto pode até soar como algo bom, um posicionamento crítico de uma imprensa antenada. 

Nada disso. O que a mídia faz é apenas reverberar uma hipocrisia e manipular seu público apostando na disseminação da ignorância.

O tal impostômetro foi uma invenção do coxinhismo paulista para medir o quanto de dinheiro vai para as contas do Estado (que a manipulação da mídia tenta sempre deslegitimar como algo obsoleto e dispendioso). Travestido de uma pseudo-preocupação com a competitividade da economia (uma posição liberal), o impostômetro acaba por justificar um argumento tortuoso do coxinhismo, que é este: porque eu vou dar o meu rico dinheirinho para um Estado corrupto e ineficiente? Prefiro ficar eu mesmo com meu dinheiro.

Acontece que além de sonegar e muito, se justificando dessa forma hipócrita e ignorante, o clássico coxinha faz o que com a grana sonegada? Doa para alguma creche?  Financia as atividades de algum hospital filantrópico? Doa para algum projeto de combate à fome? Não. Segundo o INESC ( Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos), mais de 90% do dinheiro sonegado vai para paraísos fiscais (opção número um da burguesia brasileira), para a compra de apartamentos em Miami em nome de laranjas e para coisas mais triviais como viagens à Disney.

As investigações sobre a sonegação que foram levantadas na operação Zelotes da PF e na CPI do HSBC no Senado mostraram que o "sonegômetro" bate em 500 bilhões anuais, em média! Já a corrupção, que integra o argumento coxinha para justificar a sonegação, bate em 88 bilhões por ano.

Repetindo o placar sonegação vs corrupção: 500 contra 88 bilhões. Isto se não considerarmos a sonegação como um dos braços da corrupção!

Em nenhum momento o discurso da mídia toca na questão da estrutura tributária brasileira, que taxa os pobres em 32% da renda enquanto os ricos contribuem com apenas 21%. Em nenhum momento esse discurso hipócrita resvala no problema da sonegação, que retira 500 bilhões de um país de 200 milhões de habitantes e com necessidades gigantescas no campo da saúde, da previdência e da seguridade social.

Na verdade, a mídia, que também é sonegadora, tenta vender o discurso de que pagar imposto é errado e sem ele (o imposto) sobraria mais dinheiro para as pessoas. São os mesmos que jamais se utilizam de saúde pública, ou transporte público ou que tenham preocupação com aposentadoria.

O que a elite não aceita, e jamais aceitou, é em contribuir de verdade para o desenvolvimento nacional e para a diminuição das desigualdades. Quem sustenta o Brasil é o assalariado e não a elite.

O Brasil precisa de uma estrutura tributária que incida sobre o acúmulo de capital (lucro dos bancos, rentismo, heranças, lucros e dividendos e grandes fortunas) e desonere a produção, o consumo e o salário do trabalhador. O Brasil precisa continuar a sustentar o seu Estado de Bem-Estar Social contido no artigo 6 da Constituição Federal de 1988.

O Brasil precisa deixar para trás sua triste sina de ser o país mais desigual e com maior concentração de renda do mundo.

Blog O Calçadão




sábado, 13 de junho de 2015

Dilma é a garantia contra o entreguismo!





Na noite de ontem, dia 12 de junho, Dilma deu uma entrevista para o Jô. Podendo falar com tranquilidade, o que é sempre bom e civilizado, a Presidente pôde se expressar e expressar suas ideias, ao estilo Dilma.

Eu continuo achando que Dilma tem dificuldades na política e assim vai continuar. Mas ela é uma mulher de fibra e tem bem certo o rumo traçado para a continuidade de seu mandato.

Dilma assumiu o país em uma situação difícil, substituindo o Presidente mais bem avaliado da história recente e um verdadeiro monstro da comunicação, enfrentando o pico da crise internacional (que atinge até a China nos últimos 3 anos) e o refluxo conservador patrocinado pela mídia a partir da armadilha da Copa do Mundo e que atiçou os ânimos de figuras como Eduardo Cunha, que não perdem tempo em entregar aos seus financiadores poderosos a cabeça do trabalhador brasileiro numa bandeja.

Mas Dilma tem enfrentado os desafios. Ontem na entrevista ela disse uma frase símbolo do estilo Dilma: " tenho uma enorme capacidade de resistir com a convicção do que faço e sabendo que o pior sempre passa". Assim ela resistiu ao cárcere, à tortura, aos xingamentos de coxinhas na Copa e ao momento turvo do seu início de mandato.

Dilma é uma mulher exemplar e uma Presidente firme. Tem suas convicções. Claro que sou contra o "ajuste Levy", mesmo entendendo que o contexto de chantagem do capital ainda é muito forte. Mas Dilma é admirável.

A Presidente tem a cabeça no nacionalismo desenvolvimentista e acredita que as obras de infraestrutura são fundamentais para o país romper o gargalo da inflação estrutural com a qual o país se confronta em todos os momentos de maior crescimento. Dilma é, por ser Dilma, a garantia de manter o pré-sal sob o comando nacional e o conteúdo nacional. E, para minha surpresa, na entrevista de ontem, deu inclusive pistas de que a desvalorização cambial recente, mesmo repicando na inflação no curto prazo, é algo que ela vê como positivo para as contas públicas e para a indústria, no médio prazo, pelo reflexo no aumento das exportações.

Dilma está começando a ficar otimista. A desmoralização da lava-jato é grande entre os formadores de opinião e, não podendo pegar Dilma, já mira Lula, mostrando o medo da Casa Grande com 2018. O discurso coxinha já cansou, ninguém aguenta mais e ninguém é bobo para ser enganado o tempo todo. Vide a crise na mídia tradicional.

Sobre a lava-jato, Dilma foi definitiva ao dar uma declaração à imprensa francesa ao ser perguntada sobre o tema: "é impossível associar o meu nome! Impossível, pois eu sei e garanto o que faço".

Dilma é a garantia contra o entreguismo. Entreguismo representado pelos tucanos!

Dilma é o pilar que consolidará a política do petróleo instituída por Lula em 2009 e que gerou profundo ódio no entreguismo.

Abaixo um memorando do Ministério da Fazenda de 1999, mostrando o que é o "pensamento" tucano. Pensamento esse que tanto mal fez ao Brasil entre 94 e 2003 e que faz tanto mal ao Estado de São Paulo.







Ricardo Jimenez

quinta-feira, 11 de junho de 2015

O BNDES é nosso patrimônio. Devemos mantê-lo bem longe do entreguismo tucano!!




O BNDES é o resultado de um sonho daqueles que pensavam o Brasil como um país grande e autônomo. É um sonho de gênios como Celso Furtado.

Pensar o desenvolvimento significa entender que nenhum país do mundo se desenvolveu sem que o Estado tivesse uma forte participação na sua alavancagem econômica.

Gênios como Celso Furtado e nacionalistas como Brizola e Darcy Ribeiro não olhavam o Brasil com os olhos da dependência, como sempre fez e faz um certo ex-sociólogo de bico grande. Não! Os nacionalistas e desenvolvimentistas veem o Brasil com um olhar amplo, o de uma potência média em crescimento e que tem imensas responsabilidades com seus mais de 200 milhões de habitantes e com o desenvolvimento dos seus vizinhos regionais, em uma visão de compartilhamento e cooperação.

Isso fica claro nas posturas de petistas e tucanos em relação ao MERCOSUL e à integração regional. Pergunte a qualquer líder político sul-americano quem ele prefere como interlocutor político, um petista ou um tucano, e verá que até mesmo os mais conservadores gostam mais da visão integradora petista do que da visão estreita e arrogante de um tucano.

É nesse contexto que se insere o BNDES!

Foi a partir de Lula que o BNDES passou a agir como um verdadeiro banco público de investimentos deve fazer. Os avanços são inegáveis, não só no Brasil, mas em toda a América do Sul.

Nesse momento em que o entreguismo tucano e reacionário se volta contra o banco, é preciso começar a revisitar a sua história recente e a forma como os tucanos lidam com o patrimônio nacional.

É bom lembrar que foram os tucanos que usaram o BNDES para financiar as empresas que compraram a Vale, as companhias elétricas, as telefônicas no processo chamado carinhosamente de privataria! Venderam o patrimônio nacional financiando os compradores estrangeiros com dinheiro público! Naquela época, 88 bilhões de reais do BNDES foram engordar os cofres das multis espanholas, italianas, inglesas e estadunidenses que ainda saíram levando na sacola o patrimônio que o Brasil tinha levado 50 anos para construir.

É bom lembrar que foram os tucanos que venderam o Banespa em São Paulo e, depois, foi José Serra que entregou a Nossa Caixa para o Banco do Brasil!

Boa parte da crise paulista de hoje, que não consegue acompanhar o desenvolvimento do Nordeste e do Centro-Oeste, vem dessa visão tacanha típica dos tucanos.

Há uma diferença bem grande na forma como o governo petista enxerga o processo de desenvolvimento e a forma tucana de lidar com o mesmo tema.

Tucano tem arrepio quando tem que financiar alguma coisa que leve cimento e aço, mas delira com a palavra "abrir o mercado" ao capital internacional.

O BNDES é um patrimônio nacional e nasceu da prancheta de gente que pensava o país, gente muito diferente dos tucanos!

Compartilho um artigo do Marcelo Zero, no Brasil 247, que contribui bastante com todos que querem saber um pouco mais sobre o BNDES para enfrentar a hipocrisia tucanóide.

Ricardo Jimenez

Por Marcelo Zero 
Em 1996, a EMBRAER participou de sua primeira grande concorrência internacional.

Tratava-se do fornecimento de 150 aeronaves para as empresas americanas de aviação regional ASA e Comer. A Embraer entrou na concorrência com o seu ERJ-145, um jato regional moderno e eficiente. Era o melhor avião e ainda tinha a grande vantagem de ser o mais barato.

Contudo, a EMBRAER perdeu. Perdeu para a Bombardier, que oferecia melhores condições de financiamento para os compradores, pois contava com forte apoio governamental para a comercialização de suas exportações.

Pouco tempo depois, a gigante American Airlines lançou concorrência de US$ 1 bilhão para a compra de jatos regionais. Era a grande oportunidade que a Embraer tinha de pagar o custoso desenvolvimento do ERJ-145 e de se lançar no promissor mercado internacional de aviação regional, que crescia exponencialmente.

Mas a Embraer sabia que não tinha a menor condição de ganhar a concorrência, mesmo tendo o melhor avião, se não contasse com condições de financiamento semelhantes às que dispunham as suas concorrentes.

Resolveu, então, bater na porta do BNDES. A Embraer tinha de oferecer um financiamento à American Airlines que contemplasse não apenas taxas de juros baixas e amortização de longo prazo, mas também a garantia da devolução das aeronaves, caso houvesse algum problema com os equipamentos.

Para o BNDES, era uma aposta de risco considerável. A Embraer era novata nesse mercado e, caso ocorresse algum problema com as suas aeronaves, o banco ficaria em maus lençóis. Nenhum banco privado, nacional ou internacional, queria assumir esse risco.

O BNDES, entretanto, resolveu confiar na Embraer e ofereceu o financiamento com todas as garantias exigidas pela American Airlines.

Resultado: a Embraer ganhou a concorrência e, com isso, iniciou uma carreira vitoriosa no mercado internacional de aviação regional e executiva.

Hoje, a Embraer oscila entre a terceira e a quarta maior empresa mundial do setor. Apenas em 2013, entregou 90 aeronaves comerciais e 119 de aviação executiva, obtendo uma receita líquida de R$ 13, 64 bilhões. É, de longe, a empresa brasileira que mais exporta produtos de alto valor agregado, gerando altos rendimentos e empregos muito qualificados no Brasil.

Assim, a Embraer e o Brasil aprenderam a lição. Não se faz exportações volumosas de bens e serviços, no concorridíssimo mercado internacional, sem apoio financeiro governamental e bancos públicos de investimento.

A Embraer da qual tanto nos orgulhamos simplesmente não existiria, caso não tivesse contado com o apoio do BNDES.

Ironicamente, o orgulho justificado que dedicamos à Embraer não se estende ao banco público que financiou o seu sucesso e o de tantas outras empresas brasileiras.

Ao contrário, há, atualmente, uma grande campanha contra esse estratégico banco público de investimentos.

Uma campanha bem sórdida, por sinal. A desonestidade intelectual que cerca o debate sobre a atuação desse grande banco público de investimentos é assustadora. A bem da verdade, ou é desonestidade intelectual assustadora ou é ignorância abissal.
Com efeito, divulgou-se uma série de mentiras deslavadas sobre esse banco.
Disseram, por exemplo, que o BNDES investe muito em obras na Venezuela, Cuba, Angola, etc., em detrimento dos investimentos imprescindíveis para o Brasil.
Ora, como bem assinalou o presidente Luciano Coutinho, entre 2007 e 2014, as operações de apoio à exportação de serviços do BNDES corresponderam a apenas cerca de 2% do total dos financiamentos que foram oferecidos pelo banco.
Portanto, o BNDES investe ao redor de 98% de seus recursos no Brasil.
Mesmo assim, há gente que, iludida pelas mentiras divulgadas, quer simplesmente proibir o BNDES de dar apoio financeiro à exportação de serviços. A natureza obviamente beócia da proposta deveria saltar aos olhos até do reino mineral, caso lá houvesse olhos, mas há gente que a leva a sério, mesmo no Congresso Nacional.
Da mesma forma, alegou-se que as taxas usadas pelo BNDES para a exportação de serviços constituíam “subsídios indevidos” às empreiteiras. Argumento muito parecido ao usado pelo governo canadense, quando nos acionou na OMC quanto às exportações da Embraer. Ora, o uso das taxas Libor nessas operações foi estabelecido em 1996, pois, para ser competitivo no mercado mundial, é necessário praticar financiamentos com base em taxas internacionais.
Insinuaram também que o sigilo envolvido nas operações financeiras de exportação de serviços destinava-se a ocultar ilícitos e favorecimentos ideológicos a governos “comunistas” e “bolivarianos”, lançando uma suspeita indigna sobre o BNDES, banco que opera com critérios técnicos rigorosos e no qual a análise da concessão de um grande empréstimo demora, em média, 450 dias.
Ora, o BNDES não pode divulgar os detalhes dessas operações financeiras não porque não queira, mas simplesmente porque não pode. Ele é proibido por lei de fazê-lo.
A Lei Complementar nº 105, de 2001, ratificada no segundo governo tucano, protege o sigilo do tomador de empréstimo, independentemente do banco ser público ou privado. Não interessa se o empréstimo foi obtido junto ao Itaú, ao Bradesco, ao Banco do Brasil ou ao BNDES: a proteção jurídica é a mesma.
Há quem argumente, entretanto, que, no caso de banco público, não deveria haver nenhum sigilo. Bom, nesse caso, a lei tucana teria de ser modificada.
O problema maior, porém, não é esse. Leis podem ser modificadas. A dura realidade do concorrido mercado internacional de bens e serviços não pode.
Imaginemos o cenário idealizado pelos que propugnam pela total transparência dessas operações financeiras. Caso a Embraer precisasse do apoio do BNDES para fazer uma grande exportação de aeronaves, esse banco estaria obrigado a divulgar ao público informações sensíveis e estratégicas da empresa, como nível de endividamento, capacidade de pagamento, nível de exposição ao risco, probabilidade de êxito na concorrência, competitividade do bem a ser exportado, estratégia de atuação da empresa no mercado mundial, etc.
Bonito, não? Bonito, e por certo, muito inteligente também. A Bombardier e outras empresas concorrentes das empresas brasileiras lá fora concordam inteiramente.
É por isso que nenhum banco que financia exportações no mundo divulga detalhes sensíveis dessas operações. Os americanos não o fazem, os alemães e os chineses, tampouco. Ninguém faz. É fácil imaginar a razão. Menos no Brasil.
Na realidade, conforme a Open Society Foundations, principal ONG mundial dedicada à transparência, o BNDES já é o banco de investimentos mais transparente do mundo. E essa transparência não adveio de pressões recentes. Ela já fazia parte da linha de atuação do banco há bastante tempo. Conforme o testemunho da Open Society, que participou de muitas reuniões com o BNDES, o programa de crescente transparência do banco avançou por iniciativa da própria gestão do BNDES.
Há muito que o BNDES disponibilizava informações sobre essas linhas de crédito que praticamente nenhum banco semelhante do mundo fornecia. Junto com o Eximbank dos EUA, o BNDES era o único banco que, há anos, oferecia ao público informações como relatórios detalhados anuais, portal de transparência com possibilidade requisição de informações e estatísticas detalhadas online.
O novo portal apenas ampliou a transparência já existente.
Tudo isso deveria ser motivo de orgulho em qualquer país do mundo. Menos no Brasil.
Aqui continuam as acusações parvas contra o banco e as iniciativas para submeter o BNDES a uma CPI. Sempre com argumentos desonestos e mal informados.
Quando a Embraer começou a incomodar a Bombardier com sua concorrência, o governo canadense logo tratou de questionar o financiamento de suas exportações na OMC. Não bastasse, acabou levantando suspeitas de que o gado “verde” brasileiro poderia estar contaminado com o mal da vaca louca. Um golpe desonesto, que, por iniciativa do então deputado Aloizio Mercadante, provocou a pronta resposta do Congresso Nacional, o qual sustou a tramitação dos atos internacionais firmados com o Canadá. Assim, o Legislativo brasileiro defendeu o Brasil, a Embraer e, por tabela, o banco que financiou seu sucesso mundial.
Agora, setores desse mesmo Congresso perseguem o BNDES, com argumentos tão toscos e desonestos quanto o usado pelo governo canadense.
Não se sabe ao certo no que isso vai dar.
Uma coisa, porém, é certa: a Bombardier agradece.
Haja vaca louca!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Construção sobre as nascentes do córrego Antártica: Ribeirão Preto é refém da especulação imobiliária e o meio ambiente é desprezado.

Ribeirão Preto é uma cidade dominada pelo poder financeiro. As empreiteiras dominam os principais gabinetes do Palácio Rio Branco ( a Casa Civil, a Secretaria de Governo e a sala do (a) Prefeito) além da Câmara de Vereadores.

Temos uma cidade sem planejamento, sem um zoneamento urbano adequado e sem nenhum projeto que sequer resvale em um plano de cidade que ao menos vislumbre o combate às desigualdades e à preservação ambiental.

A especulação imobiliária desenfreada causa danos ambientais e convive com um dos maiores índices de favelização do país nos últimos 25 anos.

Temos a "zona sul" dos bacanas e o domínio total de qualquer área urbana que sirva aos interesses da especulação imobiliária. Não importa se nos locais de interesse possam estar passivos ambientais importantes.

O restante dos bairros (os bairros populares), onde os especuladores não têm interesse, estão abandonados em todos os sentidos.

Em uma cidade onde o meio ambiente é desprezado e que tem pouquíssima cobertura vegetal, sofre o Aquífero Guarani e sofrem os córregos urbanos.

Se já não bastasse a poluição e a construção desenfreada (até de lixões) nas áreas de recarga do Aquífero, a cidade entrega para as empreiteiras duas áreas que deviam ser protegidas, já que são áreas de nascente de córregos: a imensa área onde nasce o córrego dos Catetos, entre a Costábile Romano e Arnaldo Vitaliano (que deveria ser um imenso parque municipal de proteção ambiental), e a área de nascente do córrego Antártica (no Monte Alegre).

Os nossos queridos políticos embalados pelos poderosos interesses do capital parecem dizer ao povo: "Vamos acabar logo de uma vez com esse líquido impertinente que só nos atrapalha: a água".

2016 é ano de eleição municipal. Que cidade queremos para o futuro, esta de joelhos para a especulação ou uma cidade que enfrente interesses em busca de uma maior qualidade de vida com diminuição das desigualdades?

Com a resposta o povo!

Ricardo Jimenez e Marcelo Botosso - Equipe O Calçadão


Brasil padrão FIFA


Os recentes escândalos envolvendo a FIFA me fizeram pensar em algumas questões:
• Por que a Polícia Federal não investigou o pessoal da CBF antes?
• Por que o digníssimo senador Aécio Neves, quando presidiu a CPI da Nike na Câmara dos Deputados, não quis prorrogar as investigações e antecipou o seu desfecho?
• Uma vez que há empresas muito mais corruptas que a FIFA nos EUA e que, nem por isso, o Tio Sam faz um escândalo parecido; uma vez que o futebol não é a paixão maior dos estadunidenses, cabe a pergunta: Qual é o real interesse dos norte-americanos nessa história toda?
• Em relação à candidatura alemã para 2006, com a suspeita de que os bávaros enviaram lança-chamas para a Arábia Saudita para obterem o voto deste país, a imprensa alemã irá pedir a cabeça da Angela Merkel?
* Por que a Globo ainda não foi delatada?
Não tenho as respostas para tais questões, mas pelo menos sei o porquê dos coxinhas terem vaiado a Dilma durante a Copa e pedirem um Brasil padrão Fifa. É pelo mesmo motivo que são contra o fim do financiamento privado de campanhas.
Retomo a bela letra do agora amigo de Netanyahu:
“Narciso acha feio o que não é espelho.”

Filipe Augusto Peres, poeta de O Calçadão

Instituto Território em Rede critica falta de transparência e diálogo em projeto de lei que pode condenar áreas de APPs

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