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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Abandono em massa de Professores e jovens ocupando escolas: o colapso da Educação paulista!


Se há uma vítima maior nessas duas décadas de administração tucana em São Paulo, essa vítima maior é a educação pública.

Se em meados dos anos 90 ainda era possível visualizar algum brilhantismo e esperança na educação pública do Estado, hoje se vê que, 21 anos depois, não restou quase nada.

A profissão docente sofreu um violento processo de empobrecimento e fragilização. Os índices de violência dentro das escolas e em suas imediações contra professores são mascarados por ordem do governo do Estado. Funciona assim: as Diretorias de Ensino pressionam duramente os diretores de escolas para que estes pressionem seus docentes impedindo-os de registrar boletins de ocorrência. Essa prática é tão contundente que torna os números sobre a violência nas escolas totalmente distorcidos.

Outro número mascarado é o de profissionais doentes, estressados. Muitos vão quebrando o galho com pequenas licenças médicas, às vezes mensais, às vezes semanais. Quantos docentes burlam o seu estresse através de atestados médicos? Quantos choram pela manhã antes de ir trabalhar?

Mais de 50% dos docentes são contratados sem concurso, de maneira precária, não lecionam na sua área de formação e ao fim de um ciclo de trabalho são proibidos de trabalhar na rede por 200 meses, a famosa "duzentena". Uma política sistemática da era tucana para não criar vínculo empregatício e que contribui substancialmente para a destruição da carreira docente no Estado.

Mesmo os professores concursados, efetivos, sofrem cada vez mais. Trabalhar em duas, três escolas não é mais exceção, é regra. São Paulo paga o 14o salário do país, cerca de 2500 reais iniciais para 40 horas, o que obriga a maioria a trabalhar também na rede municipal, somando mais de 60 aulas semanais em sua jornada estafante.

O corpo docente paulista é envelhecido, desestimulado, mal remunerado, doente e, grande parte, conformado. É como uma síndrome de Estocolmo pedagógica, de tanto sofrer passam a admirar o carrasco, não enxergando saída. Cerca de 30% está na iminência de se aposentar e até aí enfrentam um drama. Às vezes a espera para a liquidação de tempo e publicação da aposentadoria dura mais de 1 ano, causando impacto pedagógico.

A renovação do corpo docente é lenta e frágil. Os melhores acabam entrando na rede e a abandonando com menos de dois anos de trabalho. Só em 2015 foram 30 mil pedidos de exoneração, um recorde.

Recentemente, os alunos da rede têm dado um exemplo de consciência e combatividade ao ocuparem escolas contra o fechamento delas pela 'reorganização' da rede proposta pelo governo tucano. Muito mais do que lutar contra a reorganização, esses jovens dão um recado claro de que compreendem a importância da escola pública e que não concordam com os rumos dados nos últimos 21 anos. Certamente que a escola dos sonhos desses jovens filhos de trabalhadores da periferia não é a escola herdada de duas décadas tucanas no Estado.

Gesta-se em São Paulo um profundo programa neoliberal de desmonte do setor público. Isso já acontece largamente na saúde paulista com a entrega da gestão para 'organizações sociais', grupos privados geridos por bancos e empresas e que funcionam como um intermediário entre o Estado e o serviço público. É, na prática, a privatização do sistema. A crise atual na Santa Casa é apenas o começo da crise na saúde estadual que está por vir.

O mesmo é planejado para a educação. O ensino fundamental será completamente municipalizado até 2018 e o que restar, o ensino médio, vai ser entregue para as tais 'organizações'. O ensino noturno, histórico instrumento de educação e qualificação do trabalhador, já acabou na rede paulista e o que restar do ensino médio, principalmente na periferia, será privatizado.

Alguns entendem, e este blog também, de que a intenção dos tucanos e da direita paulista é transformar as escolas de periferia em modernos presídios. Um depósito de pobres cercado pela polícia do lado de fora. A escola paulista tucana do futuro será um matadouro de sonhos, a contramão da história de inclusão que tem pautado os últimos anos no Brasil. O pensamento paulista tucano é feito para beneficiar a elite, suas universidades estaduais demonstram isso ao insistirem em não aplicar políticas de cotas.

Para a São Paulo tucana, lugar de pobre é no gueto.

E para aqueles que reclamarem, tem o gás de pimenta, a borrachada e, em último caso, a bala.

Tucanistão.



Ricardo Jimenez

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