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Parte da capa do livro, Holocausto Paulista, de Leonardo Sacramento |
A partir do livro, Holocausto Paulista, de Leonardo Sacramento
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no período de invasão,
de colonização,
o povoamento sempre vem a cabo
o aldeamento
o cerco-confinamento
como enxame de gafanhotos
colonos
praga imperialista
latifundiária
devoram campos inteiros
comem os corpos
e deixam atrás de si
desespero e deserto
escombros e sangue
o extermínio dos Kaingang
pelos bandeirantes,
fazendeiros latifundiários,
escravocratas,
como fogo ateado em mata verde,
reduziu árvores vivas
vidas
a carvão e ocultamento
pouco se diferencia
do modus operandi do Estado de Israel
sobre os palestinos,
que cava trincheiras no próprio ar,
que faz do céu uma prisão invisível
visível
campo de concentração
e da fronteira arma apontada a civis
desumanizando populações residentes
populações de milênios ali
rasgam identidades
assim como os idosos
e fazem todos
pergaminhos jogados ao fogo
e tanto uns como o outro
fazem da luta pela vida
pelo direito de existir
de resistir
desta reação crime
e pólvora contra arcos e flechas
como terremoto contra formigueiro
drones e bombas
como enxames de vespas metálicas
a atacar crianças
que mal aprenderam a dizer seus nomes
a atacar mães
que já não terão seus frutos
2
ao ocidente
aos desavisados
aos fanáticos
a disseminação da ideia
de inimigos irreconciliáveis
como máscara de ferro
colocada sobre o rosto dos oprimidos
pintados como bárbaros, terroristas,
fantasmas pintados
para legitimar o massacre
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