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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Holocausto

 

Parte da capa do livro, Holocausto Paulista, de Leonardo Sacramento 

A partir do livro, Holocausto Paulista, de Leonardo Sacramento

1


no período de invasão,

de colonização,

o povoamento sempre vem a cabo

o aldeamento 

o cerco-confinamento

como enxame de gafanhotos


colonos

praga imperialista

latifundiária

devoram campos inteiros

comem os corpos 

e deixam atrás de si 

desespero e deserto

escombros e sangue


o extermínio dos Kaingang

pelos bandeirantes,

fazendeiros latifundiários,

escravocratas,

como fogo ateado em mata verde,

reduziu árvores vivas

vidas 

a carvão e ocultamento


pouco se diferencia

do modus operandi do Estado de Israel

sobre os palestinos,

que cava trincheiras no próprio ar,

que faz do céu uma prisão invisível

visível 

campo de concentração 

e da fronteira arma apontada a civis


desumanizando populações residentes

populações de milênios ali

rasgam identidades

assim como os idosos 

e fazem todos

pergaminhos jogados ao fogo


e tanto uns como o outro

fazem da luta pela vida

pelo direito de existir

de resistir

desta reação crime


e pólvora contra arcos e flechas

como terremoto contra formigueiro

drones e bombas

como enxames de vespas metálicas

a atacar crianças

que mal aprenderam a dizer seus nomes

a atacar mães 

que já não terão seus frutos


2


ao ocidente

aos desavisados 

aos fanáticos 

a disseminação da ideia

de inimigos irreconciliáveis


como máscara de ferro

colocada sobre o rosto dos oprimidos

pintados como bárbaros, terroristas,

fantasmas pintados

para legitimar o massacre

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