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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Visitamos a escola Bruno Pieroni ocupada em Sertãozinho

Fotos: Roberto Tofoli

A Escola Estadual Bruno Pieroni, localizada em bairro de classe média, existe há mais de 60 anos em Sertãozinho/SP. Sempre foi e é considerada até hoje uma escola de excelência, como me informa orgulhosa uma das alunas que a ocupam desde o dia 23 de novembro: "Aqui estudam os melhores alunos, todo mundo quer vir pra cá".
A ocupação foi decidida em assembleia entre os alunos quando se ficou sabendo que na lista da 'reorganização' divulgada pela Diretoria de Ensino constava o fechamento da Bruno Pieroni.

São, até a última contagem feita pela Apeoesp, 213 escolas ocupadas em todo o Estado. Em quase todas elas há o importante envolvimento da comunidade local e dos professores, como me informam os Conselheiros Estaduais da Apeoesp Fábio Sardinha e Roberto Tofoli, presentes no local durante o dia para apoiar o movimento e para garantir a integridade e segurança dos jovens.
Segundo Sardinha, "ontem foi um dia tenso porque um Procurador Estadual esteve no local com três viaturas da polícia buscando negociar uma saída para o impasse. A presença da Apeoesp e dos professores é fundamental nesse momento de negociação, mas é preciso entender que esta é uma decisão dos alunos e da comunidade". O Procurador disse que a reintegração será inevitável, mas a ocupação permanece.

Segundo o professor Gustavo e as lideranças estudantis, houve uma reunião com o Prefeito municipal sobre a questão do fechamento da escola. Segundo informações, o Prefeito pediu que os alunos recolhessem pelo menos 5 mil assinaturas num abaixo-assinado para o mesmo levar à uma reunião com o Secretário da Educação. A reunião já foi realizada em São Paulo mas até agora não houve retorno do Prefeito.

O conselheiro Roberto Tofoli informou ao blog que há uma forte pressão por parte da diretoria de Ensino (localizada ao lado da escola) e que há promessas vagas de que o prédio será transformado em uma escola técnica e que os alunos serão transferidos para uma nova escola que está sendo construída no bairro Santa Marta. Mas os alunos recusam esta opção: "eles desejam permanecer aqui, na escola deles", me disse Roberta Poltronieri, da UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas), entidade estudantil que acompanha as ocupações no Estado todo e que se coloca frontalmente contra o fechamento de escolas por parte do governo estadual.

O Calçadão - Opinião

O blog O Calçadão se coloca totalmente na defesa dos jovens que ocupam as escolas no Estado todo. É inadmissível o fechamento de escolas e a única solução para lidar com um governo intolerante é a luta.

Já dissemos aqui que o posicionamento dos estudantes de São Paulo é um exemplo para todos nós. Eles levantam a bandeira da educação pública, fundamental para o futuro dos jovens filhos de trabalhadores e do Brasil.

Claro que há o enfrentamento de uma realidade adversa. O avanço conservador é real. Em Sertãozinho giram boatos de que os alunos estariam vandalizando as escolas. Mentira. O Calçadão viu uma escola organizada e os alunos preocupados em apenas lutar pelos seus direitos. Há assembleias diárias, aulas, palestras e eventos culturais. Seria importante a adesão total dos professores e da comunidade.



Há boatos espalhados por desinformados, dizendo que o 'MST' estaria na escola, como se isso fose algo ruim (bom, na cabeça de conservador mal informado talvez). Teve até um vereador do PSDB espalhando isso na cidade. Certamente confundindo com o MTST, que realmente participa de algumas ocupações na cidade de São Paulo.

Enfim, que essa moçada siga em frente e envolva mais pessoas. Que a ocupação das escolas faça o governo voltar atrás na sua decisão esdrúxula, que só cabe dentro de um governo neoliberal que deseja transformar a educação pública em algo terceirizado, destruindo uma construção coletiva de décadas e indo de encontro com o desejo nacional manifesto nas últimas Conferências Nacionais da Educação.

Que os professores participem mais, que eles possam comparecer nessas escolas e as façam funcionar junto com os alunos e comunidade, dando um exemplo digno para a sociedade. Os professores são, junto com seus alunos, as maiores vítimas desse governo.

Obrigado, meninos, a educação pública agradece a sua luta.

Ricardo Jimenez

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