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quarta-feira, 16 de junho de 2021

CPI da Pandemia: Witzel acusa Bolsonaro de persegui-lo por investigar morte de Marielle Franco

 

Renan Calheiros (MDB), Randolfe Rodrigues (REDE) e Wilson Witzel (PSC)
Fotos: Agência Senado

"Quando foram presos os dois executores da Marielle, o meu calvário e a perseguição contra mim foi inexorável".

Nesta quarta-feira (16) a CPI do Senador ouviu o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel. Antes de vir a audiência, o STF já havia concedido habeas corpus que permitia que Witzel ficasse calado, além de não precisar assumir o compromisso de dizer a verdade. Tendo sofrido impedimento em setembro de 2020, o ex-governador do Rio de Janeiro foi convocado por conta de denúncias de que teria se beneficiado de um esquema de corrupção no início da pandemia.

Em seu depoimento Wilson Witzel acusou o governo federal de comportar-se intencionalmente para deixar estados sem condições de comprar insumos e respiradores. O ex-governador do RJ afirmou que a intenção do governo Bolsonaro foi se livrar das consequências da pandemia e defendeu suas ações contra esta mesma pandemia, acusando também deputados de sabotarem os hospitais de campanha.

"Só não conseguimos evitar mais mortes porque não tivemos a coordenação do governo federal. A sucessão de ministros da Saúde dificultou. Deputados sabotaram os hospitais de campanha."

Quando questionado por Renan Calheiros, sobre o nível de cooperação do Ministério da Saúde durante a pandemia, o ex-governador disse que este foi "praticamente zero". Wilson também relatou que não teve apoio das Forças Armadas para montar hospitais de campanha.

Ainda respondendo a Renan Calheiros, Witzel afirmou que o "aparelhamento" do Estado "contamina as instituições" e serviu de preparação para o governo federal "jogar pesado contra governadores e prefeitos" durante a pandemia. 

Witzel (PSC) responde ao relator Renan Calheiros (MDB) na CPI da Pandemia.

Governo Federal negou verba para a disponibilização de 1500 leitos de hospitais

Witzel disse ao senador Humberto Costa (PT-PE) que pediu a gestão dos hospitais federais no RJ verba para atender o SUS. O ex-governador afirmou que tinha intenção de construir 1.500 leitos de hospitais de campanha mas que este leitos “foram sabotados para criar o caos".

Depois, sugeriu a senadora Eliziane (Cidadania-MA) que a CPI quebre sigilo do ex-ministro Mandetta e do empresário Roberto Bertholdo para investigar se houve interferência para a contratação do Iabas na construção de hospitais de campanha no RJ.

Nota: Wilson Witzel é investigado por crimes de responsabilidade em fraudes na compra de equipamentos e celebração de contratos durante a epidemia de coronavírus.

O ex- governador sofreu impeachment por promover, em março de 2020, a requalificação da organização social (OS) Unir Saúde para firmar contratos com o estado e ao contratar a OS Iabas para construir e administrar sete hospitais de campanha anunciados pelo governo no início da epidemia de Covid-19.

Witzel quer reunião sigilosa para revelar “fato gravíssimo” do governo federal

Durante o depoimento, ex-governador afirmou que revelará, em reunião sigilosa, "fato gravíssimo", que implica a intervenção do governo federal. Com base nessa afirmação, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que vai apresentar requerimento para depoimento em reservado de Witzel. 

ex-governador Wilson Witzel (PSC)

Para Witzel, cassação tem relação com a Morte de Marielle Franco

Wilson Witzel disse à CPI que foi cassado por um tribunal de exceção e classificou seu impeachment como uma “vergonha para a história do Brasil” porque o tribunal foi totalmente parcial”. O ex-governador afirmou que foi cassado por ter investigado a morte de Marielle Franco.

“Tudo começou porque mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle. Quando foram presos os dois executores da Marielle, o meu calvário e a perseguição contra mim foi inexorável. Ver um Presidente da República ir numa live em Dubai, acordar na madrugada, para me atacar, para dizer que eu estava manipulando a polícia do meu estado, ou seja, quantos crimes de responsabilidade este homem vai ter de cometer até que alguém pare ele?"

Witzel também acusou a subprocuradora Lindora Araújo de ser parcial nas investigações envolvendo repasses federais aos estados. WW afirma que pediu o afastamento da procuradora porque estaria claro o interesse dela na narrativa do governo federal.

Disputa política dentro do bolsonarismo

Ex-governador Wilson Witzel disse ter sofrido perseguição política e relatou que ouviu do ex-ministro da Justiça Sergio Moro um recado, segundo o qual Bolsonaro o teria mandado “parar de dizer que quer ser presidente”.

Em um determinado momento da audiência, o advogado de Witzel pediu a retirada de deputados da sala de reuniões, mas o senador Omar Aziz (PSD-AM) negou a questão de ordem. Os senadores Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues ofereceram a oportunidade de uma reunião secreta, mas o ex-governador rejeitou. 

Advogado de Witzel pediu questão de ordem mas esta foi negada pelo presidente Omar Aziz.

Retirada de Witzel

O senador governista Eduardo Girão (Podemos-CE) questionou Witzel sobre investigações de superfaturamento enquanto ele foi governador do Rio. Com base no habeas corpus dado pelo STF, Wilson Witzel deixou a CPI. Após a sua retirada, o presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz encerrou os trabalhos da quarta-feira.



Fonte: Agência Senado

 



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