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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

No país do futebol a bola da vez é a educação

A presidenta reeleita Dilma Rousseff tomou posse dia primeiro e em seu discurso fez importantes apontamentos de como pretende conduzir seu segundo mandato. Muito embora discursos são sempre discursos, o que significa que nem tudo aquilo que se fala necessariamente seja cumprido ipses litteris, ele se torna uma referência na qual nos viramos e buscamos alcançar. Um dos principais anúncios feitos pela presidenta nesse discurso (em minha opinião, o principal) foi o lema do seu segundo mandato: “Brasil, Pátria Educadora!”.

O slogan de um governo pode ser apenas um slogan ou pode significar aquilo que se pretende ser (alcançar). Se lembrarmos, os últimos governos tiveram como slogan: “Brasil, um país de todos.” e “Brasil, país rico é país sem pobreza.” Nos dois governos do presidente Lula a pretensão de que o Brasil fosse de fato um país de todos marcou a implementação de inúmeras políticas de inclusão social e combate a fome (reconhecidas hoje internacionalmente), tendo como resultado vencido a tragédia da fome e diminuído em todos os anos de seu governo a desigualdade social. Já no primeiro mandato da presidenta Dilma, o foco foi erradicar a pobreza e a ela anunciou em seu discurso o resgate de 36 milhões de pessoas nessa situação.

Para que o país continue a avançar e diminuir as desigualdades, o governo e sua equipe reconheceram a importância da educação nessa tarefa. Nas últimas décadas, o país conseguiu praticamente universalizar o acesso ao Ensino Fundamental e avançou muito no acesso ao Ensino Médio (embora este ainda seja um grande problema a ser resolvido). No entanto, a quantidade de matrículas não foi acompanhada com a devida qualidade de ensino, gerando um contingente enorme de ‘analfabetos funcionais’. E hoje, muito embora o país tenha uma das menores taxas de desemprego do mundo, vivemos uma espécie de ‘apagão’ de mão de obra qualificada que trava o desenvolvimento e a economia e estagnou a diminuição das desigualdades.

Falando sobre os Resultados do ENEM disse que a educação pode contribuir, por um lado, para diminuir as desigualdades sociais tendo em vista que com acesso a mais (e melhor!) escolarização as pessoas terão condições de almejar melhores empregos e, consequentemente, melhores salários, provocando também muitos efeitos benéficos na economia, uma vez que, quanto mais conhecimento, maior é o valor agregado aos produtos (vide caso da Alemanha). Mas, por outro lado, a educação pode também contribuir para sustentar tais desigualdades quando esta não promove a ascensão social, pois não dá a oportunidade de acesso aos mais pobres, a educação de boa qualidade.

Enfim, ao colocar a educação como lema de seu governo, Dilma toma uma decisão estratégica (mesmo porque, como ela disse, nos próximos anos a educação passará a receber maior quantidade de dinheiro devido ao pré-sal) e deixa clara a importância que a educação terá em nosso país nos próximos anos se quisermos ser um país de todos e sem pobreza.

Ailson Vasconcelos da Cunha, professor e doutorando. Um eterno aprendiz.

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