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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Quem está no relatório da Polícia Federal que revelou detalhes da tentativa de golpe contra os estado democrático de direito?

 


Documento que descreve plano envolvendo desinformação, coação militar, ações clandestinas cita lideranças do governo Bolsonaro além do próprio ex-presidente

Em um relatório de 884 páginas, a polícia federal conclui que uma organização criminosa tentou derrubar o Estado Democrático de Direito. O objetivo era impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente em 2022.

O documento detalha as ações golpistas entre junho de 2023 e novembro de 2024 e trouxe detalhes de ações como disseminação de desinformação, coação de militares, planejamento de violência contra autoridades e uso da estrutura do Estado para fins ilícitos, envolvendo ex-militares, políticos, influenciadores digitais, figuras do governo Bolsonaro, além do próprio ex-Presidente.

Em relação ao ex-presidente, o documento da PF afirma que o conluio da suposta organização criminosa foi liderado por Jair Bolsonaro (PL) e figuras próximas ao seu governo.

No texto, a PF revelou ações clandestinas e convencimento de militares por parte dos supostos golpistas.

De acordo com o relatório, a organização se dividia em núcleos. Estes desempenharam papéis diferentes para concretizar o golpe.

Abaixo, segundo o texto, os principais envolvidos, seus papéis e os trechos do relatório que os incriminam:

Jair Bolsonaro - Líder e articulador

Como presidente da República, Jair Bolsonaro chefiaria a suposta organização criminosa, determinando ações e participando da elaboração de minutas golpistas.

Ele também coordenaria a disseminação de desinformação, tentando cooptar militares para apoiar a intervenção.

“A organização criminosa visava manter o então Presidente da República, Jair Bolsonaro, no poder, subvertendo o Estado Democrático de Direito. Ele, enquanto presidente, determinou a criação de minutas que incluíam ordens para prisão de ministros do STF e intervenção no TSE.”

Augusto Heleno - Planejamento estratégico

Na função de Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno seria o responsável por reforçar a narrativa de fraude eleitoral e atuar em ações que desacreditassem o sistema democrático.

“Heleno utilizou sua posição para ampliar a narrativa de fraude e coordenar ações com militares e órgãos de inteligência que poderiam auxiliar no golpe.”

Alexandre Ramagem - Desinformação e inteligência paralela

Como diretor da ABIN, Alexandre Ramagem teria liderado ações para criar e disseminar desinformação sobre as urnas eletrônicas. 

Ele também teria fornecido dados falsos para influenciadores, além de articular estratégias com outros investigados.

“A análise de mídias revelou que Ramagem elaborou documentos que acusavam fraudes no sistema eleitoral e coordenou campanhas de desinformação com o uso de influenciadores digitais.”

Mauro Cid - Operações clandestinas

Ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid é citado como coordenador das ações clandestinas. Entre estas, inclui-se o planejamento de atos violentos e terroristas.

O ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro também teria participado da disseminação de materiais fraudulentos.

“Mauro Cid foi responsável pela execução de ações clandestinas, como o plano ‘Punhal Verde e Amarelo’, que incluía o monitoramento de alvos e a possível execução de figuras estratégicas.”

Filipe Martins - Articulador político

Assessor especial da Presidência, Filipe Martins é citado como um dos responsáveis pela elaboração das minutas golpistas e por buscar apoio político para a concretização do plano.

“Martins participou da confecção de decretos golpistas que visavam legitimar a intervenção militar e apresentá-los aos comandantes das Forças Armadas.”

Paulo Figueiredo Filho - Incitação militar

Economista e influenciador digital, Figueiredo teria utilizado a sua posição de neto do ex-presidente João Baptista Figueiredo para tentar convencer militares e amplificar a narrativa de fraude eleitoral.

“Paulo Figueiredo teve papel relevante na mobilização de militares, divulgando documentos e narrativas que buscavam justificar uma ação armada.”

Fernando Cerimedo - Desinformação internacional

O influenciador digital argentino aparece no texto como alguém que liderou a disseminação internacional de informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro, criando análises fraudulentas para fortalecer a narrativa golpista.

“Cerimedo, com apoio de Denicoli, produziu documentos falsos que alegavam fraudes nas urnas e disseminou essas informações por meio de transmissões ao vivo.”

General Braga Netto - Coordenação militar

Ex-ministro da Defesa, Braga Netto foi apontado no relatório como responsável por articular o apoio de setores militares ao golpe. 

Braga Netto teria participado de reuniões estratégicas para garantir a execução de ações clandestinas.

“Braga Netto utilizou sua posição para pressionar comandantes militares e obter adesão ao golpe, determinando ataques a quem se opusesse ao plano.”

Planejamento de Ações Golpistas

De acordo com o relatório, os núcleos coordenaram a disseminação de desinformação e o planejamento de violência contra autoridades, incluindo o sequestro do ministro Alexandre de Moraes e o assassinato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e de seu vice, Geraldo Alckmin.

Intitulado“Punhal Verde e Amarelo”, o plano citado incluía o uso de forças especiais para prisões e assassinatos. Entretanto, este foi abortado por causa da resistência de comandantes como Freire Gomes.

“O planejamento operacional incluía a neutralização física do ministro Alexandre de Moraes e do presidente eleito Lula, com equipes clandestinas posicionadas em locais estratégicos.”

Apesar de fracassado, o plano terminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023 contra as sedes dos Três Poderes.

A PF afirma, no documento, que muito mais que uma tentativa de golpe, o relatório revela um ataque coordenado e sistêmico às instituições democráticas brasileiras

“Este relatório detalha não apenas uma tentativa de golpe, mas um ataque coordenado e sistêmico às instituições democráticas brasileiras,” conclui o documento.

E agora?

As informações agora serão usadas pelo Ministério Público Federal para dar prosseguimento às ações judiciais, com potencial para gerar condenações históricas no Brasil.

Leia o documento inteiro clicando aqui

 


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