Documento que descreve plano envolvendo desinformação, coação militar, ações clandestinas cita lideranças do governo Bolsonaro além do próprio ex-presidente
Em
um relatório de 884 páginas, a polícia federal conclui que uma organização
criminosa tentou derrubar o Estado Democrático de Direito. O objetivo era impedir
a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente em 2022.
O
documento detalha as ações golpistas entre junho de 2023 e novembro de
2024 e trouxe detalhes de ações como disseminação de desinformação, coação de
militares, planejamento de violência contra autoridades e uso da estrutura do
Estado para fins ilícitos, envolvendo ex-militares, políticos, influenciadores
digitais, figuras do governo Bolsonaro, além do próprio ex-Presidente.
Em
relação ao ex-presidente, o documento da PF afirma que o conluio da suposta organização
criminosa foi liderado por Jair Bolsonaro (PL) e figuras próximas ao seu governo.
No texto, a PF revelou ações clandestinas e convencimento de militares por parte dos supostos golpistas.
De acordo com o relatório, a organização se dividia em núcleos. Estes desempenharam
papéis diferentes para concretizar o golpe.
Abaixo,
segundo o texto, os principais envolvidos, seus papéis e os trechos do relatório
que os incriminam:
Jair Bolsonaro - Líder e articulador
Como
presidente da República, Jair Bolsonaro chefiaria a suposta organização criminosa,
determinando ações e participando da elaboração de minutas golpistas.
Ele
também coordenaria a disseminação de desinformação, tentando cooptar militares
para apoiar a intervenção.
“A organização criminosa visava
manter o então Presidente da República, Jair Bolsonaro, no poder, subvertendo o
Estado Democrático de Direito. Ele, enquanto presidente, determinou a criação
de minutas que incluíam ordens para prisão de ministros do STF e intervenção no
TSE.”
Augusto Heleno - Planejamento
estratégico
Na
função de Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno seria o responsável por reforçar a narrativa de fraude eleitoral e atuar em ações que
desacreditassem o sistema democrático.
“Heleno utilizou sua posição para
ampliar a narrativa de fraude e coordenar ações com militares e órgãos de
inteligência que poderiam auxiliar no golpe.”
Alexandre Ramagem - Desinformação e
inteligência paralela
Como diretor da ABIN, Alexandre Ramagem teria liderado ações para criar e disseminar desinformação sobre as urnas eletrônicas.
Ele também teria fornecido dados falsos para
influenciadores, além de articular estratégias com outros investigados.
“A análise de mídias revelou que
Ramagem elaborou documentos que acusavam fraudes no sistema eleitoral e
coordenou campanhas de desinformação com o uso de influenciadores digitais.”
Mauro Cid - Operações clandestinas
Ajudante
de ordens da Presidência, Mauro Cid é citado como coordenador das ações clandestinas. Entre estas,
inclui-se o planejamento de atos violentos e terroristas.
O
ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro também teria participado da
disseminação de materiais fraudulentos.
“Mauro Cid foi responsável pela
execução de ações clandestinas, como o plano ‘Punhal Verde e Amarelo’, que
incluía o monitoramento de alvos e a possível execução de figuras
estratégicas.”
Filipe Martins - Articulador político
Assessor
especial da Presidência, Filipe Martins é citado como um dos responsáveis pela elaboração
das minutas golpistas e por buscar apoio político para a concretização do
plano.
“Martins participou da confecção de
decretos golpistas que visavam legitimar a intervenção militar e apresentá-los
aos comandantes das Forças Armadas.”
Paulo Figueiredo Filho - Incitação
militar
Economista
e influenciador digital, Figueiredo teria utilizado a sua posição de neto do
ex-presidente João Baptista Figueiredo para tentar convencer militares e
amplificar a narrativa de fraude eleitoral.
“Paulo Figueiredo teve papel
relevante na mobilização de militares, divulgando documentos e narrativas que
buscavam justificar uma ação armada.”
Fernando Cerimedo - Desinformação
internacional
O
influenciador digital argentino aparece no texto como alguém que liderou a disseminação internacional de
informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro, criando análises
fraudulentas para fortalecer a narrativa golpista.
“Cerimedo, com apoio de Denicoli,
produziu documentos falsos que alegavam fraudes nas urnas e disseminou essas
informações por meio de transmissões ao vivo.”
General Braga Netto - Coordenação
militar
Ex-ministro da Defesa, Braga Netto foi apontado no relatório como responsável por articular o apoio de setores militares ao golpe.
Braga Netto teria participado de reuniões estratégicas
para garantir a execução de ações clandestinas.
“Braga Netto utilizou sua posição
para pressionar comandantes militares e obter adesão ao golpe, determinando
ataques a quem se opusesse ao plano.”
Planejamento de Ações Golpistas
De acordo com o relatório, os
núcleos coordenaram a disseminação de desinformação e o planejamento de violência
contra autoridades, incluindo o sequestro do ministro Alexandre de Moraes e o assassinato
do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e de seu vice, Geraldo Alckmin.
Intitulado“Punhal
Verde e Amarelo”, o plano citado incluía o uso de forças especiais para prisões e
assassinatos. Entretanto, este foi abortado por causa da resistência de comandantes
como Freire Gomes.
“O planejamento operacional incluía a
neutralização física do ministro Alexandre de Moraes e do presidente eleito
Lula, com equipes clandestinas posicionadas em locais estratégicos.”
Apesar de fracassado, o plano terminou nos ataques de 8 de janeiro
de 2023 contra as sedes dos Três Poderes.
A
PF afirma, no documento, que muito mais que uma tentativa de golpe, o relatório
revela um ataque coordenado e sistêmico às instituições democráticas
brasileiras
“Este relatório detalha não apenas
uma tentativa de golpe, mas um ataque coordenado e sistêmico às instituições
democráticas brasileiras,” conclui o documento.
E agora?
As
informações agora serão usadas pelo Ministério Público Federal para dar
prosseguimento às ações judiciais, com potencial para gerar condenações
históricas no Brasil.
Leia
o documento inteiro clicando aqui
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