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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O Brasil refém do seu lixo político!


Nos últimos 27 anos, apesar das dificuldades e das eternas sujeiras da política, não nos cansávamos de nos orgulhar de termos construído, enfim, uma democracia madura e resistente.

Superamos a crise de Collor, o neoliberalismo privatizante e desempregador de FHC  e elegemos Lula em 2003. Tudo corria às mil maravilhas na nossa democracia tupiniquim.

Mas bastou Lula ter mostrado força para superar a armadilha do mensalão (que começou em Minas com o PSDB) e ganhar outras três eleições seguidas (uma pessoalmente e outras duas com Dilma) para que os arautos do golpismo começassem a sair das catacumbas.

Hoje o país se encontra refém de seu próprio lixo político.

De um lado um Senador e presidente do PSDB que conduz o país a um litígio político ao não reconhecer a vitória eleitoral de sua concorrente. Para isso, se alinha a um Presidente da Câmara federal que não se furta em manipular seu cargo para buscar se salvar de graves denúncias de corrupção tanto nas investigações da Lava-Jato quanto da investigação da Procuradoria-Geral da República em parceria com o MP suíço.

Perfilado ao lado dessa dupla encontra-se um Ministro do STF investido de uma cruzada oposicionista e um Tribunal de Contas construído pelo clientelismo político vigente nas articulações políticas do Parlamento.

De outro lado está o PMDB. A grande federação de caciques regionais que só sobrevive na situação. O PMDB será sempre governo, seja o governo de qual partido for. Dessa forma, a federação de caciques está sempre com o pé em duas canoas, sempre de olho na manutenção de seus nacos de poder.

Na atual crise política, Dilma paga um preço caro por ter desprezado a política. Não se governa um país como o Brasil sem se fazer política, achando que seria o bastante apenas ser "gerente".

Estamos em uma encruzilhada histórica. Aécio não abre mão do golpismo, apoiado na mídia e na insuflação de setores reacionários e proto-fascistas. Mesmo tendo recebido mais dinheiro das empresas investigadas na Lava Jato do que Dilma, insiste em dizer que o dela é que é "sujo". O PMDB não firma posição com Dilma, ainda mais agora que a Presidente vetou o financiamento empresarial, conforme decisão do STF.

Aliás, no quesito financiamento empresarial, Aécio, Gilmar Mendes e PMDB são unânimes em defendê-lo, mesmo diante de toda a corrupção que envolve essa prática.

Somos um país de 200 milhões de pessoas, onde 70% vive da renda de seu salário ou aposentadoria. 50% dos brasileiros vive com até 2 salários mínimos. Os 10% mais ricos pagam, em média, 10% a menos de imposto sobre seus rendimentos do que os 60% mais pobres. Somos um país que ainda tem de dar qualidade de vida para 30 milhões de pessoas em condições de fragilidade social.

Nos últimos 13 anos a ONU e outros organismos internacionais reconheceram que o Brasil melhorou, saiu do mapa da fome, tirou 20 milhões da miséria, colocou 30 milhões na sociedade de consumo, diminuiu a fragilidade social das periferias dos centros urbanos, elevou o padrão de vida do Nordeste brasileiro.

Tudo isso está refém dessa encruzilhada promovida pelo lixo da nossa política.

Onde estão as nossas lideranças mais sensatas? Onde estão nossos homens e mulheres capazes de fazer política? Onde estão os homens e mulheres que pensam no Brasil e no seu povo antes de pensarem em si mesmos?

Onde estarão os homens e mulheres capazes de dizer "basta" e respeitar a vontade legítima de 54 milhões de brasileiros?

Não se derruba uma Presidente moralmente intocável impunemente.

Uma ruptura política é sempre grave e perigosa. Os anões morais da nossa atual República brincam com algo construído com o sangue e suor de muitos heróis. São a nossa escória e o flagelo do nosso povo.

Ricardo Jimenez


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