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domingo, 25 de outubro de 2015

O governo Dilma e o Ajuste Levy: encruzilhada decisiva!


Logo após vencer as eleições de 2014, Dilma começou a dar mostras de que um ajuste estava por vir. Nada de novidade, Lula também o fizera em 2003 e a própria Dilma assumiu em 2011 promovendo um enorme corte de custeio e investimentos numa tacada só.

Mas dessa vez há algo diferente, e não só por causa do agravamento da crise internacional, coisa não tão grave em 2011, mas por causa da crise política que está impactando a base social de apoio ao PT.

Não há margem de manobra para um governo acossado por um movimento golpista (que vem se organizando desde as passeatas de junho de 2013, quando a Globo tomou do PSOL a narrativa das marchas, e ganhou força com a seletividade da Lava Jato) e que tem como maior capital político a geração de emprego e renda dos últimos 13 anos.

Perder de uma vez só nas duas frentes está sendo trágico.

Perder na primeira frente, no debate em torno da corrupção, já era esperado, pois o governo preferiu continuar engordando a mídia tradicional com verbas públicas do que buscar capitalizar a sua popularidade para criar de fato uma mídia democratizada.

Mas o problema real, e que leva o governo à beira de um impeachment, é a perda na segunda frente, a partir do "ajuste Levy".

É certo que o ódio ao PT e ao governo cresceu, mas não a ponto de impedir a quarta vitória eleitoral seguida. Diante das circunstâncias de 2014, coxinhas e tucanos foram o que sempre são: minoria.

Mas o pessimismo econômico e a recessão real causada pelo "ajuste Levy" levou a uma tão grave decepção do eleitorado e simpatizante governista que chega a fazer crer nos golpistas tucanos, midiáticos e coxas que têm forças para derrubar um governo eleito com 54 milhões de votos.

E pior, acreditam os golpistas que o farão mesmo escancaradamente apoiando um corrupto comprovado e um achacador contumaz, que tem a ousadia de manipular com o terceiro cargo da República.

O "ajuste Levy" leva o governo à uma encruzilhada tão decisiva que já conseguiu unificar o PT contra ele. Lula, Rui Falcão, Instituto Perseu Abramo e toda a esquerda petista.

A solução dessa equação não é simples e passa por uma grande dificuldade dos últimos 5 anos: por falta de debate e por certa acomodação, o PT e a esquerda não conseguem determinar um rumo político, e sem rumo político não há ação decisiva.

Essa falta de rumo político atinge a relação do PT com os movimentos sociais e atinge, fundamentalmente, a atuação da bancada do PT. Estivéssemos em um ambiente de debate e ação política normais e a bancada do PT já haveria de ter mostrado as garras há tempos.

O que impede?

Ah, para esta resposta seria necessário um simpósio.

O fato é que somente a partir da unidade em torno de uma ação política, definida pelo encontro de um rumo político, notadamente dentro do PT mas com reflexos na Frente Brasil Popular,é que a crise política e econômica poderá ser debelada.

Levy não entregou o que prometeu, ao contrário, a nota brasileira foi rebaixada a despeito dele. As discussões em torno de um ajuste fiscal jamais poderiam impactar o trabalhador. CPMF sem uma faixa de isenção é algo de maluco.

Outra coisa: um ajuste fiscal que corte verbas da educação em um ano onde Dilma assumiu dizendo que iria fazer uma pátria educadora também é coisa de maluco.

Nada escapa da esfera política e muito dos fracassos da era Dilma vem do fracasso no rumo da política. Espero que essa encruzilhada leve ao encontro dele bem rapidinho, mas não é fácil.

Ao mesmo tempo temos que compreender hoje que várias tarefas são necessárias e complementares: defender o mandato de Dilma, o legado do governo, lutar contra o golpismo e o avanço conservador e ao mesmo tempo lutar pelos rumos do governo, sem que isso leve a uma ruptura do PT e da esquerda com o governo Dilma.

Ricardo Jimenez

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