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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Eduardo Cunha e as manifestações de 2013



Ontem foi eleito para presidir a Câmara dos Deputados e ficar na antessala do Palácio do Planalto, como primeiro na linha de sucessão da República, o deputado carioca Eduardo Cunha. Começou na política como funcionário de PC Farias, depois, como um dos mandatários do escândalo da TELERJ, seguiu sua carreira política sempre envolvida em suspeitas de falcatruas. Dizem que seria um dos poderosos citados na tal da Lava Jato, mas como esta investigação mira o impeachment da Dilma, mais uma vez o nobre deputado pode passar ao largo.
Cunha foi amplamente apoiado pela rede Globo e pelo rentismo, sua campanha para deputado no Rio custou 6 milhões de dólares, bancados pelas empreiteiras e bancos. Sua vitória ontem na votação da Câmara junta tudo isso e mais um detalhe: a aliança de Cunha com o chamado "sindicato do baixo clero", o conjunto de deputados, aos quais pertence os deputados de Ribeirão Preto, que se movimentam sempre em defesa de seus próprios interesses, no caso de Cunha dois: a garantia de aumentos nos salários e a aprovação do tal orçamento impositivo. O que seria isso? O deputado manda uma verba para a Santa Casa da sua cidade ou para uma ong beneficente e o governo é obrigado a liberar o dinheiro. Bonito, não? Não, não é. Esse dinheiro de emendas parlamentares serve como um coronelismo moderno, permitindo que deputados ajam como executivos em conluio com centenas de prefeituras, o que garante o voto moderno de cabresto para todos os envolvidos. Permite que deputados mal votados em suas cidades sejam eleitos com grandes votações em pequenos municípios da região. Conhecem um exemplo assim? Eu conheço dois.
Portanto, Cunha é hoje o homem do golpismo. O golpismo que nasceu em 2009 quando Lula transformou novamente a Petrobrás em empresa nacional, tirou o pré-sal das mãos da Chevron e elegeu Dilma contra o tucano-mor Serra. Golpismo que continuou na campanha intensa que a Globo manteve contra a queda dos juros, comandada pelo grande ministro Mantega. Golpismo que se incendiou após a vitória de Dilma sobre o play boy aeroportuário.
E o que tem isso a ver com as manifestações de 2013?
Bem, as manifestações começaram quando a polícia de Alckmin e de Cabral baixaram o pau nos manifestantes do passe livre e parte da população se revoltou e foi para a rua. De pedida para não aumentar tarifa, rapidamente o movimento se tornou anti-políticos e de anti-políticos para anti-Dilma. Aí, nesse momento, a rede Globo, que dissera inicialmente que o movimento Passe Livre era uma porcaria, já era totalmente pró-manifestações, transmitindo tudo ao vivo e gargalhando com a vaia que a Presidente recebeu na abertura do evento futebolístico.
E a política?
Bem, a política, essa política baixa e esse movimento de transformar a política em algo sujo onde "todos são iguais" e não prestam, característica da Globo, que assim pousa de padrão moral, foi seguida por 51 milhões que votaram em Aécio Neves. Os outros 54 milhões que votaram em Dilma pois de alguma forma enxergaram algo de diferente nesse jogo, e que na eleição saíram vitoriosos, estão perdendo desde que a Dilma reassumiu, mantendo alguns ministros incompetentes e dando a palavra econômica para o tal Joaquim Levy.
O avanço conservador que se refletiu na composição da nova Câmara dos Deputados é fruto dessa campanha de desinformação planejada da rede Globo, fazendo tudo parecer uma porcaria, e colando isso ao PT e na Presidente, ficam de lado os avanços sociais dos últimos anos, a discussão sobre rumos econômicos que ferve na Europa e os reais motivos da campanha infame contra a nossa maior empresa, a Petrobrás.
Com Cunha, com Levy e com a postura equivocada da Presidente, perdem seus eleitoes e ganha a Lava Jato, a Globo, o Serra, a Chevron, a política rasteira e os coxinhas de 2013.

Ricardo Jimenez

3 comentários:

Anônimo disse...

E o que dizer da reeleição do sr Renam pela 4 vez no senado ,sendo suspeito do lava jato com o apoio do governo? Tá difícil.

O Calçadão disse...

Sim, é o mesmo processo. Mas a ênfase na eleição da Câmara tem a sua justificativa porque é ali, mais do que no Senado, que o conservadorismo vai ganhando força principalmente com o apoio da mídia, que adora transfor4mar a prática política em algo sujo para pousar de padrão moral, sendo que ela própria se locupleta da estrutura podre da política. O Senado, apesar do Renan, tem dado boas respostas aos assuntos mais progressistas da sociedade, mas é a Câmara que cada vez mais vai na contra-mão de tudo aquilo que o início das manifestações de junho pregavam.

O Calçadão disse...

E mais, na linha sucessória Cunha vem à frente de Renan, é só um detalhe que faz toda a diferença. Cunha é representante das maiores empreiteiras, dos interesses da Globo e dos banqueiros como Daniel Dantas.

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