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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Quem são os 37% que acham Bolsonaro ótimo/bom? As lições que todos devem aprender

 


Mesmo que muitos resistam a acreditar nos números da pesquisa Datafolha, eles refletem uma realidade que todos devemos analisar e tirar aprendizados.

37% dos brasileiros responderam que consideram o governo Bolsonaro ótimo/bom. Outros 52% não o culpam pelas mais de 180 mil mortes em decorrência da Covid-19.

Lógico que alguns dirão, e com razão, que Bolsonaro tem o governo pior avaliado para o mesmo período desde Collor, mas mesmo assim é um excelente resultado diante de tudo o que este governo representa: destruição dos direitos sociais, desemprego, confusão proposital no combate à pandemia (uma verdadeira política de morte), destruição da imagem do Brasil no exterior etc.

Contudo, 37% dos brasileiros pesquisados o apoiam. Na realidade, a avaliação do governo Bolsonaro se mantém acima dos 30% desde o início e não cai. Ao contrário, tem subido, enquanto a avaliação ruim/péssimo está estagnada e a avaliação regular (uma faca de dois gumes) cresce devagar.

Mas, quem são os 37% que aprovam o governo Bolsonaro?

Os números são elucidativos e pedagógicos: empresários (56%), a região da soja (47%), entre os MEIs e os assalariados remediados (46%).

Tirando o apoio já consolidado dos empresários e a região da soja, é inegável que Bolsonaro ganhou popularidade entre os mais pobres por conta do auxílio emergencial, a maior política de distribuição de renda do mundo durante a pandemia. Política essa construída pela oposição no Congresso e capitalizada por Bolsonaro.

Podemos culpar o povo? Óbvio que não!

O povo mais pobre, trabalhador, que vive no país mais desigual do mundo é o mesmo povo que ajudou a eleger o PT quatro vezes seguidas porque nos governos do PT houve também distribuição de renda, além de um acesso inédito à educação, principalmente a superior.

Vamos dar uma olhada em quem desaprova o governo Bolsonaro: estudantes (49%), quem tem curso superior (48%), quem ganha mais do que 10 salários mínimos (47%) e moradores das metrópoles (40%).

Excelente a juventude ressurgindo em forma de luta

Os resultados mostram que a realidade de um país tremendamente e historicamente desigual é bastante complexa. Há dois retratos no Brasil e isso precisa ser entendido a partir da necessidade da luta política pelos grupos que buscam combater Bolsonaro e o golpe neoliberal desferido no Brasil desde 2016.

E não é só esperar e torcer para que o fim do auxílio emergencial faça a aprovação do Bozo despencar. Não! É entender que a luta política no Brasil não pode ser feita sem a inclusão das amplas massas excluídas para as quais a ida ao mercado comprar comida ou roupa (os itens mais taxados por impostos no Brasil) é muito mais importante do que qualquer debate ideológico.

Claro que as fissuras que serão certamente abertas no governo Bolsonaro, fruto do agravamento de uma crise econômica promovida pelo golpe neoliberal do qual Bolsonaro faz parte, devem ser exploradas, mas não haverá reconstrução nacional enquanto milhões de brasileiros, nas periferias dos grandes centros e nos rincões do país, viverem excluídos, e enquanto a esquerda não tiver um projeto claro de país, anti-neoliberal e que aponte para um gigantesco e revolucionário processo de inclusão social e política do povo trabalhador brasileiro.

Não haverá mais espaço para dançar com o neoliberalismo.

Enxerguemos o resultado das pesquisas e mãos à obra partidos e movimentos sociais. 

2021 será um ano decisivo para o nosso futuro.

Blog O Calçadão


Um comentário:

Cláudia disse...

Muito boa a análise. É arregaçar as mangas e trabalhar. 👏👏👏👏

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