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| No extermínio surge o termo narcoterrorismo | 
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no Rio chamam de operação.
em Caracas, chamam de intervenção
é a mesma bala
fabricada no mesmo país
plantando medo em prestações
drones sobrevoam favelas.
porta-aviões cercam o Caribe
em ambos mapas
o inimigo mora em casa
e o salvador vem de fora
no Rio:
o governador miliciano
fala em “narcoterrorismo”
Trump, no mesmo tom,
fala em “narcotráfico”
o eco:
perfeito como num ensaio militar
munição, a palavra,
a mentira plantada, doutrina
2
quem escreve o roteiro da guerra
não fala português
não fala espanhol
conhece o preço do petróleo,
o valor dos dados
das terras raras
e o poder do medo em rede nacional
A Venezuela pode ser o futuro
ensaiado ao Brasil:
país cercado
com soberania na ponta da faca
Laboratório, o Rio
a favela, campo de testes,
o drone,
a caneta do império
tenta assinar a sentença
assassina centenas
em nome da “cooperação”.
não é narcotráfico, mas espetáculo
é guerra
não é segurança
mas colonização 5G
o governador fala em terror,
o general estrangeiro sorri
um contrato pode ser assinado,
e um povo inteiro na vala
com medo
aceita as medidas ostensivas
essas ogivas
e se cala
Quem será o próximo inimigo interno”?
3
em Brasília
já querem chamar de “lei”
o espetáculo virou projeto,
o roteiro virou pauta,
a farsa, política de Estado
Derrite se licencia do cargo
para legitimar o enredo
transformar cada morro,
cada corpo negro alvejado,
em laboratório jurídico da exceção
nem esfriou os corpos
no dia seguinte
em PL
se modifica
no Congresso Nacional
a lei antiterrorismo:
em breve
as facções criminosas
serão enquadradas
(o país será enquadrado)
como grupos terroristas
 
 
 
 
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