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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Manual para uma guerra importada

 

No extermínio surge o termo narcoterrorismo


1


no Rio chamam de operação.

em Caracas, chamam de intervenção


é a mesma bala

fabricada no mesmo país

plantando medo em prestações


drones sobrevoam favelas.

porta-aviões cercam o Caribe


em ambos mapas

o inimigo mora em casa

e o salvador vem de fora


no Rio:

o governador miliciano

fala em “narcoterrorismo”


Trump, no mesmo tom, 

fala em “narcotráfico”


o eco: 

perfeito como num ensaio militar

munição, a palavra,

a mentira plantada, doutrina


2


quem escreve o roteiro da guerra

não fala português 

não fala espanhol

conhece o preço do petróleo,

o valor dos dados

das terras raras

e o poder do medo em rede nacional


A Venezuela pode ser o futuro

ensaiado ao Brasil:


país cercado

com soberania na ponta da faca


Laboratório, o Rio

a favela, campo de testes,

o drone, 


a caneta do império

tenta assinar a sentença

assassina centenas

em nome da “cooperação”.


não é narcotráfico, mas espetáculo

é guerra

não é segurança 

mas colonização 5G


o governador fala em terror,

o general estrangeiro sorri


um contrato pode ser assinado,

e um povo inteiro na vala

com medo

aceita as medidas ostensivas 

essas ogivas


e se cala


Quem será o próximo inimigo interno”?


3


em Brasília

já querem chamar de “lei”


o espetáculo virou projeto,

o roteiro virou pauta,

a farsa, política de Estado


Derrite se licencia do cargo

para legitimar o enredo 

transformar cada morro,

cada corpo negro alvejado,

em laboratório jurídico da exceção


nem esfriou os corpos

no dia seguinte

em PL

se modifica 

no Congresso Nacional

a lei antiterrorismo:


em breve 

as facções criminosas

serão enquadradas

(o país será enquadrado)

como grupos terroristas

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