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segunda-feira, 13 de julho de 2015

É golpe ou não é golpe? Tanto faz, o golpeado é sempre o povo!

Dando um giro tanto pela imprensa oficial e golpista quanto pelos blogs progressistas e "sujos", vê-se que o assunto quase único é o golpe.

A análise nos blogs sujos é se haverá golpe ou não haverá golpe.

No Brasil 247 a aposta é que o golpe subiu no telhado porque artigos recentes tanto da Veja quanto da Época, segundo o articulista do referido blog, sinalizam isto. O que mostraria que Aécio começou a ficar isolado na sua sanha golpista, que tem muito mais a ver com suas disputas internas no PSDB do que com o seu vigor ao trabalho árduo de ser oposição. Assim, Alckmin se coloca como principal interlocutor do PIG. Não sei.

Já o Tijolaço e o Viomundo (sem citar O Cafezinho, em modo alarmista há dias) apontam que o golpe se arma à luz do dia e tem como aliados o tucanato aecista e setores do PMDB ligados tanto a Renan quanto a Cunha.

Estaria o grupo acima articulando um golpe branco, tal qual ocorreu no Paraguai e que depôs o recém eleito Presidente Lugo (é bom lembrar que no lugar de Lugo assumiu um conhecido gângster da máfia dos cigarros. Só para lembrar). Os pauzinhos estariam sendo mexidos dentro do TSE, envolvendo um conhecido ministro tucano (que soltou de uma tacada um ilibado banqueiro e um médico acusado de estupro), e no TCU, envolvendo ex-deputados da oposição que foram republicanamente (petista governista adora esta palavra) eleitos por seus pares no passado e que agora entregam seus serviços ao esquema.

Para tensionar ainda mais a coisa há o sempre bom instrumento dos vazamentos anti-petistas da tal Lava Jato (que é questionada por todos os que ainda se mantém sensatos mas que segue em frente impassível, inclusive usando grampos ilegais) direto para a Veja e o Jornal Nacional e a nova micareta coxinha marcada para o dia 16 de agosto, data simbólica relacionada aos caras pintadas de 92 e oportunista porque vai ao encontro dos pareceres do TCU e TSE.

O governo se mantém em estado de letargia, ora com um fiapo de resposta aqui, ora acolá. Segundo o senador Lindbergh Farias, o governo ainda não se atentou para o perigo e deveria se preparar para a reação, inclusive com mudanças bruscas na política de "ajuste" do Levy.

Eu particularmente não sei se haverá ou não golpe, mas é sempre bom levar em conta as frases sábias do velho Leonel Brizola: "se o bicho tem boca de jacaré, couro de jacaré, pé de jacaré, rabo de jacaré, como é que não é jacaré?".

Enfim, tendo ou não golpe, o golpeado há muito já foi o povo. Convivemos durante 12 anos bem ou mal com uma política que promoveu a inclusão de milhões e com um ambiente de otimismo que levou o Brasil à frente. Essa situação já não existe mais. No melhor dos cenários, com Dilma equacionando as dificuldades e seguindo em frente em seu mandato, os prejuízos aos trabalhadores já estão consolidados.

Não houve, nem por parte do governo e nem por parte do principal partido da situação, a atenção necessária à insubstituível batalha de ideias e de comunicação.

O governo não terá força suficiente para impor uma agenda e o projeto nacional está ferido. Lideranças atuais, que não representam nada na política além dos interesses do capital e de setores cartelizados que financiam suas campanhas, vão governar junto com a Presidente até 2018 e vão impôr a sua agenda até o fim pois contam com uma aliada poderosa: uma mídia monopolizada e que não tem contraponto.

A centralidade da agenda social, que ganhou força na América do Sul e hoje tem espasmos em alguns países europeus, e sua real conquista, que foi colocar os mais pobres na sociedade de consumo, soou o alarme na Casa Grande e o movimento de reação se formou. Aqui no Brasil, o movimento teve dois alvos: a agenda progressista (que foi ferida a partir de quando a mídia transformou os movimentos de junho de 2013 em algo proto-fascista que cresceu e explodiu numa catarse intolerante) e a Petrobrás, após as descobertas das jazidas do pré-sal e sua nacionalização, atingindo, assim, a imagem de Lula.

Frei Leonardo Boff, que tem um boa proximidade com Francisco, acredita que esta é uma reação concatenada mundialmente. Vendo os recentes acontecimentos na Grécia, acho que vale ler sua entrevista no Viomundo.

Na opinião deste simples blog, a situação é complicada. O governo corre risco de sofrer um golpe branco, sim. E isso seria desastroso. Se a manutenção do governo Dilma, mesmo tendo que dividir poder com o fisiologismo cartelizado, já condena o projeto nacional a um atraso de anos, uma queda de Dilma representaria um atraso de décadas. Só uma mobilização imediata pode conseguir vencer o mês de agosto. Reação na sociedade e reação no parlamento, investindo agora na recomposição da base de apoio.

Temos um governo que não fala ao povo e quando fala, resolve falar em veículos golpistas, desprezando uma rede progressista que cresce na internet exatamente entre grande parte dos 54 milhões de eleitores de Dilma e que Dilma parece se esquecer.

Desculpem, mas hoje acordei pessimista.

Ricardo Jimenez


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