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sexta-feira, 10 de julho de 2015

Nossa luta é pelo projeto nacional


Todos aqueles que lutamos e acreditamos na construção e execução de um projeto nacional de desenvolvimento baseado no emprego, na renda, na inclusão social, no investimento em educação e em um avanço industrial e tecnológico que se insira soberanamente no mundo estamos preocupados com o atual momento.

2003 representou, com todas as suas particularidades e insuficiências, a retomada de um projeto nacional com visão nacionalista e popular. Foi uma retomada 40 anos após a derrubada do último presidente nacionalista, João Goulart, e de um período difícil de ditadura militar, inflação desenfreada e neoliberalismo desbragado. Lula representou o contraponto ao período FHC, amplamente marcado por políticas antinacionais e antipopulares.

Foi um projeto com saldo positivo: política real de aumento do salário mínimo e de distribuição de renda (Bolsa Família), aumento dos investimentos em educação, posicionamento altivo, propositivo e com visão estratégica na política internacional, geração de empregos e um diálogo maior e melhor com os movimentos sociais.

Mas o otimismo gerado principalmente durante o segundo governo Lula serviu para camuflar insuficiências importantes que acabariam cobrando o preço. O julgamento político e seletivo do chamado mensalão não foi devidamente tratado nem pelo governo e nem pelo principal partido, O PT. A Casa Grande, cujo braço mais forte é a parceria mídia-tucanato, jamais aceitou a vitória de Lula.

Não ter resolvido a questão da comunicação com o povo no pós Lula e manter em posições de comando lideranças partidárias burocratizadas, enganosamente autossuficientes e extremamente conciliadoras com o inimigo foram e estão sendo os fatores principais da crise que sofrem o PT e o governo, colocando em risco a continuidade do projeto.

Volto aqui a marcar novamente o que, na minha opinião, foi o ponto de virada onde o que era um movimento forte de oposição se transformou em um movimento de cerco e golpe: a descoberta do pré-sal, a mudança de seu marco regulatório para o regime de partilha (com a Petrobrás e o conteúdo nacional) e as vitórias de Dilma Rousseff (principalmente essa última).

O movimento se iniciou quando a rede de televisão mais importante do país conseguiu encampar as passeatas de junho de 2013 e transformar o que era um protesto anti-Alckmin e anti-Cabral em um movimento anti-Dilma, tendo o argumento dos gastos da Copa como aglutinador no cadinho do que seria futuramente as passeatas de 15 de março e 12 de abril.

Diante de uma apatia política do governo e do PT, que tem se mostrado crônica, a aliança mídia-tucanato conseguiu criar toda a conjuntura do que eles acreditavam seria o caminho da vitória de Aécio Neves, e, mais importante, haviam jogado na lama da histeria e desinformação midiática a principal empresa do país e, assim, golpear o atual projeto naquilo que ele havia feito de melhor: ter a Petrobrás como ícone do avanço brasileiro na era Lula.

O poder demonstrado por uma figura politicamente inexpressiva e moralmente pequena como o Presidente da Câmara só é possível dentro desse contexto de histeria e desinformação.

A frustração pela inesperada derrota em 2014, com a possibilidade de Lula em 2018, conduziu a oposição para o caminho do golpe. A democracia corre perigo. A convenção do PSDB deu o tom e agosto é o mês que eles esperam: TCU, TSE e mais uma micareta coxinha televisionada pela mídia.

Contra isso nos colocamos nós, dentro ou fora do PT, esperando que lideranças acenem com uma reação e fustigados todos os dias tanto pelo ódio desenfreado que domina o debate quanto pela inoperância das tão aguardadas lideranças.

É preciso entender que o momento é de unidade e que mesmo após 12 anos de governo, com todo o desgaste que é natural, nós vencemos as eleições. Ou seja, a maioria do povo é e continua sensível ao nosso discurso, às nossas bandeiras. A maioria do povo que votou em Dilma fecha com as opiniões do Papa Francisco que, pasmem, tem tido uma postura política muito mais contundente em sua passagem pela América do Sul do que Dilma em seus dois mandatos.

Os avanços importantes feitos nas viagens aos EUA e à Rússia, para celebrar o banco dos BRICS, não combinam como uma entrevista para a Folha! Ou o governo entende que é hora de reagir ou não vai ter saída. Ou amplia o debate na sociedade e busca retomar o controle da maioria parlamentar ou vai cair, com BRICS ou sem BRICS.

O PT precisa se abrir. A época da burocracia interna e da disputa por espaços acabou! A hora agora é de ter discurso único e buscar falar ao povo, falar para fora das suas bases filiadas!

Um exemplo anti-pedagógico de postura política para os tempos atuais foi dado pelo ministro Cardoso, que em uma entrevista ao Estadão reclamou do seu próprio partido. O que é isso, apego ao cargo? O momento é daqueles que enxergam além dos projetos pessoais e das disputas partidárias.

É hora de lutar pelo projeto nacional de desenvolvimento e não de futricas internas ou de tomar chazinho na cozinha da Casa Grande.

Ricardo Jimenez


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