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domingo, 12 de janeiro de 2025

Ataque em Tremembé deixa duas lideranças do MST mortas em meio a disputa por terras

Foto/ Arquivo MST


Movimento denuncia ligação entre violência e especulação imobiliária no Vale do Paraíba; sobreviventes relatam brutalidade e ameaças constantes


Dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram assassinados e outros seis ficaram feridos em um ataque na noite de 11 de janeiro, no assentamento Olga Benário, em Tremembé, São Paulo. 


O episódio foi descrito como “aniquilação” por lideranças do movimento e expõe o aumento da violência contra comunidades rurais na disputa por terras na região, promovida e marcada pela especulação imobiliária.


Segundo Altamir Bastos, da Direção Estadual do MST, assentado, a ação foi meticulosamente planejada. 


“Eles chegaram por volta das 23h15, em cinco carros, já atirando. Quatro companheiros foram atingidos na cabeça. Os criminosos procuravam sobreviventes no mato, dizendo que matariam todos. Foi um massacre.”


Altamir, que recebeu ligações durante o ataque, ouviu os disparos ao fundo enquanto uma assentada pedia ajuda. Ele destacou a luta histórica do MST pela preservação dos lotes como conquista da reforma agrária e apontou o assassinato de Valdir, uma das lideranças mortas, como um ato deliberado para intimidar o movimento. 


“Valdir era uma referência. Ele defendia que os lotes não fossem vendidos e mantinha uma agrofloresta exemplar, símbolo do que o MST acredita. Era uma ameaça para quem quer explorar essas terras de forma especulativa.”


Para Gilmar Mauro, da Coordenação Nacional do MST, o ataque reflete a articulação de interesses econômicos, políticos e criminosos. Em declaração ao portal UOL, ele ressaltou que a 


[…]“violência é resultado da expansão imobiliária na região, que avança sobre áreas de preservação e assentamentos. Há uma articulação entre o capital imobiliário, políticos locais e milícias armadas que executam essas ações.”


Mauro também alertou para a recorrência de ameaças aos assentados no Vale do Paraíba. 


“Os que resistem à venda de lotes, como Valdir, são constantemente intimidados. Esse contexto precisa ser investigado não só pelo que aconteceu em Tremembé, mas pelo histórico de violência e invasões na região.”


A Polícia Civil de São Paulo prendeu um suspeito que confessou participação no crime e indicou outros envolvidos. Segundo o delegado Marcos Ricardo Parra, chefe da seccional de Taubaté, o homem foi identificado por sobreviventes. 


“Ele admitiu o envolvimento e foi reconhecido no local. As investigações continuam com o apoio da Polícia Federal, a pedido do governo federal.”


Em nota, o MST reforçou a necessidade de uma investigação rigorosa e cobrou justiça para as vítimas. 


“Não nos intimidaremos. Continuaremos denunciando e lutando pela preservação das terras conquistadas pela reforma agrária e pela segurança das famílias assentadas”, concluiu Altamir.




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