Crianças plantam mudas em memória a Valdir e Gleison Foto: Filipe Augusto Peres |
MST pede investigação aprofundada do caso
Neste sábado (18), centenas de pessoas se reuniram no Centro de Eventos de Tremembé, São Paulo, em um ato por justiça e reforma agrária. Organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a atividade homenageou Valdir do Nascimento de Jesus e Gleison Barbosa de Carvalho, mortos no massacre ocorrido em 10 de janeiro no assentamento Olga Benário. A manifestação também destacou a luta contra a violência no campo e a impunidade em crimes relacionados à disputa de terras.
Ato ecumênico afirmou que não existe paz sem justiça |
O Caso
No dia 10 de janeiro cerca de 25 homens armados atacaram trabalhadores rurais que faziam uma vigília para proteger um lote vazio no assentamento Olga Benário, em Tremembé/SP. O ataque deixou dois mortos e seis feridos, incluindo Denis Carvalho, que segue em estado grave na UTI do Hospital Regional do Vale do Paraíba. De acordo com o MST, o crime está relacionado a interesses econômicos e políticos na ocupação irregular do lote, que foi vendido ilegalmente em 2023.
Investigações em Andamento
A Polícia Civil de São Paulo prendeu Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido como “Nero do Piseiro”, que confessou envolvimento no crime. Ítalo Rodrigues da Silva, outro suspeito identificado, está foragido. O MST, afirma que os dois são apenas parte de uma rede maior de interesses e cobra investigações mais profundas para identificar os mandantes e financiadores do ataque.
“Não estamos satisfeitos com o rumo das investigações. Queremos saber o nome de cada pessoa envolvida, dos mandantes e quanto dinheiro foi utilizado para financiar esse crime”, declarou Gilmar Mauro, da direção nacional do MST.
Gilmar Mauro em fala à imprensa durante o ato |
Reação das Autoridades
O ato contou com a presença de líderes políticos, entre eles o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP), incluindo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e o presidente do Incra, César Aldrighi. O ministro informou que a Polícia Federal está mobilizada para apoiar as investigações, mas cobrou empenho do governo estadual para esclarecer o caso.
“Não podemos aceitar uma explicação superficial. Esse crime precisa ser investigado em sua totalidade”.
Sabrina Diniz, superintendente do Incra em São Paulo, destacou que o massacre é resultado de um cenário maior de invasões e abandono de políticas públicas em governos anteriores.
Superintendente do INCRA SP, Sabrina lembrou que não se trata de um caso isolado |
“Esses territórios, conquistados com muita luta, têm sido alvo de disputas violentas. Não se trata de um caso isolado”.
Ato por Justiça e Reforma Agrária
Após o ato político, as pessoas presentes realizaram uma pequena marcha em que, ao final, foram plantadas duas árvores, um cedro e um jacarandá-mimoso, em homenagem às vítimas.
Marcha |
Sob o lema “A paz no campo tem nome: reforma agrária”, os manifestantes exigiram ações concretas para proteger trabalhadores rurais e combater a violência no campo.
Histórico de Conflito
O assentamento Olga Benário, regularizado em 2005, tem enfrentado problemas com ocupações irregulares. Em novembro de 2024, o lote vazio que motivou o massacre foi vendido ilegalmente por R$ 80 mil, dando início a uma série de conflitos que culminaram no ataque de janeiro. O MST afirma que esse é mais um exemplo de como interesses privados e omissões do poder público têm alimentado a violência contra trabalhadores rurais.
A sociedade civil e as lideranças do MST reforçam que a luta por justiça continuará até que todos os responsáveis sejam identificados e punidos.
“Aos nossos mortos, nem um minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta”
Todo o ato foi transmitido ao vivo. Reveja-o em sua integralidade clicando abaixo.
Mais fotos
Nenhum comentário:
Postar um comentário