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domingo, 19 de janeiro de 2025

Massacre em Tremembé: MST cobra justiça e investigações aprofundadas


Crianças plantam mudas em memória a Valdir e Gleison
Foto: Filipe Augusto Peres


MST pede investigação aprofundada do caso


Neste sábado (18), centenas de pessoas se reuniram no Centro de Eventos de Tremembé, São Paulo, em um ato por justiça e reforma agrária. Organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a atividade homenageou Valdir do Nascimento de Jesus e Gleison Barbosa de Carvalho, mortos no massacre ocorrido em 10 de janeiro no assentamento Olga Benário. A manifestação também destacou a luta contra a violência no campo e a impunidade em crimes relacionados à disputa de terras.


Ato ecumênico afirmou que não existe paz sem justiça 

O Caso


No dia 10 de janeiro cerca de 25 homens armados atacaram trabalhadores rurais que faziam uma vigília para proteger um lote vazio no assentamento Olga Benário, em Tremembé/SP. O ataque deixou dois mortos e seis feridos, incluindo Denis Carvalho, que segue em estado grave na UTI do Hospital Regional do Vale do Paraíba. De acordo com o MST, o crime está relacionado a interesses econômicos e políticos na ocupação irregular do lote, que foi vendido ilegalmente em 2023.


Investigações em Andamento


A Polícia Civil de São Paulo prendeu Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido como “Nero do Piseiro”, que confessou envolvimento no crime. Ítalo Rodrigues da Silva, outro suspeito identificado, está foragido. O MST, afirma que os dois são apenas parte de uma rede maior de interesses e cobra investigações mais profundas para identificar os mandantes e financiadores do ataque.


“Não estamos satisfeitos com o rumo das investigações. Queremos saber o nome de cada pessoa envolvida, dos mandantes e quanto dinheiro foi utilizado para financiar esse crime”, declarou Gilmar Mauro, da direção nacional do MST.


Gilmar Mauro em fala à imprensa durante o ato

Reação das Autoridades


O ato contou com a presença de líderes políticos, entre eles o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP), incluindo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e o presidente do Incra, César Aldrighi. O ministro informou que a Polícia Federal está mobilizada para apoiar as investigações, mas cobrou empenho do governo estadual para esclarecer o caso. 


“Não podemos aceitar uma explicação superficial. Esse crime precisa ser investigado em sua totalidade”.


Sabrina Diniz, superintendente do Incra em São Paulo, destacou que o massacre é resultado de um cenário maior de invasões e abandono de políticas públicas em governos anteriores. 


Superintendente do INCRA SP, Sabrina lembrou que não se trata de um caso isolado 

“Esses territórios, conquistados com muita luta, têm sido alvo de disputas violentas. Não se trata de um caso isolado”.


Ato por Justiça e Reforma Agrária


Após o ato político, as pessoas presentes realizaram uma pequena marcha em que, ao final, foram plantadas duas árvores, um cedro e um jacarandá-mimoso, em homenagem às vítimas. 


Marcha 

Sob o lema “A paz no campo tem nome: reforma agrária”, os manifestantes exigiram ações concretas para proteger trabalhadores rurais e combater a violência no campo.


Histórico de Conflito


O assentamento Olga Benário, regularizado em 2005, tem enfrentado problemas com ocupações irregulares. Em novembro de 2024, o lote vazio que motivou o massacre foi vendido ilegalmente por R$ 80 mil, dando início a uma série de conflitos que culminaram no ataque de janeiro. O MST afirma que esse é mais um exemplo de como interesses privados e omissões do poder público têm alimentado a violência contra trabalhadores rurais.


A sociedade civil e as lideranças do MST reforçam que a luta por justiça continuará até que todos os responsáveis sejam identificados e punidos. 


“Aos nossos mortos, nem um minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta


Todo o ato foi transmitido ao vivo. Reveja-o em sua integralidade clicando abaixo.





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