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Fátima Suleiman Fotos: @filipeaugustoperes |
Exibição na noite desta quinta-feira (27), na sede da UGT, marcou atividade organizada pelo Comitê Permanente pela Causa Humanitária Palestina e denunciou o apartheid imposto ao povo palestino pelo Estado de Israel
A sede da União Geral dos Trabalhadores (UGT), em Ribeirão Preto, foi palco na noite desta quinta-feira (27) de um ato político-cultural em solidariedade ao povo palestino. A atividade, organizada pelo Comitê Permanente pela Causa Palestina, teve como ponto de partida a exibição do documentário “Sem Chão”, de Hamdan Ballal e Yuval Abraham, premiado com o Oscar de Melhor Documentário em 2025.
O filme expõe
em detalhes o cotidiano da população palestina em Gaza e na Cisjordânia, e
revela a brutalidade da ocupação israelense por meio de imagens reais, relatos
de sobreviventes e entrevistas com ativistas e médicos da região. Com roteiro
denso e sensível, o filme traz à tona não apenas a devastação material causada
pelos bombardeios, mas também a desumanização sistemática, o genocídio imposto
ao povo palestino.
Após a exibição, representantes de movimentos sociais, partidos
políticos e entidades culturais se revezaram no microfone para conectar a luta
do povo palestino com as diversas formas de opressão vividas no Brasil e no
mundo. Fátima Suleiman, presidenta
do Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina afirmou que o
projeto sionista não é apenas territorial, mas simbólico e global.
“O que está acontecendo na
Palestina é um modelo de poder da extrema-direita mundial. Netanyahu não
governa só para Israel, ele opera como laboratório da barbárie para toda a
direita fascista internacional”, declarou.
Ela também alertou para a conexão direta entre o genocídio na Palestina
e o avanço de políticas autoritárias no Brasil:
“Os que defendem o genocídio lá
levantam bandeiras de Israel aqui. A luta contra o fascismo é uma só”.
Fátima ainda destacou episódios de violência sistemática cometidos por soldados israelenses, inclusive contra mulheres e crianças. Mencionou a existência de cerca de 800 checkpoints na Cisjordânia, onde soldados decidem se alguém pode ou não ir ao hospital, trabalhar ou mesmo sobreviver.
Fátima também comparou o regime israelense ao apartheid sul-africano.
“O que acontece hoje na Palestina é apartheid, sim! É limpeza étnica, é genocídio. E isso precisa ser dito com todas as letras. Não é conflito. É massacre, é ocupação, é colonialismo”, declarou.
A presidenta do Comitê ressaltou que o apartheid imposto ao povo palestino não é apenas territorial, mas simbólico e internacional, com efeitos globais.
“Israel criou um modelo de opressão que serve de exemplo para a extrema-direita no mundo todo”, alertou.
Segundo Fátima, a solidariedade não pode se limitar a declarações. Suleiman cobrou ações práticas, como boicotes, mobilizações nas ruas e denúncia constante:
“Enquanto eles tentam normalizar o apartheid, nossa tarefa é escancarar. Israel nunca quis paz. Sempre quis o domínio completo e a destruição de um povo”.
Matheus M Cândido, da Unidade Popular (UP), também destacou a urgência da solidariedade
ativa. “A raiz que oprime o povo
palestino é a mesma que oprime nosso povo no Brasil: o sistema capitalista. A
luta do povo palestino é a luta de todos os trabalhadores do mundo”,
afirmou.
Ele lembrou experiências de resistência durante a ditadura militar
brasileira e ressaltou que a mobilização nas ruas pode pressionar governos e
instituições internacionais.
Davy F. R., do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e integrante do
Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina disse que o Estado de Israel,
em sua forma atual, não pode mais existir.
“Desde a sua fundação, é um Estado genocida e supremacista. A comparação
com o apartheid sul-africano não é exagero, é realidade. O que está acontecendo
é limpeza étnica”, afirmou.
O médico defendeu o fortalecimento da campanha BDS (Boicote,
Desinvestimento e Sanções) no Brasil e sugeriu ações concretas, como a denúncia
pública de empresas que mantêm relações com o governo israelense, a exemplo do
Carrefour.
O advogado Juarez Lima, membro da Torcida Anti-fascista Resistência
Caipira, do Botafogo de Ribeirão Preto, e integrante do Comitê Permanente da
Causa Humanitária Palestina reforçou que o que ocorre em Gaza não se trata de
um conflito entre dois exércitos.
“Gaza é o retrato de um genocídio
em tempo real. A causa palestina não é exclusiva de um povo, é uma causa da
humanidade. Nossa tarefa é sensibilizar e organizar”, pontuou.
Estevan Martins de Campos, militante do PSOL/MES destacou o
caráter estratégico da Palestina para o avanço da direita global.
“Se a extrema-direita vencer lá,
ela se fortalece aqui também. Por isso, derrotar Netanyahu é uma tarefa de
todos os povos oprimidos do mundo”, disse.
Campos também convocou os presentes para os atos já agendados em
Ribeirão Preto contra a anistia aos golpistas de 8 de janeiro e contra o apoio
brasileiro ao regime israelense.
João,
representante da Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil trouxe uma fala
conectada à história do espaço que sediou o ato.
“Esta casa foi construída nos anos
1920 por trabalhadores comunistas e anarquistas, e hoje cumpre o papel para o
qual foi pensada: abrigar a luta contra a opressão”, afirmou.
Para ele, o que ocorre hoje na Palestina é uma
repetição de fórmulas coloniais já aplicadas ao longo da história da humanidade
— inclusive no Brasil.
“É a mesma lógica usada contra os
indígenas, contra os negros, contra os trabalhadores. Muda o território, mas
não muda o projeto”, completou.
Já o
Professor Lages, conhecido educador e comunicador, militante de causas
populares, reforço que o que acontece hoje na
Palestina, É um projeto da direita e da extrema-direita mundial.
“Não é à toa que
agora tem o Trump, todo o suporte do Netanyahu. Não é à toa que tem todo esse
aparato mundial da extrema-direita que toma justamente o que está acontecendo
na Palestina como um projeto de poder mundial”.
E denunciou o genocídio do povo palestino.
“[...] o que nós temos ali é genocídio, isso tem que ser falado muito claramente, é limpeza étnica, é a destruição de um povo. E essa solidariedade, ela tem que ser manifestada não só na presença de artes, de atividades como essa, mas em coisas concretas [...]. Aquilo que estiver ao nosso alcance, exatamente, para derrotar esse fascismo, porque isso é realmente um projeto daquela velha frase que o Presidente Prestes dizia. A cadela do fascismo está sempre no cio. E se a gente não derrotar essa cadela, ela nos derrota”.
O MST também esteve presente ao ato. Filipe Augusto Peres e Luciano fizeram
uma ponte entre
o fundamentalismo religioso israelense e o conservadorismo no Brasil. E
destacaram a necessidade de se travar a batalha das ideias, falar da causa
palestina e combater todo e qualquer germe do neofascismo, seja nas redes, seja
nas ruas.
Ao final do ato, jornalista Renato Antonini, falecido recentemente, foi homenageado pelos presentes Representantes.
Mais fotos:
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Foto: @estevantefon |
Todas as fotos podem ser veiculadas para pautas progressistas, à esquerda. Apenas dê o devido crédito da foto: @filipeaugustoperes
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