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sexta-feira, 28 de março de 2025

Ato em solidariedade à Palestina reúne movimentos sociais em Ribeirão Preto após exibição do documentário “Sem Chão”, vencedor do Oscar 2025

 

Fátima Suleiman
Fotos: @filipeaugustoperes


Exibição na noite desta quinta-feira (27), na sede da UGT, marcou atividade organizada pelo Comitê Permanente pela Causa Humanitária Palestina e denunciou o apartheid imposto ao povo palestino pelo Estado de Israel

A sede da União Geral dos Trabalhadores (UGT), em Ribeirão Preto, foi palco na noite desta quinta-feira (27) de um ato político-cultural em solidariedade ao povo palestino. A atividade, organizada pelo Comitê Permanente pela Causa Palestina, teve como ponto de partida a exibição do documentário Sem Chão, de Hamdan Ballal e Yuval Abraham, premiado com o Oscar de Melhor Documentário em 2025. 

O filme expõe em detalhes o cotidiano da população palestina em Gaza e na Cisjordânia, e revela a brutalidade da ocupação israelense por meio de imagens reais, relatos de sobreviventes e entrevistas com ativistas e médicos da região. Com roteiro denso e sensível, o filme traz à tona não apenas a devastação material causada pelos bombardeios, mas também a desumanização sistemática, o genocídio imposto ao povo palestino.



Após a exibição, representantes de movimentos sociais, partidos políticos e entidades culturais se revezaram no microfone para conectar a luta do povo palestino com as diversas formas de opressão vividas no Brasil e no mundo. Fátima Suleiman, presidenta do Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina afirmou que o projeto sionista não é apenas territorial, mas simbólico e global.

“O que está acontecendo na Palestina é um modelo de poder da extrema-direita mundial. Netanyahu não governa só para Israel, ele opera como laboratório da barbárie para toda a direita fascista internacional”, declarou.

Ela também alertou para a conexão direta entre o genocídio na Palestina e o avanço de políticas autoritárias no Brasil:

“Os que defendem o genocídio lá levantam bandeiras de Israel aqui. A luta contra o fascismo é uma só”.

Fátima ainda destacou episódios de violência sistemática cometidos por soldados israelenses, inclusive contra mulheres e crianças. Mencionou a existência de cerca de 800 checkpoints na Cisjordânia, onde soldados decidem se alguém pode ou não ir ao hospital, trabalhar ou mesmo sobreviver.

Fátima também comparou o regime israelense ao apartheid sul-africano. 


O que acontece hoje na Palestina é apartheid, sim! É limpeza étnica, é genocídio. E isso precisa ser dito com todas as letras. Não é conflito. É massacre, é ocupação, é colonialismo”, declarou.


A presidenta do Comitê ressaltou que o apartheid imposto ao povo palestino não é apenas territorial, mas simbólico e internacional, com efeitos globais. 


Israel criou um modelo de opressão que serve de exemplo para a extrema-direita no mundo todo”, alertou.


Segundo Fátima, a solidariedade não pode se limitar a declarações. Suleiman cobrou ações práticas, como boicotes, mobilizações nas ruas e denúncia constante: 


Enquanto eles tentam normalizar o apartheid, nossa tarefa é escancarar. Israel nunca quis paz. Sempre quis o domínio completo e a destruição de um povo”.

Matheus M Cândido, da Unidade Popular (UP), também destacou a urgência da solidariedade ativa. “A raiz que oprime o povo palestino é a mesma que oprime nosso povo no Brasil: o sistema capitalista. A luta do povo palestino é a luta de todos os trabalhadores do mundo”, afirmou.

Ele lembrou experiências de resistência durante a ditadura militar brasileira e ressaltou que a mobilização nas ruas pode pressionar governos e instituições internacionais.

Davy F. R., do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e integrante do Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina disse que o Estado de Israel, em sua forma atual, não pode mais existir.

“Desde a sua fundação, é um Estado genocida e supremacista. A comparação com o apartheid sul-africano não é exagero, é realidade. O que está acontecendo é limpeza étnica”, afirmou.

O médico defendeu o fortalecimento da campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) no Brasil e sugeriu ações concretas, como a denúncia pública de empresas que mantêm relações com o governo israelense, a exemplo do Carrefour.

O advogado Juarez Lima, membro da Torcida Anti-fascista Resistência Caipira, do Botafogo de Ribeirão Preto, e integrante do Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina reforçou que o que ocorre em Gaza não se trata de um conflito entre dois exércitos.

“Gaza é o retrato de um genocídio em tempo real. A causa palestina não é exclusiva de um povo, é uma causa da humanidade. Nossa tarefa é sensibilizar e organizar”, pontuou.

Estevan Martins de Campos, militante do PSOL/MES destacou o caráter estratégico da Palestina para o avanço da direita global.

“Se a extrema-direita vencer lá, ela se fortalece aqui também. Por isso, derrotar Netanyahu é uma tarefa de todos os povos oprimidos do mundo”, disse.

Campos também convocou os presentes para os atos já agendados em Ribeirão Preto contra a anistia aos golpistas de 8 de janeiro e contra o apoio brasileiro ao regime israelense.

João, representante da Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil trouxe uma fala conectada à história do espaço que sediou o ato.

“Esta casa foi construída nos anos 1920 por trabalhadores comunistas e anarquistas, e hoje cumpre o papel para o qual foi pensada: abrigar a luta contra a opressão”, afirmou.

 Para ele, o que ocorre hoje na Palestina é uma repetição de fórmulas coloniais já aplicadas ao longo da história da humanidade — inclusive no Brasil.

“É a mesma lógica usada contra os indígenas, contra os negros, contra os trabalhadores. Muda o território, mas não muda o projeto”, completou.

Já o Professor Lages, conhecido educador e comunicador, militante de causas populares, reforço que o que acontece hoje na Palestina, É um projeto da direita e da extrema-direita mundial.

“Não é à toa que agora tem o Trump, todo o suporte do Netanyahu. Não é à toa que tem todo esse aparato mundial da extrema-direita que toma justamente o que está acontecendo na Palestina como um projeto de poder mundial”.

E denunciou o genocídio do povo palestino.

“[...] o que nós temos ali é genocídio, isso tem que ser falado muito claramente,  é limpeza étnica, é a destruição de um povo. E essa solidariedade, ela tem que ser manifestada não só na presença de artes, de atividades como essa, mas em coisas concretas [...]. Aquilo que estiver ao nosso alcance, exatamente, para derrotar esse fascismo, porque isso é realmente um projeto daquela velha frase que o Presidente Prestes dizia. A cadela do fascismo está sempre no cio. E se a gente não derrotar essa cadela, ela nos derrota”.

O MST também esteve presente ao ato. Filipe Augusto Peres e Luciano fizeram uma ponte entre o fundamentalismo religioso israelense e o conservadorismo no Brasil. E destacaram a necessidade de se travar a batalha das ideias, falar da causa palestina e combater todo e qualquer germe do neofascismo, seja nas redes, seja nas ruas.

Ao final do ato, jornalista Renato Antonini, falecido recentemente,  foi homenageado pelos presentes Representantes.



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Foto: @estevantefon

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