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quarta-feira, 26 de março de 2025

Editorial: Nota de apoio à Fábio Sardinha

 

Charge gerada a partir da nota

Este blogue vem a público manifestar a sua total solidariedade ao professor, diretor, jornalista e sindicalista Fábio  Sardinha, diante dos ataques e das acusações lançadas contra ele pela Câmara Municipal de Ribeirão Preto, por meio de nota oficial publicada, ontem, 25 de março de 2025.

Fábio Sardinha é um educador comprometido com a escola pública, com os direitos sociais e com a democracia. Sua trajetória é marcada por anos de luta por uma educação crítica, inclusiva e de qualidade para todos, sem censura ou autoritarismo.

A tentativa de criminalizar sua participação em uma audiência pública revela o uso da estrutura institucional da Câmara para desqualificar uma voz dissonante e cercear o livre debate de ideias — justamente o contrário do que se espera de um espaço democrático.

 Entendemos que a divisão do plenário por posição política já revela um viés autoritário. É papel da Câmara promover o diálogo, não a segregação. Ao contrário do discurso de ódio em redes sociais propagado e defendido por políticos de extrema-direita como uso da liberdade de expressão, a entrega panfletos informativos com argumentos contrários à proposta não constitui crime. 

Quanto às acusações de que Sardinha provocou tumulto, precisa-se entender que dois dos sentidos do verbo provocar são "desafiar alguém a fazer algo; estimular, incitar, solicitar",  e "ser a causa ou o motivo de; causar, ocasionar, produzir". Se o motivo do tumulto é a distribuição do material informativo preparado pelo maior sindicato trabalhista da América Latina, a reação aos insultos advindos a quem se tentou travar diálogo, entendemos que "a causa" diz mais sobre quem o ofendeu do que sobre quem reagiu às ofensas. 

Sobre a agressão a policiais ou ofensas a vereadores, esperamos que o educador tenha direito pleno à defesa e possa se pronunciar a respeito nos moldes da lei, não sofrendo perseguição política.  Para muitos presentes no plenário, a sua retirada soou como tentativa de intimidar e calar um educador que ousa se posicionar de forma crítica diante da proposta de implantação do modelo cívico-militar nas escolas municipais.

Lutar por uma educação pública verdadeiramente democrática, laica e emancipadora não é crime — é dever de todos os que acreditam num país mais justo. O uso da força, de repressão  como resposta ao debate educacional, à posições contrárias, pela Câmara Municipal, revela o tipo de educação que determinados grupos querem impor aos alunos periféricos. 

Este blogue entende que a implementação das escolas cívico-militares integra um projeto maior da extrema-direita, um projeto autoritário, de militarização (ou miliciarização) da sociedade, cada vez mais punitivista, controlador, outro braço da política de guerra às drogas que envolve milícias, ex-integrantes das forças policiais e armadas, indústria armamentista, indústria de armamentos e mercado financeiro, sempre lucrando com o controle, com o encarceramento, a criminalização e o extermínio em massa da população pobre, da classe trabalhadora, em sua maioria preta. 

Por este motivo, o Calçadão demonstra toda a sua solidariedade à luta de Fábio Sardinha, da APEOESP e tantos outros, e se junta à resistência contra este modelo neoliberal de (des)educação. 

Fábio não está só.

Seguimos juntos, firmes, na defesa da democracia, da liberdade de expressão e da escola pública.

Assinam:

Ricardo Jimenez

Ailson Vasconcelos da Cunha

Filipe Augusto Peres

Roberto Barros

Ribeirão Preto , 26 de março de 2025

Um comentário:

Anônimo disse...

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