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quarta-feira, 6 de março de 2019

Entre a ignorância e o controle mental velado!


Você já ouviu falar de Codex alimentarius? PANCs? Ou desertos verdes?
Tudo parece à primeira vista coisa de outro mundo, mas está 24 horas por dia influenciando
a sua vida e você nem imagina.
O códex alimentarius é uma coletânea de normas e regras internacionais ou códigos de conduta para
alimentos industriais, processados, não processados (in natura) e produzidos pela agricultura que atua e
influencia internacionalmente os países desde 1963. Sustentado pela FAO(Organização das
Nações Unidas para Alimentação e agricultura), OMS(Organização Mundial de Saúde) e
ONU(Organização das Nações Unidas), e amplamente adotada pela Organização Mundial do Comércio (OMC),
este é usado como referência máxima para mediar disputas, dúvidas e estruturar padrões alimentares e
comerciais pelo mundo. Ele padroniza temas como: rótulos de alimentos, aditivos químicos,
resíduos industriais e contaminantes alimentares, avaliações de riscos alimentares, higiene alimentar e
métodos de analises e amostragens de alimentos.

Controla tudo sobre alimentos e relacionados a eles, e claramente tem grande influência sobre a vida de toda
população mundial. Claro que são necessárias tais regras para padronizar principalmente normas de segurança
alimentares para a saúde da população, mas nos últimos anos, a Codex Alimentarius Comition anda
extrapolando muito além dos limites da segurança pública e populacional. Há alguns anos atrás, na Alemanha,
tentou impedir que pequenos agricultores locais pudessem comercializar ervas e plantas consideradas
terapêuticas. Por causa da polêmica levantada, voltaram atrás em algumas decisões. Hoje a códex alimentarius
tenta impedir a difusão e amplo uso das sementes crioulas de alimentos. O que são sementes crioulas?
São sementes sem nenhum tipo de processamento industrial. Como os sertanejos, índios e tribos nativas
locais em todo  mundo plantam sua comida. Através do uso de sementes naturais pegas nas plantas
cultiváveis ou nas matas.
Esses padrões de produção mundial e difusão alimentar criou em consequência sobre nossa população hoje
uma grande difusão de ignorância sobre o que é possível comer dentro da grande diversidade de plantas e
alimentos disponíveis no nosso meio ambiente. Acredita-se que exista aproximadamente mais de 10 mil
tipos de plantas comestíveis disponíveis a vontade em terrenos baldios urbanos e em nossas florestas, que
compõe o meio ambiente onde nos encontramos. Mas simplesmente a grande massa populacional
desconhece tais informações e sua grande parte passa por privações alimentares e vitamínicas sem
necessidade real. A ignorância mata nossa população pobre de fome.
As PANCs, plantas alimentícias não convencionais, crescem em calçadas, terrenos, jardins, matas e florestas,
sem que conheçamos o real valor alimentar que elas possuem. Estimulamos a agricultura comum através do
códex a produzir plantas exóticas, não comuns ao ambiente brasileiro, em detrimento dos alimentos que
facilmente poderiam ser consumidos e plantados. O códex hoje trava uma guerra contra a agricultura
ecológica ou agricultura de agrofloresta, estimulando a fome e a ignorância alimentar sobre nossa população.
Os movimentos ecológicos existentes no Brasil atual que adotam as filosofias da agricultura orgânica,
agroecologia, permacultura, difusão de PANCs e afins travam a batalha contrária: difundir o conhecimento dos
alimentos alternativos, da agroecologia e da agrofloresta, além de estimular um maior convívio do homem
com nossa natureza local de forma equilibrada.
A agroecologia e agrofloresta vem na contramão do que chamamos de Desertos verdes. A monocultura,
produção de um único tipo de planta em larga escala para uso comercial criou os chamados desertos verdes,
que destroem com o meio ambiente real, altera o microclima, a faúna , a flora e o solo nos locais onde estes
são cultivados. A monocultura da cana em nossa região destrói com o microclima local, diminuindo a
quantidade de evapotranspiração vegetal o que acarreta na diminuição da umidade relativa do ar causando o
clima desértico que sentimos em nossa região, rouba os nutrientes do latossolo roxo, um dos solos mais ricos
do mundo que deveria ser usado para produção de alimentos em larga escala e não de cana, causando a
desertificação e empobrecimento do solo regional e a diminuição estrondosamente significativa da fauna local.
Não existem locais no mundo, seja o lado do mundo desenvolvido ou dito em desenvolvimento, que não
sofram as consequências dos desertos verdes, da ignorância alimentar e do códex alimentarius.

Para mais informações:
Codex alimentarius, como tudo começou: http://www.fao.org/docrep/v7700t/v7700t09.htm
ONG regional de difusão de conhecimento cultural e ecológico: Asssociação Cultura e Ecológica Pau Brasil:

Texto: Karina Rodrigues Pereira

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