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domingo, 21 de junho de 2020

A Prefeitura quer despejar 360 famílias e "reabertura" só fez crescer a crise sanitária e econômica: o que fazer?



A pandemia avança sobre a classe trabalhadora e a "reabertura" da economia só fez crescer as contaminações

O Brasil ultrapassou neste fim de semana a marca das 50 mil mortes por Covid-19 e mais de 1 milhão de casos. Sem uma política unificada no país de enfrentamento ao coronavírus e com uma pressão crescente por "reabertura" econômica, é a população trabalhadora, mais pobre e negra, que tem sido a principal vítima do avanço da pandemia. Protegendo mais os interesses dos bancos e rentistas do que o dos trabalhadores e do setor produtivo (pequeno e médio empresariado), o Brasil vai se transformando no país com os piores números no mundo e a tragédia parece não ter previsão de fim. E a crise sanitária abre brecha para o crescimento da crise econômica (36 milhões de brasileiros estão no completo desemprego; 19 milhões no desalento) e social. Ao invés de buscar uma outra postura político-econômica necessária diante da conjuntura, Paulo Guedes, contando ainda com o apoio da mídia empresarial e da maioria do Congresso, fala em aprofundar as reformas neoliberais. E a oposição ainda mantém um debate interno, fruto de feridas e desentendimentos recentes, sem conseguir avançar para uma proposta clara, anti-neoliberal e alternativa ao projeto das elites que conduziu Temer ao poder em 2016 e elegeu Bolsonaro em 2018.

A 'reabertura" em Ribeirão Preto só serviu para aumentar a contaminação

Diante da completa falta de perspectivas do ponto de vista do poder público, empresários e boa parte dos trabalhadores defenderam uma "reabertura gradual" das atividades econômicas. O resultado foi pífio do ponto de vista econômico (a recessão já se ensaiava antes da pandemia) e dramático no que diz respeito ao avanço da Covid-19. Desde o dia 1 de junho, data do início da "reabertura", Ribeirão Preto vem batendo recordes semanais de casos e adentrou na faixa vermelha do chamado Plano São Paulo, do governo do estado. E os prognósticos para os próximos meses não são bons. Ninguém pode afirmar hoje como será a evolução da Covid-19 na cidade e no quesito economia as dificuldades serão grandes: queda de até 20% na arrecadação (cerca de 630 milhões de reais) e uma queda já anunciada de 10 bilhões de reais no Fundo de Participação dos Municípios (FPA), por conta da queda de arrecadação do Imposto de Renda e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O que fazer do futuro no médio e longo prazo diante disso? 

A corda vai arrebentando do lado mais fraco: Prefeitura quer despejar 360 famílias em plena pandemia

Mantido o projeto neoliberal na cidade, as enormes dificuldades econômicas que virão já têm um alvo claro: a população mais pobre. Saúde pública, educação pública, programas sociais, programas de moradia popular, serviço público de qualidade. Tudo isso tende a sofrer cortes e prejudicar os mais pobres. Aliás, já está acontecendo: trabalhadores sendo obrigados a se aglomerar em ônibus, 45 mil pessoas moradores de favelas sem um programa específico de atendimento (a Prefeitura de Ribeirão Preto tem dificuldade para garantir o mínimo que é uma cesta básica) e o poder público municipal ainda vai levando a frente uma política de reintegração de posse em dezenas de comunidades, como na Vila Nova União, na zona Norte, onde 360 famílias enfrentam o drama de um possível despejo em pleno avanço da pandemia. Este Blog defende como linha principal a defesa dos direitos humanos em todas as suas vertentes mas não há como ter uma perspectiva humana e inclusiva de cidade diante de um projeto que teima em colocar o dinheiro no centro. O que fazer?

Que projeto de cidade defender?

Como pensar e executar um outro projeto de cidade diante da nossa atual conjuntura? Renda básica de cidadania? Programa de investimentos públicos para alavancar a economia? Imposto sobre grandes fortunas e sobre a renda da especulação financeira? Sem uma mudança de rumo na atual política econômica do país e o fortalecimento dos orçamentos públicos municipais, com capacidade de desenvolvimento de projetos populares que enfrentem a desigualdade social e a exclusão, inserindo a população na atividade econômica e na participação política não teremos saída, apenas tragédias.

Blog O Calçadão

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