Produtos agroflorestais sem atravessadores. Foto: Filipe Augusto Peres |
Aconteceu neste sábado (28) mais um sábado da Feira Popular da Agricultura Familiar e Economia Solidária, no espaço do CEAGESP Armazéns, localizada na Rua Acre, 1300, Bairro Ipiranga, em Ribeirão Preto.
Organizada pelo Centro de Formação Sócio Agrícola Dom Helder Câmar, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a feira oferece produtos orgânicos, sem o uso de agrotóxicos, produzidos no modo agroflorestal.
Assentado em Restinga, Pedro Xapuri, da Direção Estadial do MST, lembra que a Feira ultrapassa a questão é econômica.
“Eu sou do assentamento 17 de abril, Fazenda Boa Sorte, município de Restinga. Tô aqui com essa barraquinha, não só pela questão econômica, mas pra divulgar nosso produto. […] E nós, fazer parte dessa feira aqui, pra nós, é uma alegria muito grande. E é uma coisa boa, que além da gente vender os nossos produtos, a gente conhece outras pessoas e o laço de amizade começa a crescer”.
Militantes históricos do MST, Pedro Xapuri e dona Albertina estão toda semana na feira.
Localizado no município de Serra Azul, os assentados do Sepé Tiaraju oferecem a sua produção orgânica, produzida no modo agroflorestal. Produtos in natura como banana, mandioca, ovo caipira, limão, louro, manga, abacate, tamarindo, jaca e vários outros produtos de época. O assentamento ainda trabalha com mandioca descascada e embalada, gergelim, pimenta rosa etc.
Produtos processados: de óleos essenciais a biocosméticos advindos diretamente da natureza
Quem for à Feira Popular da Agricultura Familiar e Economia Solidária ainda poderá não apenas comprar cosméticos e óleos essenciais advindos diretamente da natureza, mas também conversar com os seus produtores e saber mais sobre o modo de produção. Hemes Lopes falou um pouco sobre a diversidade de processados.
“Eu trouxe aqui produtos aqui do nosso sítio Recanto do Saci, produtos processados, desidratados, óleos essenciais diversos, biocosméticos e diversos outros produtos aqui”.
Edna Correia reforça o modo de produção agroflorestal.
“Os nossos produtos, produtos Della Terra, são cosméticos especiais, inteligentes, feitos com óleos essenciais.”
De óleos essenciais a biocosméticos |
Produtoras, produtores e cooperativas do assentamento Mário Lago também estão presentes na Feira
Único assentamento adjudicado por questões ambientais na região Sudeste, assentadas e assentados do Mário Lago também participam da Feira. Ironi Mendes e Elaine afirmam que os produtos agroecológicos das produtoras do assentamento sempre estarão na feira.
Cooperada, Elizete Miguel de Carvalho, assentada no Mário Lago, em Ribeirão Preto, traz a variedade de produtos oferecidos pela Cooperativa Orgânica Agroflorestal Comuna da Terra.
“Temos aqui algumas formas de comercialização, alguns produtos de comercialização, que é automática, do nosso assentamento mesmo, cheiro verde, brócolis, ovos, bastante ovos. chapéu de padre, manjericão, mandioca, berinjela, alho poró, alface, almeirão, couve, rúcula, enfim, bastante coisa”.
Cooperada na Cooperativa Agroecológica Mãos da Terra (Comater), uma cooperativa formada, apenas por mulheres assentadas, Clarinda chama a população para participar da Feira.
“A gente mora também no assentamento Mario Lago. Estamos aqui vendendo nossos produtos agroecológicos, tudo natural, abobrinha, cenoura, berinjela, couve, tudo de bom. Venham participar da nossa feira.”
As cooperativas também estão presentes |
O assentamento também comercializa mudas de plantas na Feira.
Acampamentos também estão presentes na Feira
O acampamento Alexandra Kollontai, de Serrana, e a Comuna Campo e Cidade Paulo Botelho, de Jardinópolis, também tem seus representantes, ofertando mel, favo de mel, espetinho, pães artesanais e, inclusive, bolsas produzidas com a técnica colombiana de fio conduzido.
Como toda boa feira, a Feira Popular da Agricultura Familiar e Economia Solidária também tem a sua barraca de pastel.
De Itápolis, inserido dentro do modelo de produção orgânica Curió se encantou com a proposta da feira e também montou a sua barraca.
“Nós vendemos derivados dos produtos
que a gente tem lá, das matérias-primas. Então, da banana a gente faz desidratados, faz rolinho. A gente faz também com o tamarindo, rolinho de tamarindo. A banana também a gente faz o palmito da banana. Temos os doces tradicionais, artesanais, torrone, doce de abóbora, doce de mamão, doce de paçoca. A gente também extrai mel lá das abelhas e temos os pós de cúrcuma e açafrão”.
No final do dia, só restou um pão artesanal |
Apoio à causa Palestina
O MST, reconhecendo o direito do povo palestino de lutar pelo estabelecimento do Estado Independente na Palestina histórica, do Mar Mediterrâneo ao Rio Jordão, onde todos os cidadãos vivam em paz, recebeu a conscientizadora da Causa Humanitária Palestina, Fátima Suleiman. Fátima explanou um pouco sobre a importância de espaços como a feira para que se possa realizar um diálogo direto com o povo.
“É muito importante esse movimento da agricultura familiar, apoiado em conjunto com o Movimento Sem Terra, que apoia a Palestina, que tem humanidade, que trata a terra com muito respeito. Aqui, nesse ambiente, passa o povo, onde as pessoas precisam saber a importância da terra, a importância do alimento saudável e ter a importância do que acontece na Palestina”.
Luciano Botelho, da direção estadual do MST falou um pouco sobre a importância da feira.
“A feira, ela é um espaço muito importante, não só pra gente poder comercializar o produto que são produzidos nos assentamentos, da agricultura familiar, artesanato, né? A diversidade de produto que é produzido pelo povo, mas também como um espaço de conquista e diálogo com a sociedade de Ribeirão Preto.
Até o nome pensado dessa feira como feira popular, é justamente dessa relação entre quem produz e quem consome, a relação de que o produto não é só uma coisa para o consumo, mas uma coisa que vai vir a somar nessas relações”.
E lembrou que não se trata, apenas, de uma relação de compra e venda, mas de construção de relações sócias, de memória, de história.
“Quando a pessoa vem aqui comprar algum produto, ela não vai comprar só o produto, mas ela vai comprar uma história. Ela vai estar sabendo de onde vem, direto do produtor, de toda a luta desse produtor. Então é uma feira popular da agricultura familiar e economia solidária, porque a gente está propondo um outro jeito de pensar a comercialização, que pense não só em ganhar dinheiro, mas também de construir relações sociais a partir desse espaço”.
A Feira Popular da Agricultura Familiar e Economia Solidária, acontece todo sábado no espaço do CEAGESP Armazéns, localizada na Rua Acre, 1300, Bairro Ipiranga, em Ribeirão Preto, das 08:00 às 14:00.
Ps: movimentos populares progressistas, mídias progressistas estão autorizados a utilizarem as fotos desde que deem os devidos créditos.
Fotos: Filipe Augusto Peres/@filipeaugustoperes
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