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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Projeto Nacional em Xeque: O PT e o Trabalhismo!


Vargas foi o estadista que, a partir do movimento de 1930, colocou o Brasil na modernidade. A construção do Estado nacional moderno se deve à chamada "Era Vargas".

Mas foi a partir de 1950, através do PTB, que Vargas implantou o Trabalhismo. Um projeto nacional, soberano, fundado em um partido de cunho popular e que governava buscando desenvolver o país com a inclusão das amplas massas não só no processo de participação política, mas também no processo econômico. 

O Trabalhismo é isso,  uma política de inclusão das massas e que dá autonomia e instrumentos para o movimento popular liderar a agenda nacionalista, desenvolvimentista e transformadora. Um movimento que tem visão ampla das alianças necessárias para levar o projeto à frente. Não à toa, o Trabalhismo foi o alvo de todo o ódio do movimento golpista que se montou a partir de 1950, unindo o conservadorismo elitista e hipócrita da UDN, os setores militares marcartistas (ligados e treinados pela CIA), a mídia e o empresariado paulista.

E o maior ódio de todos eles é a Petrobrás!

O golpe dado contra Jango em 64 já havia sido montado em 54 e só abortado pelo suicídio de Vargas.

No período ditatorial, o Trabalhismo e os comunistas (que se aproximaram de Vargas em 50, a partir do entendimento de Prestes sobre o Trabalhismo) foram exilados e aniquilados fisicamente nos porões do regime. Brizola foi o brasileiro que mais tempo passou no exílio e tinha a cabeça a prêmio.

Nos anos 80 e até meados dos anos 90, Brizola era mais temido e combatido pelo sistema do que Lula. A Globo desenvolveu contra Brizola uma perseguição criminosa. Buscou burlar sua eleição ao governo do Rio, trabalhou para que a legenda do PTB não fosse dada a ele (que teve de criar o PDT). Não foi dado trégua ao Trabalhismo nem mesmo depois da anistia. O próprio Lula nutria graves incompreensões sobre Vargas, Brizola e o Trabalhismo.

Nesse imbróglio é que surgiu o PT e Lula. Surgiu atuando no movimento operário (antigo reduto comunista e Trabalhista) e também no movimento pela terra, que envolvia fortemente as pastorais católicas (uma seara em que nem comunistas e nem Trabalhistas eram muito afeitos). 

Assim a esquerda de antes da ditadura foi obrigada a se acostumar com o protagonismo do PT, com a sua tendência em disputar sempre a hegemonia. Com sua pose puritana bem características dos trotskistas. Todos nós que, uma vez ou outra, já fomos obrigados a nos aliarmos ao PT sentimos na pele esse cacoete hegemônico, essa dificuldade em lidar com seus aliados.

Mesmo tendo o velho Brizola (e também o PCdoB) dado exemplos importantes de política de alianças com o PT (tendo inclusive permitido que o Briza pudesse ter podido aproximar Lula de Vargas e do Trabalhismo, nas palavras do próprio Lula), sempre restou a desconfiança e uma aproximação à distância.

Acontece que, bem ou mal, foi a partir de 2003 que o Brasil teve condições de reimplantar, mesmo que timidamente e com amarras profundas do capital, um projeto de país de viés inclusivo e nacionalista. Foi a partir de 2003 que grande parte do povo brasileiro voltou a conviver com pautas progressistas, com a importância de se valorizar o salário mínimo, com políticas afirmativas e inclusivas.

Podem torcer o nariz à vontade alguns companheiros que ainda resistem no PDT, que estão no PSOL ou que caíram na Rede furada da Marina. Mas o partido protagonista do atual momento político e responsável pelo projeto em disputa é o PT.

É contra o PT e suas lideranças maiores que o sistema golpista se volta desde 2005. É com o objetivo de derrubar o projeto nacional que o golpismo se arma desde que Lula nacionalizou o pré-sal em 2009. 

O momento exige esta compreensão. A aliança mídia-tucanato representa o golpismo moderno. A mídia nascida na ditadura e engordada nas tetas do Estado e o PSDB representando a UDN atual (hipócrita, sem voto e oportunista). Se esse esquema carrega suas baterias contra o PT, não é momento de nenhum nacionalista, de nenhum Trabalhista, de nenhum socialista ajudar a direita a afundar com o PT. 

Pelo contrário.

Defender o PT neste momento é defender o movimento popular que ali ainda tem a sua maior base. Defender o PT neste momento é defender a luta pelo aprofundamento de um projeto de nação e não deixar que esse projeto seja derrotado de vez e ficarmos olhando a direita tomar posse do poder central novamente. Defender o PT neste momento é defender todo um processo latino-americano de contraponto ao neoliberalismo que nasceu com Chaves em 1999. Defender o PT neste momento é, no fim das contas, defender o Brasil e o povo brasileiro.

Pode-se fazer esta defesa por fora ou por dentro. Tomando o PT de assalto. Se as lideranças burocratizadas do PT ainda não se atentaram para o momento ou estão amedrontadas porque, de fato, nunca sentiram o bafo do fascismo no cangote, abramos nós as portas do partido.

O momento é de unidade. A pauta direitista, proto-fascista, ganha corpo. A redução da maioridade penal pode ser apenas o princípio. É momento de luta. 

Fácil é desfilar com o broche do partido em momentos de vacas gordas. Difícil é levantar a bandeira do nacionalismo em momento de refluxo. Enquanto algumas figuras do PT se omitem, ficam tímidas diante do discurso hipócrita da corrupção e até saem de cena, é hora do Trabalhismo entrar.

Houve momentos na história que lutar pelo nacionalismo e pelo povo colocava sua cabeça na mira de um fuzil do fascismo. E muitos tombaram lutando. Como dizia o saudoso João Amazonas, a quem tive a honra de ouvir algumas vezes, hoje o risco que corremos é só de ir parar na capa da Veja, ou ser xingado por um coxinha, ou ser criticado pela Globo. Mas se nos omitirmos da luta, se, por incompreensão, abandonarmos o PT à essa saraivada golpista, quem vai pagar o preço é o Brasil.

Ricardo Jimenez

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