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quarta-feira, 18 de julho de 2018

O golpe e as eleições de 2018: o desafio do campo anti-golpista!


A luta contra o golpe de 2016, que cassou 54 milhões de votos, impôs um projeto neoliberal sem a legitimidade das urnas e feriu os direitos individuais e políticos de Dilma e Lula, e as tratativas políticas sobre as eleições de 2018, que ocorrerão dentro de 83 dias, transcorrem tendo a masmorra de Curitiba, e o prisioneiro político que lá está há mais de 100 dias, como o centro nervoso e de comando.

Essa realidade acontece porque, ao contrário do que o golpe imaginava, Lula se agigantou mais após as perseguições e hoje tem ao seu lado 35% do eleitorado nacional, mais de 50% no nordeste (tendo Bahia 55% e Pernambuco 65% como ápice).


Em uma eleição livre, com possibilidade de correr o país e falar ao povo, Lula é o favorito máximo, podendo levar no primeiro turno.

Por isso o golpe o prendeu e vai conseguindo, ao arrepio da lei, amordaçar sua voz e sua imagem.

Claro que tudo seria resolvido diante de um grande movimento popular de rua, de greve geral, que exigisse o cumprimento da Constituição, a liberdade de Lula, sua participação em eleições livres e, de quebra, impedisse a entrega do patrimônio nacional feito pelo ilegítimo desgoverno Temer.

Talvez exceto para o pessoal que defende o "Lula ou nada", esse cenário de levante popular está distante. 

O povo está em disputa, o poder de desinformação da grande mídia é grande e apesar de desejar votar em Lula e considerá-lo um perseguido e injustiçado, ainda não há massa crítica para um levante popular.

Diante desse cenário, que contrapõe o gigantismo eleitoral de Lula à força do golpismo em mantê-lo preso e amordaçado envergonhando o Brasil no mundo, um desafio se levanta ao conjunto das forças progressistas, democráticas e de esquerda, aqueles que ainda lutam por um projeto nacional e inclusivo de desenvolvimento: o que fazer?

A corretíssima manutenção ao limite da candidatura de Lula é um fundamental instrumento de luta política dentro da atual conjuntura. Um instrumento que aponta para a mobilização popular imediata ou para uma vitória eleitoral que, mesmo não superando o golpe de imediato, será um enorme obstáculo aos planos entreguistas dos golpistas.

E, dentro dessa estratégia de manter Lula candidato, e em crescimento, está no cenário, no caso de um golpe derradeiro via judiciário golpista, de Lula apoiar um outro nome petista e levar esse nome ao segundo turno e, de lá, ao Planalto.

Não será o PT e nem Lula que tomará essa decisão. Como disse o ex-Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, as mãos sujas do golpe contra Lula serão as mãos golpistas.

A recente declaração de Dias Tofolli deixa transparente que a situação de Lula não será resolvida à curto prazo por vias institucionais.

E como reafirmaram recentemente Rui Falcão e Gilberto Carvalho, cada um ao seu modo, o PT sabe que a liberdade de Lula só se dará no curto prazo a partir de um improvável levante popular, mas que o crescimento do PT (que deverá fazer entre 80 e 100 cadeiras na Câmara Federal) junto com Lula coloca o partido na obrigação de ter um nome na urna de 2018, ou Lula ou quem Lula indicar, e fazer disso um instrumento permanente de luta política.

Com esse intuito, o PT vai registrar a candidatura de Lula no dia 10 de agosto em Brasília chamando um grande ato político nacional e vai convidar o conjunto das forças políticas a se juntarem ao movimento.

Essa estratégia também está inserida na importância da candidatura e da vitória de Dilma ao Senado.

Com licença daqueles que defendem o 'volta, Dilma', a Presidenta golpeada voltando à política pela porta da frente do Senado, por Minas, e fazendo do seu mandato uma bandeira histórica de luta anti-golpista e popular é um desses instrumentos fundamentais dentro da conjuntura  de resistência e acúmulo de forças..

Dentro desse debate, outra questão que não deve ser esquecida, e que a política real nos grita a todo momento, mesmo dentro de uma conjuntura de golpe e resistência, é que as eleições de outubro estão à todo vapor. Os interesses e disputas regionais não param. E a força de Lula está também no centro disso.

Há disputas importantíssimas que ocorrerão no Maranhão e em Minas, por exemplo, onde Lula pode ter influência grande. As disputas em todo nordeste, onde a vitória de governadores, senadores e deputados do campo anti-golpista, pela influência de Lula, tem potencial enorme.

Há a disputa em São Paulo que aponta a possibilidade de derrota do PSDB.

Precisamos entender que estamos lutando contra um golpe estabelecido, que detém instrumentos operantes dentro da estrutura política, judicial e midiática. E não há no horizonte visível nenhum sinal de que um levante popular vai recolocar o Brasil nos trilhos democráticos e soberanos. Essa é a conjuntura atual. Portanto, a luta vai se desenrolar na política real, factível, no acúmulo de forças constante dentro do campo inimigo, inclusive.

A luta de resistência e de reconstrução nacional se desenrolará nas eleições e após as eleições e o campo anti-golpista tem condições de sair vitorioso desde que compreenda que a importância da vitória eleitoral não termina em si mesma, mas que terá que ter um objetivo político de superação de um golpe cruel que foi dado e está em andamento e que esta luta tem Lula como centro.

O acúmulo de forças para a reconstrução nacional deverá ter como objetivo resgatar o Estado de Bem-Estar Social da Constituição de 1988, restabelecer a normalidade democrática e o Estado de Direito, resgatar a soberania e o patrimônio e reimplantar um projeto nacional de desenvolvimento inclusivo e anti-neoliberal.


Blog O Calçadão

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