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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Ainda há tempo de evitar o retrocesso na educação!


O sentimento de ódio ao PT e de rebaixamento da política, construído nos últimos cinco anos, está servindo como ferramenta para abrir caminho a uma sequência de retrocessos nos avanços conquistados desde a redemocratização simbolizada na Constituição de 1988.

Retrocessos econômicos, sociais, civilizatórios e democráticos.

Como o debate está sendo interrompido pela recusa de uma das partes, a análise de propostas está sendo colocada em segundo plano diante de uma narrativa sensacionalista e genérica do "combate à corrupção" e a um espantalho de "comunismo".

Um exemplo é a educação.


O que se sabe das propostas para a educação da candidatura Bolsonaro são as propostas um tanto genéricas de seu plano de governo e aquilo que o candidato e seus apoiadores têm manifestado em entrevistas ou declarações.

Sabemos da proposta de ensino à distância para todos os níveis educacionais e temos a entrevista concedida hoje pelo general Alécio Ribeiro, cotado para o MEC, de que as bibliografias e os currículos serão alterados, inclusive abrindo espaço para o ensino de criacionismo, o revisionismo histórico sobre a ditadura militar, o fim da política de cotas, o fortalecimento do autoritarismo e a intervenção na atuação do professor em sala de aula.

Tudo gira em torno de uma questão muito mais ideológica do que pedagógica.

A questão do ensino à distância é bastante problemática e tem sido tratada de maneira marginal e insuficiente pelo debate público eleitoral, que praticamente não existe desde que Bolsonaro sofreu o atentado.

Como ficam os milhões de crianças de 6 a 14 anos que estudam no ensino fundamental? Sabemos que a escola é para muitos, principalmente os mais pobres, a única ferramenta de contato com uma alimentação equilibrada, com a devida socialização e com a aquisição de conteúdos e conhecimentos necessários para buscar uma oportunidade na vida.

Nos últimos anos, inclusive nos governos do PT, houve a diminuição da idade de entrada no ensino fundamental de 7 para 6 anos basicamente para incluir essa parte da infância que estava fora da escola e sofrendo o impacto da desnutrição e da violência. E a universalização do atendimento e a garantia de frequência contou muito também com a ajuda do programa Bolsa Família.

Outra coisa importante. Grande parte do Brasil, principalmente nas regiões mais distantes dos centros urbanos, não tem banda larga. Como garantir a chegada do Ead nessas áreas?

E, mais, Bolsonaro votou a favor do congelamento dos orçamentos públicos, incluindo educação e saúde, por vinte anos. Será que a proposta de educação à distância se vincula a essa redução de investimentos na educação?

É exatamente para aprofundar e esclarecer essas questões que o debate eleitoral é fundamental, e ele não está ocorrendo.

Como fica a necessária expansão da educação? Como fica a carreira e o salário do professor? Como fica o ensino técnico integrado nos Institutos Federais? Como fica a educação inclusiva? Como fica os investimentos do PIB em educação nos próximos anos?

Não dá para assinar um cheque em branco para ninguém.

Leiam os programas de governo de Haddad e de Bolsonaro, pesquisem, cobrem a realização dos debates.

Blog O Calçadão

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