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sábado, 5 de março de 2022

"Região metropolitana sem política de fomento não funciona", diz Deputado Paulo Fiorilo

 


Criada em 2016 e contendo 34 municípios (8 deles às margens da rodovia Anhanguera), a região metropolitana de Ribeirão Preto foi a primeira a ser criada pelo governo do estado de SP fora da região da grande São Paulo e Grande Campinas. Tem 1,75 milhão de habitantes e corresponde a 3% do PIB de São Paulo.

Apesar de ser uma região fortemente vinculada ao agronegócio e ao setor de serviços e ter uma área praticamente conurbada entre Ribeirão Preto, Jardinópolis/Brodowski, Sertãozinho/Pontal e Serrana, a região carece de políticas de desenvolvimento e geração de empregos.

Por exemplo, dentre a lista de produtos exportados por Ribeirão Preto estão: minério de estanho (1º), aparelhos odontológicos (2º), alimentação animal (3º), colheitadeiras (4º) e soja (5º). Desses itens, dois (minério de estanho e soja) têm suas matrizes produtoras fora da região metropolitana, servindo Ribeirão Preto apenas como entreposto comercial e sede de escritório despachante. Outro, alimentação animal, tem baixo impacto na geração de empregos urbanos. 

Ou seja, Ribeirão Preto e a sua região metropolitana necessitam de muito investimento produtivo para alavancar o desenvolvimento regional, com criação de indústrias, agroindústrias e serviços de alta qualidade, impactando positivamente na geração de empregos com bons salários e atrelados a centros de pesquisa e inovação.

Do jeito que está, está ruim. Dezenas de municípios são os municípios classificados como de "empregos intermitentes", funcionando na época da safra da cana e mergulhando na pobreza fora da safra.

E mesmo os instrumentos políticos associados à região metropolitana, como o Conselho da Região Metropolitana (presidido por prefeituras em sistema de rodízio) e o Parlamento da Região Metropolitana não têm poder de mudar muita coisa.

Essa função de estruturação e de instrumentos de fomento das regiões metropolitanas cabe ao governo do estado. Porém, o atual governador, João Dória, o "gestor", vai na contramão das necessidades regionais e segue a linha da privatização e do enxugamento do Estado. Em sua gestão, Dória extinguiu a EMPLASA (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano) em 2019. 

Lúcio Gregori, ex-diretor da EMPLASA, afirmou à época ser um absurdo a extinção da empresa pública pois "o Estado terá de pagar caro pelo serviço contratado junto ao setor privado, que não visa o desenvolvimento, mas o lucro".

Ora, mas não foi exatamente isso que o Prefeito Nogueira fez aqui em Ribeirão Preto com a CODERP? Não foi coisa parecida que o mesmo Nogueira fez com o DAERP? Tanto a empresa pública municipal quanto a autarquia municipal poderiam estar servindo hoje à região metropolitana de Ribeirão Preto, carente de políticas consorciadas de resíduos sólidos, saneamento, abastecimento de água e desenvolvimento tecnológico atrelado ao conceito de cidades inteligentes.

De passagem por Ribeirão Preto, o deputado estadual Paulo Fiorilo, do PT de SP, que atualmente coordena a Frente Parlamentar de Desenvolvimento Regional da ALESP, comentou com O Calçadão sobre esse tema do desenvolvimento regional e a ação contraproducente do atual governador.

"Infelizmente o governador vai na contramão do desenvolvimento econômico regional. Acabou com a EMPLASA, que era uma empresa pública que atuava no desenvolvimento das regiões. Não adianta criar região metropolitana. Se não tiver política de desenvolvimento, se não tiver fomento, se não tiver uma visão de agregar aquilo que as regiões já têm como vocação, você não desenvolve as regiões. O governador adora lançar programas, mas quando você espreme, não tem nada", disse.

Confira vídeo com a fala do Paulo Fiorilo


Ribeirão Preto e São Paulo precisam urgentemente de um outro projeto político.

Texto: Ricardo Jimenez - editor O Calçadão

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