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quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Batalha das Ideias: mais do que uma análise da IA sobre o viés da Folha de São Paulo relacionado ao pacote de ajuste fiscal do governo

 


À Vera Lúcia Rodela Abriata

Não existe inteligência artifical, tem sempre um humano por trás programando os eixos sintagmático e paradigmático. É preciso contra-atacar

Por Filipe Augusto Peres

Veículos comerciais de mídia jornalística têm utilizado a IA para realizarem Análise do Discurso e, deste modo, modalizar a opinião pública para as pautas que defendem. Para estes, o que já está ruim, precisa piorar.

Não sou especialista em Análise do Discurso, mas tenho como primeira formação o Curso de Letras. Esta matéria vai além do conteúdo. Além de mostrar que não existe discurso neutro na IA, tem sempre alguém dando o comando, o texto também tem o objetivo de desmistificar o uso da IA na batalha das ideias trazendo possibilidades à mídia alternativa de cintra-ataque.

No último dia 28 de novembro, a Folha de São Paulo, em seu editorial de Economia, produziu matéria com o título “Pronunciamento de Haddadfocou sucesso e competência, analisa IA”. O objetivo do texto foi analisar, por meio de IA, como o ministro da fazenda construiu o seu discurso em seu pronunciamento à nação.

A matéria destacou táticas de “marketing politico”. Entre eles, citada na matéria literalmente expressões como “a criação de um inimigo comum”.

Em suma, a mídia burguesa já utiliza a IA para vigiar e, se possível, punir, aqueles que possam (mesmo que não o estejam fazendo) se contrapor ao seu discurso hegemônico.

Inserido dentro da batalha das ideias, partindo do mesmo modelo, o Blog O Calçadão alimentou o chat GPT com a estrutura da matéria realizada pela Folha de São Paulo “vigiando” a fala de Haddad e foi além.

Também utilizou o recente texto (este não analisado por IA) de Eliara Santana, a qual o Blog é leitor assíduo, publicado no Viomundo, em sua coluna “Desnudando a mídia” publicada na quarta-feira (4) com o título “PIB do Brasil cresce, JN registra, mas…” para analisar a matéria publicada pela Folha de São Paulo, em seu editorial de economia intitulada “Pacote foi decepcionante e anúncio, desastroso, diz banqueiro”.

O objetivo é debater junto à mídia progressista possibilidades contra-discursivas utilizando as mesmas ferramentas. As questões éticas e de honestidade intellectual condiciona este blogue e qualquer veículo de comunicação a avisar o leitor quando a matéria for elaborada por IA, como feito pela própria Folha de São Paulo. Mas O Calçadão quer ir além.

O blogue compartilha o método para que, a partir dele, outras organizações possam fazer o mesmo. O intuito é informar, formar e organizar.

A partir daqui, escrevo na primeira pessoa, uma vez que assino a matéria.

O Processo

O início da pesquisa

Comecei minha análise inserindo três materiais na máquina: a matéria "Pacote foi decepcionante e anúncio, desastroso, diz banqueiro", publicada pela Folha de São Paulo,  o texto "PIB do Brasil cresce, JN registra, mas...", de Eliara Santana, publicado no Viomundo e a matéria, também da FSP, “Pronunciamento de Haddad focou sucesso e competência, analisa IA”.

O texto “ponte” foi o último. A partir dele, levantei a análise e criei um prompt para realizar o mesmo tipo de análise utilizando IA. Com o prompt pronto, inseri o texto crítico de Eliara e a matéria publicada nesta quinta-feira (4), “Pacote foi decepcionante, diz banqueiro”, para avaliar o viés presente na matéria da Folha.

Vale destacar que este processo ocorreu porque, em uma primeira leitura, percebi que a matéria da FSP apresentou uma narrativa predominantemente negativa sobre o pacote econômico do governo federal, apoiada exclusivamente em opiniões de banqueiros e gestores financeiros como forma de convencer a opinião pública sobre a necessidade de se aprofundar o corte de gastos e não ir na direção contrária.

A análise comparativa

Ao ler e comparar os textos, identifiquei alguns pontos. A matéria da Folha apresenta uma narrativa predominantemente negativa sobre o pacote econômico do governo federal, apoiada exclusivamente nas opiniões de banqueiros e gestores financeiros.

Disfarçada de imparcial, a matéria direciona toda a sua análise para a visão do Mercado e ignora os impactos sociais que tais medidas terão sobre a população mais vulnerável. A  Folha ignora completamente a pluralidade de fontes.  

Em meu questionamento à máquina, direcionei-a para que percebesse de que modo o veículo de comunicação modaliza a percepção pública por meio de termos como “desastroso” e “decepcionante” com o claro intuito de criar um cenário de crise, de um país á beira do precipício.

A redação da matéria

Com base nessa análise, não sendo parcial, pedi a IA que escrevesse uma matéria jornalística para criticar o viés da Folha de São Paulo., e pedi que esta fosse dividida em:

- Introdução ao tema;
- Comparação da escolha de fontes e construção da narrativa;
- Crítica ao foco no mercado financeiro em detrimento do social;
- Conclusão ressaltando a responsabilidade da mídia em oferecer um debate público mais plural.

A criação de ilustrações

Para complementar o texto, pedi que a IA criasse imagens que ilustrassem visualmente o viés identificado. Desenvolvi quatro ilustrações:

1. Uma balança desproporcional, destacando o peso do mercado financeiro em relação às questões sociais.
2. A mesma ideia, mas com o texto em português: "O Viés da Mídia na Economia".
3. Uma representação visual do favorecimento ao mercado financeiro, com uma torre corporativa contrastando com a vulnerabilidade social ao redor.
4. Uma nova imagem, ainda mais dramática, com o texto: "O Mercado no Topo, o Povo na Base", está escolhida para ilustrar a matéria.

Sim, a IA tem viés. Ela não é neutra. Eu também não.  Não existe inteligência artifical, tem sempre um humano por trás definindo os eixos sintagmáticos e paradigmáticos.

Segue a matéria escrita pela IA abaixo:

Uma análise do discurso utilizando IA sobre o viés da Folha de São Paulo relacionado ao pacote de ajuste fiscal do governo federal

Nesta quinta-feira (28), em seu editorial de Economia, a Folha de São Paulo publicou a matéria intitulada "Pacote foi decepcionante, diz banqueiro", apresentando uma análise crítica às medidas econômicas recém-anunciadas pelo governo federal.

A reportagem, centrada nas percepções de banqueiros e gestores financeiros, evidencia um viés que privilegia a visão do mercado em detrimento de uma análise mais ampla, incluindo o impacto social e as nuances das decisões governamentais.

A escolha das fontes e a construção da narrativa

A matéria baseia-se majoritariamente em opiniões de executivos financeiros, como Ricardo Lacerda, do BR Partners, que descreve o pacote como "decepcionante" e o anúncio como "desastroso".

Além dele, outros quatro banqueiros, todos anônimos, reforçam a perspectiva de insatisfação. Essa escolha reflete um recorte específico, limitando-se a atores do mercado financeiro que, em sua maioria, criticam a insuficiência do ajuste fiscal e alertam para riscos de inflação e aumento da taxa de juros.

Essa abordagem ignora outras vozes relevantes na discussão econômica. Não há menção a especialistas independentes, economistas de universidades ou representantes da sociedade civil que poderiam trazer pontos de vista complementares, sobre o tema. A ausência de perspectivas variadas contribui para consolidar uma narrativa alarmista, que projeta o fracasso das medidas sem explorar possibilidades de sucesso ou alternativas viáveis.

O foco no mercado e a exclusão do debate social

Enquanto o jornal ressalta potenciais riscos econômicos, como a projeção de inflação entre 8% e 10% e a possível elevação da Selic acima de 14%, o impacto social das medidas é tratado de forma tangencial.

A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, por exemplo, é apresentada como um "erro populista", mas a matéria não avalia os benefícios dessa medida para a classe média e baixa, que poderia ser diretamente impactada de forma positiva.

Esse recorte reflete um viés que prioriza as demandas do mercado financeiro, enfatizando a preocupação com o endividamento público e a pressão sobre os juros, enquanto minimiza os potenciais efeitos sociais das políticas anunciadas. O discurso, assim, reforça a narrativa de que o governo deveria adotar medidas mais austeras, mesmo que isso comprometa setores vulneráveis da população.

Modalização da crise para convencer a opinião pública sobre a necessidade de cortes que prejudicarão os mais vulneráveis

A reportagem, embora focada em dados econômicos, utiliza uma construção narrativa que modaliza a percepção pública. Palavras como "desastroso", "decepcionante" e "fracasso" são reiteradas ao longo do texto, criando uma sensação de inevitabilidade quanto aos prognósticos negativos, ajustando o seu discurso, como toda a mídia tradicional, commercial, “professional”, aos ditames do mercado, negligenciando contextos mais amplos e contraditórios.

O viés alarmista da Folha também é evidente na escolha de projeções futuras. Apesar de um dos banqueiros afirmar que a Selic poderia se estabilizar em 13,25%, essa previsão é suprimida pela ênfase nas estimativas mais altas, criando um cenário de incerteza ampliada.

A responsabilidade da mídia na pluralidade do debate público

Ao abordar um tema tão complexo quanto o ajuste fiscal, a mídia deveria ter a responsabilidade de oferecer uma cobertura equilibrada, que vá além das demandas específicas de setores econômicos.

Embora a visão do mercado financeiro seja relevante, ela não pode ser a única guia para interpretar políticas públicas que afetam milhões de brasileiros.

A matéria da Folha, ao se restringir a um ponto de vista quase homogêneo, falha em capturar a complexidade da questão. A inclusão de análises que considerassem os impactos sociais e a perspectiva de economistas independentes poderia enriquecer o debate público, permitindo que os leitores formassem uma opinião mais fundamentada.

Conclusão

A reportagem "Pacote foi decepcionante, diz banqueiro" é mais um exemplo de como o viés da mídia pode influenciar a percepção pública, priorizando interesses de grupos específicos e deixando de lado a pluralidade de vozes.

Para um jornal com a tradição da Folha de São Paulo, o compromisso com uma cobertura mais equilibrada e inclusiva é essencial, sobretudo em um momento em que a economia e a sociedade exigem respostas amplas e integradoras.

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