Texto destaca a falta de avanços no lançamento do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara)
Nesta terça-feira (3), no Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, em nota oficial, criticou a situação atual do país em relação ao uso destes venenos do agronegócio.
A Campanha Permanente destacou em seu texto a falta de
avanços no lançamento do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara).
A campanha
lamentou a falta de assinatura do decreto que oficializaria a criação do
Pronara, programa elaborado para reduzir o uso de agrotóxicos e
promover a agroecologia no país . De acordo com a Campanha, o Pronara deveria ser uma
resposta aos problemas crescentes causados pelo uso de venenos
agrícolas.
O texto
afirma que a falta da assinatura do decreto do Pronara, no Dia Mundial de Luta
Contra os Agrotóxicos, é vista como uma vitória para o agronegócio e as
empresas agroquímicas, as quais continuam a expandir seus lucros aos custos da
saúde pública e do meio ambiente
Na nota, a
Campanha Permanente denuncia o crescimento alarmante do uso de agrotóxicos no
Brasil, o qual se reflete no aumento das intoxicações da sociedade, na
crescente resistência contra a presença desses produtos nas lavouras e no
impacto ambiental negativo, como a destruição dos ecossistemas e a contaminação
das comunidades rurais.
O texto
afirma serem frequentes as denúncias de comunidades camponesas, indígenas e
quilombolas que têm suas terras envenenadas por pulverizações aéreas de
agrotóxicos, além da expansão das áreas agrícolas de exportação de commodities,
que utilizam esses venenos de forma exagerada.
Em seu
documento, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida entende que a
luta contra os agrotóxicos não é apenas uma questão ambiental, mas também uma
questão de soberania alimentar e justiça social.
Pronara
O Pronara foi concebido como uma política pública para reduzir
gradualmente o uso de agrotóxicos no Brasil, proteger a saúde pública e o meio
ambiente. Em sua versão inicial, o programa apresentou 137 ações divididas em 6
eixos, abrangendo diversos ministérios e áreas de administração pública.
No
entanto, o programa sofreu resistência e foi sabotado pelo Ministério da
Agricultura em 2014, quando tentou ser integrado ao Plano Nacional de
Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo).
Após uma mobilização de 10 anos de organizações da sociedade civil e movimentos sociais, o Pronara foi revisado e incluído na versão mais recente do Planapo III, lançada em outubro de 2024. Apesar do avanço, o compromisso de manter o decreto do Pronara no Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos não foi cumprido.
Por que 3 de dezembro?
A memória do 3 dezembro remete ao crime de Bhopal, na Índia, onde cerca de 27 toneladas de gás isocianato de metila vazaram de uma fábrica de agrotóxicos desativada da companhia estadunidense Union Carbide, na madrugada de 3 de dezembro de 1984. Ao menos 2,2 mil pessoas morreram imediatamente após inspirarem a substância tóxica.
A Campanha Internacional porJustiça em Bhopal estima que o total de mortes em decorrência do vazamento
seja superior a 25 mil e alerta que o número de atingidos aumenta dia
após dia, se aproximando da casa dos 600 mil. A última estatística oficial do
governo indiano é de 2006 e reconhece 558 mil vítimas.
Sobreviventes ao crime de Bhopal pedem justiça
Saiba mais
Leia a nota da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida na íntegra clicando aqui
Leia as reivindicações dos sobreviventes do desastre da Union Carbide e dos envenenados pela Dow Chemical em Bhopal no 40º aniversário do desastre clicando aqui
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