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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Filme mostra luta de presos políticos por memória e justiça durante o regime ditatorial no Brasil

 

Filme foi realizado clandestinamente dentro do Presídio Frei Caneca por presos políticos
Imagem retirada do filme

Documentário mostra presos políticos em greve de fome pela Anistia durante o regime ditatorial empresarial-civil

“A anistia não é e nem será jamais esquecimento. Este projeto de anistia da ditadura militar implica na exclusão dos brasileiros que pegaram em arma contra esse regime de exploração, de opressão, pretendendo, com isso, bani-los da vida política nacional. Mas está enganado, esse regime e os opressores. Não poderão eles, com tais projetos, impedir que os brasileiros que representam, ou que procuram representar os interesses do povo, tenham uma participação ativa na vida política nacional. Mesmo uma anistia ampla, geral e restrita, não poderia fazer esquecer os crimes dessa ditadura militar. Porque quem anistiará os mortos?”

Destacando logo no início que a anistia não deve ser confundida com esquecimento, esta é a fala que dá início ao filme “Água, Açúcar e Sal” e pertence a Gilney Amorin Viana, então preso político em 1979, no presídio Frei Caneca, no Rio de Janeiro.

Filmado clandestinamente, lançado em novembro,  o documentário "Água, Açúcar e Sal" foi realizado clandestinamente em agosto de 1979, no período da ditadura civil-militar. Os presos realizavam uma greve de fome exigindo a formulação da Lei da Anistia

O documentário aborda a luta pela anistia no Brasil, destacando como essa batalha, travada durante e após a ditadura civil-empresarial-militar (1964–1985), carrega implicações profundas para a memória e a justiça social.

O filme contextualiza como o projeto de anistia implementado pelo regime civil-empresarial-militar excluía propositalmente os participantes da luta armada. Por outro lado, este mesmo regime blindava os torturadores e outros agentes da repressão, perpetuando a impunidade para os crimes cometidos pelo Estado.

Os depoimentos de prisioneiros políticos condenados a penas duras são o ponto central da obra. Esses relatos não apenas trazem a brutalidade das sentenças, mas também a exclusão sistemática de direitos civis enfrentada por aqueles que lutaram contra o regime golpista e ditatorial civil-empresarial-militar implementado no Brasil em 1964.

Desmistificando a retórica oficial, que buscava deslegitimar os movimentos de resistência, o documentário ainda expõe a hipocrisia do governo ditatorial, o qual rotulava os opositores como "terroristas" enquanto conduzia uma campanha de terror institucionalizado.

Com foco nos presos políticos, realizado pelos presos políticos, o documentário possui muito mais propriedade, honestidade e escopo biográfico-histórico para abordar o tema do que o filme do banqueiro Walter Salles, cumprindo, desse modo, a função de ser um documento daquele período, um convite à reflexão crítica.

Peça impotente para a necessidade de o Brasil lidar com o seu passado autoritário, o filme exige justiça e coragem de um país que ainda se nega a enfrentar, sem concessões ou omissões, a verdade sobre os crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante este período funesto da nossa história.

O filme é um apelo à preservação da memória e à luta daqueles que viveram e morreram por nós.

Acesse o filme no YouTube clicando aqui

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