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domingo, 11 de fevereiro de 2018

SME quer manter indicações políticas na escolha de diretores. Inaceitável! Por Leonardo Sacramento

O beija-mão vai continuar?

A secretária de educação, indicada a dedo para atender interesses dos comissionados, disse em entrevista, publicada nas redes sociais pelo professor Sandro Cunha, que não pretende apoiar o projeto de eleição de diretores. 

Pretende, pelo visto, postergar ao máximo.


O projeto já tramita na Câmara Municipal, na comissão de Educação, cuja presidente é a vereadora Gláucia Berenice. 

Os próprios vereadores, quando a APROFERP (Associação de Profissionais de Educação de Ribeirão Preto) visitou a casa neste semana, falaram que o interesse pelo projeto mudou quando da mudança de secretária.

A secretária, que parece nesses anos todos mal ter entrado em sala de aula (e isso é fato), acostumada a jogar com os interesses dos ciceretes (aduladores de Cícero), pretende reproduzir o que sempre aprendeu nesta rede. Clientelismo e patrimonialismo. Pretende, na prática, postergar ao máximo o projeto de lei.

Então vamos deixar claro: a proposta de eleição de diretores está na Lei 13.005/14 (PNE). Foi aprovada nas discussões do PME, engavetada pelo executivo. Foi aprovada por uma comissão do próprio executivo, criado por meio de ato administrativo (portaria). Essa comissão foi formada por entidades, pais, CME, professores, Câmara Municipal de Vereadores e SME. O projeto foi aprovado por unanimidade, diga-se de passagem.

Ou seja, ela quer discutir com todas as entidades e organizações que já discutiram, fizeram e aprovaram o projeto. Mas todos já discutiram, fizeram e aprovaram o projeto. Mas mesmo assim ela quer discutir com todos que já discutiram.Tá faltando divã. Vai entender... tsi.

Em sua entrevista, ela diz que os diretores não podem ser eleitos porque tem que estar alinhados com o governo. Bom, primeiro é bom ler esse tipo de declaração, pois ela reconhece que eleição retira o clientelismo e a influência política do governo sobre as escolas. A intenção foi justamente essa, minha cara.

Segundo, ela transparece um conceito arbitrário e patético de educação, que tem reverberação na ignorância reinante na secretaria: segundo ela, o governo tem os intelectuais formuladores de política. Os diretores transmitem mecanicamente para as escolas. E os professores, como cordeirinhos, acatam. Conselhos de Escola? Para quê? Para essa gente, só atrapalha.

Poderia falar o óbvio: a secretaria é o local onde se encontram os professores mais mal formados da rede, normalmente aqueles que fazem qualquer coisa para continuar fora da sala de aula. E isso é um dado. Como alguém que faz de tudo para ficar fora da sala de aula pode pensar uma escola? E o que dirá de formular alguma política pública? Piada! Mas o fato é que falarei o que talvez precise ser dito: essa concepção e a figura que representa essa concepção estão morrendo. Não cabem mais! Podem suspirar, tentar respirar, mas ninguém tolera mais essa concepção.

O projeto foi enviado à Câmara, e está lá. Na prática, a secretária não responde mais pelo projeto, pois somente o prefeito pode retirá-lo. Mas é alarmante ver uma secretária da educação (que deve dizer demagogicamente pelos cantos que é professora) alinhada com os interesses privados e mais mesquinhos de um bando de comissionados. É alarmante ver um processo político de quatro anos de construção subordinado a isso. Ribeirão é um fazendão mesmo!

Vamos para o enfrentamento! O que ela quer é manter as indicações políticas. É rigorosamente a mesma coisa que o Cícero!

Leonardo Sacramento é professor e membro da APROFERP

Um comentário:

Anônimo disse...

Todo o governo é frio e calculista. A secretaria anterior, mesmo com sua equipe técnica contra o projeto, deu seus encaminhamentos e o projeto foi parar na camara. Quando ela soube que não havia desejo do governo no projeto viu que não teria como governar, problemas na atribuição, falta de materiais, manutenção, em fim o ano seria uma loucura, não comprou a briga. Indicada a dedo a nova secretaria ligada antigos grupos dominantes dos cargos de direção de escola, foi a escolhida para retirar o projeto da camara e fazer pequenos ajustes que custariam mais um ano. Vale lembrar que a antiga secretaria conseguiu encaminhar este projeto, porque o governo entendeu como um servir como um "panos quentes" na questão do PME que deu certo, a rede a principio se contentou com isso. Se for preciso este governo vera este secretaria se desgastar tanto até que outra chegue em seu lugar, com algumas boas ideias na cabeça a respeito do PME e projeto de eleição de gestores e assim cada um que chega vais se empurrando para mais um ano até acabar o governo. Estão levando professores e alunos de barriga rindo

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