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sexta-feira, 27 de abril de 2018

A 'bandinha' do Ciro segue tocando a música certa no caminho errado!

Ciro segue errando, infelizmente

Outro dia, neste blog, fiz um texto sobre uma possível conversa entre Lula e Ciro na masmorra de Curitiba, um tema que esquentou o debate nas redes e na militância.

Defendi que seria uma conversa importante do ponto de vista da construção da necessária frente democrática e também para a troca de ideias sobre o projeto nacional, um pilar histórico do futuro da nação sempre sabotado por sua elite odienta e antinacional, como ocorre de 2016 para cá.


Mas a importância da conversa se dava, na minha opinião, pela possibilidade de Lula poder falar não só com Ciro, mas com o PDT. É sempre importante que as lideranças falem com Lula, assim como ocorreu com Boulos e Manuela, pois Lula é o centro do processo político e a pessoa que tem e terá a chave do processo nesse ano de 2018.

Acontece que há um problema com Ciro, um erro crasso, na minha opinião, que inviabiliza sua entrada em uma necessária frente democrática: Ciro finge que não vê o golpe da Lava Jato/Globo e segue com sua 'bandinha' tocando a música certa, que é a defesa de um projeto nacional de desenvolvimento, mas no caminho errado, identificando como golpista apenas a aliança entre Temer e o PSDB que tomou o poder em 2016.

Ciro não faz isso por ignorância. Faz de maneira calculada.

Ciro pretende herdar a posição do meio em 2018. Entendendo que Lula estará fora da eleição, procura tanto herdar uma boa parte do eleitorado petista quanto somar os votos do centro e de uma centro-direita moderada, garantindo sua passagem ao segundo turno onde, acredita, será o nome a enfrentar o candidato do mercado e, assim, será eleito pela maioria que hoje expressa em pesquisas a insatisfação com o entreguismo, a crise econômica, o desemprego e a corrupção do campo golpista.

Mas Ciro erra.

Ao ignorar o golpismo da Lava Jato, que em parceria com a Globo e os poderosos interesses que a Globo representa e defende, inclusive rasgando a Constituição em nome de uma campanha de perseguição e tentativa de destruição de Lula e do PT, segue firme no seu objetivo antipopular, antinacional e antidemocrático, Ciro abre um flanco que pode também inviabilizá-lo, além de manter intacta uma estrutura de poder que, historicamente, não respeita e nunca respeitou a democracia.

É grave.

A prisão de Lula joga luz sobre um golpe terrível que mais uma vez se abate sobre o Brasil. E a luta por Lula livre, que é uma luta pela democracia contra o arbítrio e as forças que sempre escravizaram o povo e a nação, tem unido um campo político e popular que efetivamente tem história na luta política.

Ao fazer o cálculo puramente eleitoral, tentando se viabilizar como caminho do meio se isentando de atacar e combater o verdadeiro cerne do golpismo, Ciro cria um pastel de vento vendido como conciliação nacional.

Ciro também erra se pensar que uma possível destruição de Lula e do PT pela parte do golpismo, que Ciro finge ignorar, abrirá um novo caminho para um campo de centro-esquerda. Esse pensamento anti-petista, que infelizmente sobrevive em um campo que veio do brizolismo e que hoje se espalha por vários partidos, além do PDT, é sectário, revanchista e historicamente míope.

O golpe não conseguirá acabar nem com Lula e nem com o PT simplesmente porque nenhum golpe consegue eliminar algo que tem verdadeiramente enraizamento popular.

Pelo contrário. o campo petista, lulista e de centro-esquerda cresce e seguirá crescendo, na militância partidária e na militância social.

Ciro podia aprender com isso e se fortalecer nesse caminho, mas prefere virar as costas e seguir seu personalismo fanfarrão.

O golpe permanece com as armas na mão e, neste momento, está no comando político e jurídico do processo. Mas a luta anti-golpista segue tendo Lula livre e Lula candidato como instrumento de necessário diálogo e mobilização das massas, apontando que as eleições de 2018 não são um fim em si mesmo e o debate puramente eleitoral é errado.

Lula é a única liderança hoje capaz de mobilizar as forças populares contra o golpismo, de levar ao povo a discussão sobre o combate ao golpe e de um projeto de nação lastreado em seu histórico legado e renovado à luz da autocrítica necessária.

Por isso Lula está preso, sequestrado em uma masmorra javajatense e mantido isolado do contato político.

Não haverá legitimidade em qualquer candidatura à esquerda que se omita de denunciar o golpismo na parceria lava jato/Globo.

É isso que desorienta dramaticamente o caminho da 'bandinha' do Ciro.

Ricardo Jimenez

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