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domingo, 14 de fevereiro de 2016

Capitalismo em crise avança sobre o Estado e os direitos do povo!


Está na moda nos grandes veículos da mídia tradicional o discurso 'liberal'. São inúmeros os comentaristas e analistas do PIG tecendo loas aos clichês ditos liberais. Adoram defender uma tal 'democracia' construída sobre valores que defendam o 'indivíduo contra o Estado', pregam a liberdade do 'mercado' como fórmula para a riqueza coletiva e o 'Estado mínimo' contra o peso dos impostos. Defendem vorazmente uma tal de 'meritocracia' que só serve aos mais abastados.

É todo um discurso montado na grande mídia e no seu conceito particular de 'liberdade de imprensa' e que aponta seus canhões contra o Estado do Bem-Estar Social historicamente construído sobre os escombros da crise de 1929 e das duas grandes guerras mundiais.

O Estado do Bem-Estar Social talvez tenha sido a melhor ferramenta já inventada que permite a liberdade da microeconomia com o planejamento macroeconômico a fim de construir justiça social. É um freio tanto ao capitalismo selvagem quanto às experiências totalitárias, e um instrumento de distribuição de renda e de geração de caminhos legais que universalizem direitos individuais e coletivos (como educação, saúde, moradia, meio ambiente, proteção trabalhista etc) em busca de um conceito mais amplo e real de democracia.

A construção de modelos de Estado do Bem-Estar Social na Europa e na América Latina entre os anos 40 e os anos 80 coincidiram com os melhores momentos econômicos e sociais dessas regiões. Até que passou a sofrer a contra-ofensiva do capitalismo financeiro, chamado neoliberalismo, a partir dos anos 90.

A América do Sul ainda apresentou um surto de resistência com governos de centro esquerda sendo eleitos sistematicamente nos últimos 15 anos em alguns países importantes como Brasil e Argentina. Mas a Europa, onde o modelo de justiça social mais se realizou, entrou em uma crise feroz desde que houve a criação da UE (União europeia) e o alinhamento ao financismo neoliberal.

Apesar de usar os clichês do liberalismo clássico, o neoliberalismo nada tem a ver com este seu primo distante. A liberdade no neoliberalismo é só para o dinheiro, não para as pessoas. É o capitalismo dos monopólios e oligopólios, onde cerca de 500 megacorporações controlam os preços de todos os produtos no mundo.

Se utilizando do discurso único, propagado por uma mídia amiga e também controlada por magnatas, o neoliberalismo avança sobre o Estado nacional desmantelando os instrumentos legais de proteção individual e coletiva, dando mais liberdade ao capital. É o capitalismo da sonegação fiscal dos ricos e dos paraísos fiscais.

O capitalismo financeiro, controlado pelos bancos e megacorporações, suga o trabalho das pessoas para reproduzir a renda do capital, sem pagar imposto!É o capitalismo da devastação ambiental! É o capitalismo da brutal concentração de renda: no mundo os 1% mais ricos já têm mais riqueza que o resto da humanidade, e no Brasil, os 50% mais pobres dividem entre si apenas 1% da renda.

É uma tragédia humanitária que se abate de maneira violenta na juventude, principalmente na juventude das periferias das grandes cidades de países como o Brasil, por exemplo.

É o capitalismo das restrições democráticas, pois o financismo age para afastar a sociedade civil e os movimentos populares das decisões políticas, financiando bancadas específicas no Parlamento, que votarão a seu favor. Veja o caso do Brasil onde Eduardo Cunha elegeu a sua própria bancada de deputados com a grana empresarial e tem passado no Congresso uma agenda regressista, tanto do ponto de vista dos direitos individuais quanto coletivos.

O caso argentino e brasileiro são clássicos. Por aqui, a mídia monopolizada busca por todos os modos derrubar um governo não alinhado aos seus interesses, que são os interesses do financismo internacional. O alvo prioritário são as imensas jazidas do pré-sal. Por lá, um novo governo alinhado eleito entrega a economia do país para os chamados 'fundos abutres', com o objetivo de salvar os bancos às custas do sacrifício do povo.

O mundo atravessa uma seara decisiva para o futuro. O capitalismo faliu o planeta e caminha para níveis de concentração de renda insuportáveis. Encontrar um novo modelo econômico e social é vital para as novas gerações e as lutas populares em nível mundial devem buscar alinhar o rumo político de suas marchas tendo no capitalismo financeiro o adversário a ser superado.

Ricardo Jimenez

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