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quarta-feira, 6 de abril de 2016

Cunha e Moro disputam cabeça a cabeça o prêmio O Bizarro do ano!


Vivemos uma época realmente difícil em termos do respeito à legalidade democrática tão duramente conquistada após 21 anos de ditadura militar. De repente fomos surpreendidos por uma crise cujos vilões lançam mão de estratagemas idênticos aos de 50 anos atrás.

Um novo movimento golpista se levanta trazendo com ele uma emissora de televisão que ainda se acha dona do país, um bando de histéricos gritando "fora comunismo" e um grupo político repleto de candidatos a novos 'Lacerdas' buscando golpear uma Presidente democraticamente eleita para retornarem ao comando do Brasil sem a necessidade do voto.

Mas disso tudo, duas figuras se destacam e disputam entre si, cabeça a cabeça, o prêmio O Bizarro do Ano.

Ambos cresceram no vácuo de poder criado pela crise política gestada a partir da não aceitação do resultado eleitoral de 2014.

Ganhando por um nariz de vantagem está Eduardo Cunha, que hoje responde pela Presidência da Câmara dos Deputados.

Vindo do baixo clero da política e operando por anos dezenas de contas secretas repletas de dinheiro de propina, como acusa a PGR, Cunha ascendeu ao terceiro posto da República liderando uma bancada pessoal de cerca de 100 deputados (todos eleitos a partir do dinheiro vindo das contas de Cunha).

Ali, sentado na cadeira, passou a operar para a queda da Presidente eleita enquanto buscava legalizar retrocessos impensáveis como a terceirização trabalhista, a redução da maioridade penal, a obrigação de BO para mulheres violentadas serem atendidas no SUS e a constitucionalização do financiamento empresarial de campanhas (o verdadeiro nascedouro da corrupção no país e o instrumento que levou Cunha aonde ele está hoje).

Manipulando descaradamente o terceiro cargo da República, mesmo após ser denunciado por corrupção pela PGR, Cunha comanda à toque de caixa um processo de impeachment sem provas de crime contra a Presidente e ainda debocha do STF, lançando mão de seus prepostos, como o movimento MBL, que tentará enquadrar Marco Aurélio Mello, o ministro do Supremo que ousou desafiar o capo.

Diante de um adversário tão poderoso, Moro tem se esforçado. Contando com a ajuda da emissora de televisão que ainda se acha dona do país, o juiz de Curitiba se tornou o 'xerife' do Brasil. Enquanto Cunha é o vilão preferido dos golpistas, Moro é seu herói cultuado.

Vestindo-se de preto e com o olhar para o infinito, Moro atropelou todas as normas legais em busca de fustigar o inimigo escolhido: Dilma, Lula e o PT. Mandou 'sequestrar' o ex-Presidente, grampeou conversas até envolvendo a Presidente da República e entregou para a emissora parceira no dia da posse de Lula e por aí vai.

Moro caminhava para ser o 'juiz do Brasil', com jurisprudência sobre tudo e todos.

Também contando com os mesmos prepostos de Cunha, os movimentos de rua com camisa da CBF, Moro também buscou reagir diante de um Supremo que ameaça lhe cortar as asas. Uma malta proto-fascista foi lançada à frente das residências de ministros da corte a fim de coagi-los. E, diante da derrota na primeira tentativa de caça ao Lula, lança mão da reabertura do caso Celso Daniel para não deixar a peteca cair.

Como podem ver, são dois grandes candidatos ao prêmio.

A vitória de ambos representa a derrota do Estado Democrático de Direito brasileiro.

Só a mobilização anti-golpe e a atuação firme do STF podem cancelar este campeonato e entregar a vitória ao povo brasileiro, que só espera a volta da estabilidade política para voltar a enfrentar os desafios econômicos do país e do dia a dia.

O blog O Calçadão espera que ambos saiam com o troféu O Bizarro do Ano, mas que a vitória final seja da legalidade e da democracia.

Ricardo Jimenez

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