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sábado, 26 de maio de 2018

Brasil, México e Argentina: o embate por uma América Latina Livre!

Há um embate histórico que envolve a América Latina: a luta por liberdade, desenvolvimento, integração e autonomia.

É o velho embate contra o poder colonizador transfigurado no poder imperialista e rentista.


Brasil, México e Argentina são as maiores potências latino-americanas e, são, por isso, o alvo maior da sabotagem do império e do grande capital rentista, que conta com o apoio interno de uma elite anti-nacional e anti-popular.

Nos anos 1990 o neoliberalismo, ancorado no Consenso de Washington, buscou envolver os três países na ALCA, que seria a pá de cal em qualquer aspiração desenvolvimentista, industrial e tecnológica da América Latina.

Brasil e Argentina resistiram. O primeiro a partir da eleição de Lula em 2002, interrompendo o entreguismo tucano e inaugurando um período de desenvolvimento com inclusão social sem a necessidade de rupturas maiores com o grande capital. A Argentina após a ascensão de Néstor Kirchner em 2003, respondendo a um dramático período de crise social e econômica provocados pelo neoliberalismo de Menem.

A guinada à esquerda de Brasil e Argentina a partir de 2003, somado à ascensão de Hugo Cháves e o Bolivarianismo na Venezuela já desde 1997, promoveu um movimento de caráter nacionalista, desenvolvimentista e de cunho social que também repercutiu na Bolívia, no Equador, no Uruguai e, de certa forma, no Chile e no Paraguai.

O alinhamento diplomático e político entre Lula e Kirchner fortaleceu a América do Sul no mundo. Criou condições para que as políticas públicas apontassem para um ciclo de desenvolvimento industrial e de melhoria das condições sociais da população.

Fortalecimento do Mercosul, criação da Unasul, entrada do Brasil nos Brics e descoberta e nacionalização do pré-sal pelo Brasil são alguns avanços que colocaram a América do Sul em oposição aos interesses do imperialismo e do capital rentista.

Enquanto isso, o México, a potência latino-americana do norte, decidiu se integrar ao NAFTA, o acordo de livre mercado que também envolveu EUA e Canadá.

O NAFTA e os governos neoliberais de Vicent Fox (CEO da Coca Cola) e Felipe Calderón promoveram a dolarização, a desindustrialização, o aumento da pobreza (o México é o 18o da América Latina em crescimento do PIB per capita), destruição da agricultura familiar, crescimento dos cartéis de drogas e fragilização econômica devido à competição com a China pelo mercado estadunidense.

O resultado de tudo isso é que chegamos a 2018 com a América Latina mais uma vez em posição de resistência e reconstrução.

No México, López Obrador, esquerdista do Partido da Revolução Democrática, que lidera as pesquisas, tenta mais uma vez alcançar a Presidência com um discurso anti-neoliberal, nacionalista e desenvolvimentista. Das outras vezes, Obrador foi derrotado pelo poder financeiro e da mídia hegemônica mexicana.

No Brasil e Argentina, sem falar na Venezuela, ocorre um processo de desestabilização democrática e perseguição judicial aos políticos de esquerda ligados ao processo político iniciado em 2003.

Cristina Kirchner sofre na Argentina, novamente governada por um neoliberal, Mauricio Macri, apoiado na mídia empresarial, e novamente às voltas com a crise econômica, o desemprego e o aumento da pobreza.

No Brasil, a reeleição de Dilma em 2014 desengatilhou um processo golpista, envolvendo políticos, setores do judiciário e a grande mídia, que promoveu o impeachment de Dilma e a prisão de Lula. O poder foi assumido por uma aliança comprometida com o retorno do neoliberalismo sem voto.

Crise econômica, desemprego e crise social também voltaram à rotina do Brasil.

As eleições no México ocorrerão em 1o de julho. Já no Brasil, o impasse prevalece. Lula, líder das pesquisas está preso e ameaçado de não ter sua candidatura registrada. O campo de esquerda e progressista segue um tanto desarticulado, apesar de ter em sua narrativa o potencial de vencer as eleições.

Já o campo golpista, aliado aos interesses do grande capital, sofre para encontrar um candidato viável e tem ensaiado interferir de novo no jogo democrático encontrando uma forma de adiar as eleições.

No Brasil, diz-se que o golpe fez o país retroceder 20 anos em dois. Algo parecido também pode ser dito sobre a América Latina.

Segue o embate.

obs: no artigo não mencionamos as desestabilizações e interferências anti-democráticas em Honduras, no Paraguai, na Venezuela, na Nicarágua e no Equador. Também não mencionamos a recente entrada da Colômbia na OCDE e na Otan.

Blog O Calçadão

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