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segunda-feira, 8 de julho de 2019

Ônibus mais caro (4,40) e tão ruim quanto antes



O consórcio Pró-Urbano, que tem contrato com a Prefeitura para explorar o transporte coletivo até 2032, acaba de conseguir, por autorização do Prefeito, um reajuste de tarifa, que vai dos atuais 4,20 para 4,40. 

Um aumento da ordem de 5%. 

Por contrato, o consórcio tem direito a solicitar reajustes semestrais, cuja autorização ou não cabe ao Prefeito municipal. 

Semana passada o Tribunal de Contas do Estado (TCE) multou a ex-Prefeita Dárcy Vera e o ex-Superintendente da Transerp Willian Latuf por irregularidades na licitação do transporte em 2012, em uma ação proposta pelo vereador Marcos Papa (Rede). Segundo o TCE, não é claro no contrato os investimentos necessários para aumentar o número de usuários, criar novas linhas e comprar novos veículos para a frota.

Hoje a permissionária Pró-Urbano, composta pelas empresas Rápido D'Oeste (40%), Transcorp (30%) e Turp (30%), opera 119 linhas com 356 veículos.


O vereador Marcos Papa também entrou na justiça contra o reajuste do ano passado e promete entrar de novo na justiça contra o atual aumento. 

Um trabalhador que faz duas viagens por dia desembolsará no mês 176 reais. 

O transporte coletivo em Ribeirão Preto é caro, ruim, ineficiente, capaz de transportar apenas 22% da população (segundo dados da Transerp) e feito por um único modal, ônibus circulares a diesel, a maioria tendo que passar pela região central e em terminais urbanisticamente problemáticos. 

O modelo ribeirão-pretano de hoje segue os moldes da maioria dos municípios paulistas e brasileiros do mesmo porte ou maiores, onde as linhas são exploradas por consórcios da iniciativa privada com tarifas caras e serviços ruins. 

Lembrando que Ribeirão Preto, através da Transerp, já operou um sistema público através dos Trólebus, entre 1982 e 1999. Um sistema lucrativo, ambientalmente sustentável e operacionalmente melhor que o atual. A extinção dos Trólebus e a entrega das melhores linhas para os consórcios privados foi muito mais uma questão ideológica de um governo tucano do final dos anos 1990 do que por fator econômico.

No mundo, em cidades da Europa, Ásia e Estados Unidos, o modelo de transporte coletivo está se tornando novamente público, após o fracasso do modelo privado imposto pelo neoliberalismo. Em 86 cidades de 24 países, o transporte é 100 % gratuito (o vereador Jorge Parada tem um projeto de tarifa zero para Ribeirão Preto). 

Nas principais cidades da Europa e Ásia o transporte é um misto de público e privado, subsidiado e multimodal (trens, metrô, VLT, BRT, vans, ciclovias e espaços para pedestres) pois se entende que a mobilidade urbana é um fator de desenvolvimento econômico, ambiental e de qualidade de vida e o amplo acesso e procura da população pelo transporte coletivo, evitando o automóvel, é fundamental. 

Ribeirão Preto está, como se vê, há anos-luz disso. Por aqui, necessitaríamos de um transporte rápido ligando as várias regiões da cidade (como no projeto Fundo de Vales do urbanista Mauro Freitas) harmonizado com um transporte regional (bairro a bairro e no centro) feito com veículos mais leves e com ciclovias. 

Criar uma cidade que incentive o transporte coletivo e desincentive o automóvel conduzido por apenas uma pessoa, o motorista, como ocorre nas principais capitais e cidades grandes e médias do mundo.

PAC Mobilidade

Ribeirão Preto tem recebido obras desse projeto do governo federal aprovado em 2013 e colocado em execução a partir de 2016. São pontes, viadutos, corredores de ônibus e ciclofaixas instalados por toda a cidade.

Os corredores de ônibus (os primeiros instalados nas avenidas Saudade e Dom Pedro e na rua São Paulo) podem melhorar a fluidez dos ônibus, diminuindo o tempo de viagem e, assim, aumentando a procura da população. Mas há resistências dos comerciantes com medo de que a diminuição das vagas de estacionamento diminua a procura no comércio.

Mudar a mentalidade do automóvel não é simples, mas é necessário.

Blog O Calçadão

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