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segunda-feira, 12 de julho de 2021

Especialista da FioCruz afirma em audiência pública que crise no meio ambiente é fator de disseminação e agravamento do Covid-19

 

Jornal da época anuncia o alastramento da pandemia de gripe espanhola e a indiferença criminosa do governo.

 Sáude e Meio Ambiente

Nelzair também acusou a produção rural brasileira de copiar um modelo de produção geneticamente modificada que, pelo uso intensivo de agrotóxicos, destrói o conteúdo de bactérias do solo e aumenta a contaminação dos rios

 

Em audiência pública presidida pelo senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) realizada na sexta-feira (9), integrando a Comissão Temporária da Covid-19 (CTCOVID-19), a pesquisadora em saúde pública da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, Nelzair Vianna, criticou a política ambiental do governo Bolsonaro. Para a especialista, a crise no meio ambiente é um fator de disseminação e agravamento de doenças infecciosas.

 


Nelzair Vianna, pesquisadora em saúde pública da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirmou que a História mostra que todas as pandemias têm uma relação demonstrável com a questão ambiental e em sua maior parte se espalharem como zoonoses (doenças infecciosas dos animais transmissíveis ao ser humano). Segundo ela, essa é uma das hipóteses para o surgimento e disseminação da covid, possivelmente vinculada à interferência humana nos ecossistemas, levando a migração dos hospedeiros — uma situação agravada pelas grandes aglomerações e pela maior intensidade de deslocamento humano.

De acordo com Nelzair, o conceito de desenvolvimento sustentável também tem que levar em conta o risco de pandemias, e é preciso “sair das caixas” da mera questão de saúde para pensar a recuperação do ambiente no cenário pós-covid.

"O investimento na prevenção da pandemia traria benefícios líquidos para o mundo. E reconhecemos que, à medida em que o mundo emerge da pandemia da covid-19, prioridades podem mudar para lidar com o aumento da demanda, do desemprego, das doenças crônicas e dos graves prejuízos financeiros que a gente observa em função da pandemia".


Nelzair também acusou a produção rural brasileira de copiar um modelo de produção geneticamente modificada que, pelo uso intensivo de agrotóxicos, destrói o conteúdo de bactérias do solo e aumenta a contaminação dos rios e afirmou que, se o Brasil tivesse optado por ser exportador de soja orgânica, poderia diminuir os custos de produção e obter um aumento de 30% de receita. No entanto, em sua opinião, o Brasil pode ser pioneiro numa “virada maravilhosa em direção à felicidade” por meio do investimento na criatividade científica.

"A gente para de eliminar as maiores riquezas que nós temos na nossa biodiversidade, na nossa segurança hídrica, na nossa riqueza hídrica, a maior do mundo, e nós passamos a ter empregos muito melhores", concluiu.


Em resposta ao comentário da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que chamou a atenção para o “descompromisso” do governo federal com a política ambiental, Nelzair Vianna contrastou a situação com os movimentos e ações pelo controle das mudanças no clima que são conduzidos em nível municipal e têm apoio internacional.

 

Ela defendeu grandes investimentos na educação da população e o engajamento da ciência e da sociedade civil para mudança das políticas públicas.

 

"A gente precisa se amparar na melhor proteção das leis, e essas leis precisam usar o conhecimento científico e precisam envolver toda a sociedade nessa percepção de risco, para que a sociedade inteira possa se engajar nessa decisão".

A sessão remota atendeu ao requerimento apresentado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) e, posteriormente, complementado pelo presidente do colegiado, senador Confúcio Moura (MDB-RO). O parlamentar cita o relatório Fronteiras 2016: questões emergentes de preocupação ambiental, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que apontou o desmatamento como fator de aumento das zoonoses (doenças infecciosas transmitidas entre animais e seres humanos).

Além de Nelzair Vianna, a audiência contou com a presença do presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Francisco Milanez, e da gerente de ciências da  ONG WWF Brasil, Mariana Ferreira,;o biólogo, virologista e pesquisador do ICB-USP, Luiz Gustavo Bentim Góes, e a diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Ana Toni.

Fonte: Agência Senado

Edição: Filipe Augusto Peres

 

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