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terça-feira, 20 de julho de 2021

Quantas pessoas estão em situação de rua em Ribeirão Preto?

No inverno, o frio se soma à fome

Quantas pessoas estão em situação de rua em Ribeirão Preto? 

Segundo o que foi informado pela Diretoria de Proteção Social da Secretaria Municipal de Assistência Social, em resposta a um requerimento do Coletivo Popular Judeti Zilli PT, não há um censo completo da população em situação de rua na cidade, mas dados obtidos a partir de abordagens feitas pela SEMAS mostram um número de 1227 pessoas (dados de 2018) sendo que há um cadastro com dados pessoais mantido sobre posse da Secretaria. 

Essa população, segundo afirma a própria Secretaria, pode variar bastante em virtude da época das abordagens.

Ocorre que os movimentos sociais que atuam nas comunidades de Ribeirão Preto observam que a crise econômica, agravada pela pandemia, e a fome fazem com que muitos moradores de comunidades, e até das regiões mais pobres da cidade, saíam para a rua em busca de recursos para sua sobrevivência e a de sua família. 

Nesses dias se junta à fome, o frio. São pessoas que necessitam de ajuda e, por mais que as ações voluntárias existam, é o poder público quem tem mais instrumentos de ação integral nesse momento. 

Precisamos dar um olhar humano para esta situação: uma ação integral de assistência às pessoas em situação de rua. A começar pelo programa Acolhe Ribeirão, que tinha o objetivo de alcançar 20 mil pessoas com três parcelas de 200 reais mensais, e que se iniciou atendendo 11 mil pessoas e, agora, passará a atender 13 mil.

Seria preciso ter um olhar específico à população em situação de rua dentro desse programa, inclusive com assistência para o preenchimento do cadastro, etapa necessária para obter o benefício.

Mas a questão é ainda mais profunda. Um atendimento integral, segundo os especialistas, é mais amplo do que somente a distribuição de renda. É preciso uma atenção multidisciplinar permanente, incluindo espaços específicos de acolhida. Ribeirão Preto tem dois: o CETREM e o Centro POP, ambos insuficientes para uma política adequada para o porte de Ribeirão Preto.

No Brasil, a prática mais comum para lidar com a população em situação de rua é transferi-la para outras cidades, seja através de passagens de ônibus ou mesmo vans. E essa abordagem é vergonhosa e indigna.

Segundo o Coletivo Popular Judeti Zilli, "temos feito requerimentos e questionamentos sistemáticos, principalmente da perspectiva do Comitê de Enfrentamento à Pandemia. Temos observado que essa questão é um gargalo na Secretaria e isso tem jogado luzes sobre a necessidade de políticas públicas, principalmente a partir do tensionamento social".

Em 2019, o Blog O Calçadão esteve na praça Schmidt, na região da Baixada, acompanhando a ação de voluntários na assistência à população daquele lugar. Segundo os ativistas, a política para a população de rua é a tentativa de invisibilidade, de transferência para locais onde essas pessoas não são vistas. Segundo as pessoas que viviam ali naquele momento, o desejo era ter uma casa, um emprego, um tratamento para o alcoolismo e a oportunidade, para a maioria delas, de ter uma "vida comum", incluindo o resgate das relações familiares perdidas.

Ricardo Jimenez - editor do Blog O Calçadão

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