#ProrrogaSTF
Minha terra tem estado violento
onde canta o sarrafo sobre os mais pobres.
As aves agourentas,
que por aqui gorjeiam desde 1500,
só noticiam as violências que vem de lá
e escondem as que ocorrem por cá.
Nossa polícia, nosso exército
nossa milícia
tem mais estrelas e expertise
para matar
Minha terra tem valas abertas
e pessoas a enterrar
Nossas várzeas, nossas valas
sequer têm flores sepulcrais
Nossos corpos que jazem sem vida,
nunca tiveram mais amores
sequer empatia.
Em pensar, sozinho, à
noite,
(a poesia não serve para porra
nenhuma
não me consola
sequer consigo compartilhá-la)
preocupo-me com camaradas
me encho de Pondera
e insone constato:
Minha vala tem mais corpos amontoados
onde jazem os mortos empilhados.
Minha terra tem a primazia do
capital,
que tal encontro aonde quer que eu vá.
Em cismar –sozinho, à noite–
preocupo-me com camaradas:
Minha terra tem valas,
onde já não cantam os enterrados.
Não permita Deus ou Estado que mais morram.
Refugiados em própria terra
despejados
meus camaradas emigram em direção à
própria sorte
como quem segue a própria morte.
Em minha terra crescem as valas,
onde já não cantam os silenciados.
Um comentário:
Triste, mas verdadeira. Parece que os brasileiros não saem nunca do exílio 😥
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