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sábado, 10 de junho de 2017

A Feira do Livro não tinha mais povo, agora não tem mais livros!

Foto Filipe Peres

Pode ser que a enorme crise econômica que o país atravessa tenha também impactado a Feira do Livro de Ribeirão Preto neste 2017. Pode ser. Mas o fato é que o espaço da Feira dedicado aos livros diminuiu muito e nesta edição ocupa apenas 30% da praça XV de Novembro.



Este blog esteve no ambiente da Feira durante a semana e neste sábado, 10/06, das 16 às 20h. Observamos de cara o encolhimento do espaço dedicado à oferta e venda de livros. 

Já houve tempos em que as editoras ocupavam toda a praça XV e parte da Praça Carlos Gomes. Hoje, se limitam a uma ponta da Praça XV, o resto é espaço destinado a pufs de pneus, mini-oficinas de pintura e grafitagem e coisas afins.

É um notório encolhimento daquela que já foi uma das maiores feiras do ramo do país. Aliás, o encolhimento de povo já vinha ocorrendo ano a ano, desde 2012, quando alterações foram feitas. Agora temos um encolhimento de livros. 

Detalhe: este ano nenhuma editora ligada à universidades públicas esteve presente.

A feira do livro de Ribeirão Preto, surgida em 2001, tem uma característica especial: é realizada numa praça, a céu aberto. No início, shows e palestras realizados na Esplanada e no Theatro Pedro II tornavam a Feira extremamente popular. Um evento muito aguardado. Difere muito da característica de outras feiras, como as de Poços de Caldas, Porto Alegre e Brasília, para ficar nas mais conceituadas.

Até 2012, a Feira de Ribeirão Preto caminhava para se consolidar como um evento literário, cultural e educacional de massa. Inclusive com a possibilidade dela ocorrer o ano todo, integrando escolas e bibliotecas públicas nos bairros, por exemplo.


Ledo engano.


O pobre e elitista calendário cultural de Ribeirão Preto se impôs sobre a Feira. E, infelizmente, a política de implantação de bibliotecas públicas nos bairros, surgida juntamente com a feira, morreu. Os shows na Esplanada foram excluídos. Os jovens estudantes foram repelidos. O evento de massa começou a minguar.


Ribeirão é carente de vida cultural de massa, sua elite pequeno-burguesa é esnobe, chata e metida a besta. Claro que uma Feira na região central, que caminhava para incluir o povo, incomodou.


Quem disse que o Pedro II foi feito para a galera da periferia? Quem disse que a Feira do Livro foi feita para o povão?


A Feira sofre o mesmo processo do Theatro Pedro II. Ambos tem que estar prontinhos para receber a elite, em seus carrões, que só vão ao centro da cidade nas noites de "espetáculo" ou de palestra de algum filósofo ou jornalista 'cult', enquanto o povão sacoleja nos ônibus e só passa rapidamente em frente do Pedro II e da Feira indo e vindo do trabalho.


Aliás, tapumes estrategicamente colocados nas ruas General Osório e Barão do Amazonas retiraram este ano a visão da Feira para o povão que pega ônibus.


Primeiro tiraram o povo, agora tiraram os livros.


Qual o futuro da Feira nos próximos anos? Qual o futuro do ambiente cultural ribeirão-pretano nos próximos anos?


Às 16 horas este blog contou cerca de 150 pessoas na Feira. Um pequeno aumento ocorreu até as 19h. O frio começou a incomodar. Os estandes ficaram vazios de livros e de gente. 


O tempo todo neste sábado, o Pinguim teve mais público do que a Feira.


Blog O Calçadão



5 comentários:

Anônimo disse...

Quando me mudei para Ribeirao ha 11 anos o evento mais aguardado por mim era a feira do livro. O movimento nos estandes, os livros e os maravilhosos shows faziam da feira um espetaculo belissimo. Ibfelizmente que hoje esteja assim!

Prih Machado disse...

Vi shows que nunca esquecerei: Gal Costa, Ney Matogrosso, Vanessa da Mata, Lenine... Sinto falta disso, somos carentes de cultura.

Unknown disse...

Sou uma assídua frequentadora da feira, e posso muito bem dizer que vocês só sabem criticar e, parece-me, até torcer paraque a feira acabe. Frequento as palestras e shows gratuitos que estão abertos a TODOS os interessados. Ninguém lhe pede comprovante de endereço ou status social para lhe entregar um convite. Temos sim, que lutar para melhorar a feira e oytros eventos precisam ser disponibilizados aos nossos jovens, principalmente os mais carentes, mas não é jogando pedras que vamos ajudar. Se moblizem, vão lá com idéias, e conscientes de que vivemos numa sociedade violenta. Ao mesmo tempo que temos que tentar uma maior inclusão, temos que assegurar o direito daqueles que vão à feira em busca de diversão sadia e conhecimento.

O Calçadão disse...

A Feira está minguando e este ano é uma caricatura do que já foi. Isso é um fato. No artigo, vc encontra sugestões para retomar o sentido da feira. E, por fim, não temos que tentar maior inclusão, temos de democratizar e incluir a todos. A Feira do Livro era passeio de 'cult' pra elite chata de Ribeirão Preto. Hoje, nem isso.

Anônimo disse...

Pela primeira vez desde a primeira edição da Feira, nem passei por lá. Para minha própria reflexão do por que não fui?!!

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