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segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Paulo Guedes aparece nos Pandora Papers

 Notícia

O Ministro da Economia Paulo Guedes aparece como um dos acionista e administradores do Dreadnoughts International Group, empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, em 2014.
Arte: ICIJ

A investigação dos Pandora Papers é baseada no vazamento de registros confidenciais de 14 prestadores de serviços offshore que prestam serviços profissionais a indivíduos e corporações ricas que buscam incorporar empresas de fachada, fundos fiduciários, fundações e outras entidades em jurisdições de baixa ou nenhuma tributação. As entidades permitem que os proprietários ocultem suas identidades do público e, às vezes, dos reguladores.

Publicado no último dia 3 de outubro pela International Consortium of Investigative Journalists, revelam documentos dos Pandora Papers apontando o Ministro da Economia do Governo Bolsonaro Paulo  Guedes como um dos acionistas e administradores do Dreadnoughts International Group, empresa constituída nas Ilhas Virgens Britânicas em 2014. De acordo com a matéria, Guedes criou a empresa com o apoio da Trident Trust. Os arquivos vazados ainda listam sua filha como acionista conjunta e co-diretora, sendo que em 2015, Guedes acrescentou a esposa como acionista.


A Trident Trust é uma das maiores fornecedoras offshore do mundo. Ela está ligada a quase 100 políticos e funcionários públicos identificados nos Pandora Papers e tem clientes no continente africano, Oriente Médio, América Latina e Caribe, Europa e Ásia.

O levantamento da ICIJ revela que a Dreadnoughts estava ativa nas Ilhas Virgens Britânicas em agosto de 2021. Entrentanto, não está claro nos registros da empresa se Guedes ainda tem uma função na empresa.

Consultado pela ICIJ, um porta-voz do escritório de Guedes afirmou que ele declarou sua propriedade da Dreadnoughts às autoridades fiscais e se retirou da atividade de investimento privado ao assumir o cargo, a fim de cumprir a legislação brasileira. O artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais.

No coração dos Pandora Papers estão 14 empresas offshore que ajudam os clientes a estabelecer empresas em jurisdições sigilosas.

O que são os Pandora Papers?

A investigação Pandora Papers é a maior colaboração jornalística do mundo, envolvendo mais de 600 jornalistas de 150 veículos de comunicação em 117 países.

A investigação é baseada no vazamento de registros confidenciais de 14 prestadores de serviços offshore que prestam serviços profissionais a indivíduos e corporações ricas que buscam incorporar empresas de fachada, fundos fiduciários, fundações e outras entidades em jurisdições de baixa ou nenhuma tributação. As entidades permitem que os proprietários ocultem suas identidades do público e, às vezes, dos reguladores. Freqüentemente, os provedores os ajudam a abrir contas bancárias em países com regulamentação financeira leve.

Os 2,94 terabytes de dados, vazados para o ICIJ e compartilhados com parceiros de mídia em todo o mundo, chegaram em vários formatos: como documentos, imagens, e-mails, planilhas e muito mais.

Os registros incluem uma quantidade sem precedentes de informações sobre os chamados proprietários beneficiários de entidades registradas nas Ilhas Virgens Britânicas, Seychelles, Hong Kong, Belize, Panamá, Dakota do Sul e outras jurisdições sigilosas. Eles também contêm informações sobre os acionistas, conselheiros e diretores. Além dos ricos, famosos e infames, os expostos pelo vazamento incluem pessoas que não representam um interesse público e que não aparecem em nossas reportagens, como proprietários de pequenos negócios, médicos e outros, geralmente ricos, indivíduos longe dos holofotes públicos.

Embora alguns dos arquivos datem da década de 1970, a maioria dos revisados ​​pelo ICIJ foi criada entre 1996 e 2020. Eles cobrem uma ampla gama de assuntos: a criação de empresas de fachada, fundações e trustes; o uso de tais entidades para adquirir imóveis, iates, jatos e seguros de vida; seu uso para fazer investimentos e movimentar dinheiro entre contas bancárias; planejamento imobiliário e outras questões de herança; e a evasão de impostos por meio de esquemas financeiros complexos. Alguns documentos estão vinculados a crimes financeiros, incluindo lavagem de dinheiro.

O que revelam os Pandora Papers?

Os mais de 330 políticos expostos pelo vazamento eram de mais de 90 países e territórios. Eles usaram entidades em jurisdições secretas para comprar imóveis, manter dinheiro em custódia, possuir outras empresas e outros ativos, às vezes anonimamente.

A investigação da Pandora Papers também revela como os bancos e escritórios de advocacia trabalham em estreita colaboração com prestadores de serviços offshore para projetar estruturas corporativas complexas. Os arquivos mostram que os fornecedores nem sempre conhecem seus clientes, apesar de sua obrigação legal de cuidar para não fazer negócios com pessoas que se envolvem em negociações questionáveis.

A investigação também relata como os provedores de fundos dos EUA tiraram proveito das leis de alguns estados que promovem o sigilo e ajudam clientes ricos no exterior a esconder riquezas para evitar impostos em seus países de origem.

Fonte: https://www.icij.org/investigations/pandora-papers/about-pandora-papers-leak-dataset/

Edição: Filipe Augusto Peres


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