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quarta-feira, 3 de abril de 2019

Abrir a Nove de Julho, terminal na Carlos Gomes, fechamento de ruas: o caos urbano de Ribeirão Preto

Foto Matheus Urenha - Plamurb
Do ponto de vista urbanístico, Ribeirão Preto é uma cidade sem projeto. E, com a crise orçamentária existente desde 2014 atingindo todos os municípios, a situação tende a ficar pior.

Temos uma cidade com péssima mobilidade urbana, onde quem manda é o automóvel conduzido por uma única pessoa em meio a um trânsito cada vez mais caótico. 

O transporte coletivo, desestruturado desde 1999, é caro e ineficiente, não sendo capaz de atrair usuários além daqueles que o utilizam por não terem outra alternativa (apenas 22% da população).

Na moradia, temos um déficit de mais de 50 mil e mais de 100 favelas e comunidades espalhadas pela cidade. Nos bairros, a falta de infraestrutura é histórica. Praças, parques e áreas de lazer são mal cuidados e/ou abandonados, não cumprindo a sua função como áreas públicas de convivência.


Enquanto isso, novos projetos imobiliários são aprovados para fora do limite do anel viário, contentando as empreiteiras e tornando a área urbana cada vez mais espalhada e carente de serviços públicos e projetos urbanísticos de cidade.

E o que dizer das áreas verdes e da questão ambiental? A situação dos córregos que cruzam a cidade é lamentável. Sem contar o problema crescente do lixo e entulho jogados em terrenos públicos e privados em todos os bairros.

No dia a dia, a população não sabe como proceder com seus entulhos, podas de árvores e móveis velhos. Falta estrutura e comunicação do Poder Público nesse sentido.

Do ponto de vista administrativo, a centralização impera. E agora o Prefeito quer levar a estrutura administrativa para o Jd. Independência, em uma área da Fundação Sinhá Junqueira onde funcionou o antigo Educandário. Um movimento que pode intensificar o processo de degradação do centro.

Sem contar a já avançada degradação da "Baixada".

Cabe até uma pergunta: por que não levar o tal 'Centro Administrativo' para a área da antiga fábrica da Antártica, exatamente na região de confluência da "Baixada" com o início da Vila Tibério? Seria um importante movimento visando a revitalização daquela região.

Outra questão importante é o desenvolvimento da cidade. Nos últimos anos, Ribeirão Preto só se desenvolveu economicamente em uma pequena porção da zona sul. As outras regiões, onde vivem 80% da população, permanecem estagnadas, populosas e repletas de problemas estruturais e sociais.

O desenvolvimento regional é fundamental para tornar a cidade menos assimétrica e desigual, além de gerar emprego e renda próximo dos locais de moradia, valorizando os espaços locais e facilitando a mobilidade urbana.

A questão é que sem um debate mais profundo e um projeto sobre o futuro de Ribeirão Preto, apontando para uma cidade com administração descentralizada, mais democrática, participativa, sustentável e humana, ideias urbanísticas difusas vão surgindo sempre no sentido de aprofundar as características já problemáticas.

Retirar o canteiro central da Nove de Julho para abrir espaço para os carros. Retirar de vez o que resta de paralelepípedos para facilitar para os carros. Reconstruir um terminal de ônibus na praça Carlos Gomes. Fechar com portões e guaritas as ruas sem saída, travessas e vielas da cidade. Internacionalizar o aeroporto dentro de uma área urbana densamente povoada. Tudo isso colabora para uma cidade cada vez mais feita para o automóvel e para o individualismo, com pouca importância para a necessária valorização do espaço público.

Há um cronograma para as obras de mobilidade urbana do projeto financiado pelo governo federal aprovado desde 2013. Estão por vir pontes, viadutos, passarelas, corredores de ônibus etc. Representa uma melhoria, claro, mas pouco adiantará sem estar interligado a um projeto maior de cidade.

Tudo isso poderia ser iniciado a partir da Câmara de Vereadores, abrindo diálogo com universidades, especialistas, movimentos sociais, associações de moradores. Um debate que se refletisse no Plano Diretor e em suas leis complementares.

Ribeirão Preto precisa disso com urgência.

Blog O Calçadão

Um comentário:

Angelo disse...

O executivo parece um banana, não apita nada! O legislativo esta preocupado somente em dar nome às ruas. fazer projeto para dar cidadania a alguém que ninguém conhece. O povo, este deve ser o maior culpado pois os que aí estão foram eleitos. Renovação zero.

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