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segunda-feira, 3 de julho de 2017

O drama existencial das praças de Ribeirão Preto! Por Gusmão de Almeida


Após um longo período sem escrever neste espaço, volto a fazê-lo com muito prazer, alegrando-me com o entusiasmo e guarra desta meninada que toca este site de internet chamado de blogue.

Confesso que impressionei-me com a melhoria da qualidade de textos e imagens. E a moçada me convenceu que ainda existem pessoas interessadas em histórias de velho.


Como já havia dito em meus primeiros escritos por aqui, o gosto deste velho é andar, ver e conhecer as novidades mas sem esquecer as relações com o passado, exercício fundamental para que possamos compreender o presente e vislumbrar o futuro.

Salvo engano, meu último texto falava sobre a praça Carlos Gomes, no centro, que, após um período abrigando um terminal de ônibus, ficou vazia e sem o Teatro Carlos Gomes.

Pois bem, resolvi, portanto, retomar os escritos trazendo esse assunto, praças, de volta.

Para que serve uma praça? Lazer, contemplação, cultura, paisagismo?

Tudo isso e mais um pouco. Mas, de qualquer forma, para que uma praça cumpra seu objetivo, ela deve estar fundamentalmente inserida dentro do contexto da cidade, de uma comunidade, de uma urbe.

No tempo de minha ausência, aproveitei e levei este velho corpo a passeio. Fui conhecer um pouco da nossa América do Sul, respirar os ares dos libertadores.

Em Santiago, Lima, Quito e Bogotá: várias praças, dentro e fora do centro histórico. Parques e espaços públicos além dos largos do turístico centro histórico.

A presença do povo, turistas e locais. Artistas, comerciantes, namorados, contempladores, leitores. Todos ali, nas praças, convivendo. E as praças, ali, inseridas.

Em Lima, por exemplo, houve um vitorioso processo de recuperação dos espaços públicos. O circuito mágico das águas é belíssimo. Lá, imaginei: por quê não em Ribeirão Preto? Temos água, calor e povo. Por quê não?

Hoje sei que o conceito de praças como um espaço de uma quadra dentro de um bairro ou de uma área do centro é meio fora de moda. Há um certo moço, que inclusive já deu entrevista neste espaço, que tem um bom projeto de parques públicos lineares.

Tudo bem. Mas há nesta cidade um conjunto de praças e espaços públicos que andam às moscas, sem nenhuma ligação com o contexto e a demanda da cidade.

As praças encontram-se em estado lamentável e, assim como eu, quem as frequenta ou é louco ou é mal visto.

Deixemos a tragédia das praças periféricas e nos concentremos nas do centro da cidade.

Na praça XV, de semana e aos finais de semana, há mais gente em seu entorno do que dentro dela!

E as outras? Pensemos na praça Camões, pensemos na praça das Bandeiras, pensemos na praça 7 de Setembro.

Na praça 7 de Setembro, em específico, à qual frequento e sempre me lembro que ali houve um dos primeiros campos de futebol da cidade e seus primeiros clássicos, um movimento de meninos tentou por ali fazer arte, e só. Não os vejo mais. Temo que foram convidados a se retirarem.

Deve ser mania de velho, saudosismo puro, mas por onde andam os pipoqueiros e os vendedores de balões?

Ah, já sei. Eles só existem onde há gente.

A praça XV já foi, no meu tempo de moço, o local de encontro da gente ribeirão-pretana. Já foi o local da mocidade efervescente.

Até mesmo nos 90, anos complicados na cidade, houve uma ocupação do espaço público no circuito que incluía as avenidas 9 de Julho, Portugal e Vargas.

Quem se lembra? Eu, já velho e morador dos arredores, cansei de andar por ali aos sábados à noite vendo o ir e vir de gente, conversando nas calçadas e ouvindo dali o som no Bar Mania.

Sim, o burburinho era na calçada!

Às vezes, caminhando por aí, penso que o que falta para Ribeirão Preto é gente, gente que goste de gente.

Voltarei a este assunto...

Por ora, vou comprar um colete novo, para enfrentar o frio com elegância, em minha loja preferida localizada na bonita e histórica rua Amador Bueno.

Cordialmente,

Gusmão de Almeida






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