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quinta-feira, 22 de abril de 2021

Poema da Continuidade

 

"Sou eu ou você?", me questionastes quando me fizestes este desenho.

A Alipio Freire 

(de nossas conversas sobre Drummond)


Alguns anos convivi contigo.
De certo modo, renasci contigo.
Por isso estou triste mas sereno.
Não tem porcentagem
(Como medir ou quantificar o apreço -
o apreço não tem preço)

Esse alheamento
minha falta de comunicação
é dificuldade em aceitar tua morte.

A vontade de amar, de dizer-te       me paralisou hoje o trabalho,
mas hoje apenas.
Nossa amizade veio de várias noites vermelhas
que mesmo sob o pior cenário sempre foram repletas de horizontes. 

Você nunca teve o hábito de hábito 
de sofrer.
Agora, para desespero de teus inimigos, poderás escrever em tua lápide: 
"gostei, quero mais!"

A diversão na adversidade,
é doce herança tua.

De ti carregarei prendas diversas que à luta oferecerei:
este poema, terra maleável;
as fotos, a presença onde se é preciso
a comunicação perante o silenciamento.

Não serás santificado por mim.
Não chorarei e nem o alçarei ao posto de santo ateu post mortem;
Isto posto. Em respeito e saudade
hoje estou de cabeça baixa,
hoje.

Amanhã não caberão as lágrimas
Não temos nada e nada levaremos.
Hoje sou funcionário público
mas tu não serás apenas uma fotografia na parede.

Como dói!
Como dói!

Um comentário:

Cláudia disse...

Que lindo. Intertextos de intervidas.

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