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sexta-feira, 11 de junho de 2021

Na CPI da Pandemia cientista e sanitarista criticam a condução do Governo Bolsonaro durante a pandemia

 

CPI da Pandemia contou com a presença da microbiologista Natália Pasternak e do ex-Presidente da Anvisa, o sanitarista Cláudio Maierovitch.

"Senhores, a Cloroquina já foi testada em tudo. A gente já testou em animais, a gente já testou em humanos. A gente só não testou em emas porque as emas fugiram", afirmou Pasternak.

A CPI da pandemia ouviu, nesta sexta-feira (11) a microbiologista Natalia Pasternak e o ex-presidente da Anvisa, Cláudio Maierovitch. Ambos criticaram a condução do governo federal durante a pandemia.

De acordo com Maierovitch, o SUS possuía experiência para realizar um plano de contenção antes da Covid-19 entrar no Brasil, principalmente para detecção rápida, testagem, isolamento e rastreamento de contatos. O sanitarista recordou que o país ocupava o 22º colocado no Índice Global de Segurança em Saúde em 2019. Entretanto, a condução do governo Bolsonaro na crise levou o país a ter a pior resposta perante à pandemia.

Para Maierovitch, o plano de contenção deveria direcionar como o sistema de saúde iria funcionar, além de abranger uma previsão de insumos e acompanhar carências de cada estado e município.

Cláudio Maierovitch durante a CPI da Pandemia.
Foto: Agência Senado

Os convidados evidenciaram a importância das informações corretas à população. 

"A comunicação é absolutamente fundamental e significa o conjunto de autoridades responsáveis com mensagens coerentes entre si", afirmou Maierovitch.

Os participantes criticaram o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro de pedir ao Ministro da Saúde Marcelo Quiroga para publicar um parecer que desobrigue o uso de máscara por parte daqueles que já forma vacinados ou já tenham contraído o vírus e reiteraram importância do uso da máscara mesmo depois de se vacinar. 

"Temos que olhar o efeito da vacinação na sociedade. Só os números vão nos dizer quando podemos começar a relaxar", disse Pasternak.

A microbiologista citou estudo do epidemiologista Pedro Hallal que apontou que 3 de cada 4 mortes poderiam ter sido evitadas se o Brasil estivesse na média mundial de controle da pandemia.

Ineficiência da Cloroquina e do Kit Covid-19

Pasternak avisou que os medicamentos do kit anticovid, apesar de se mostrarem seguros quando administrados individualmente para doenças a que são indicados, podem gerar interações nocivas quando usados em conjunto e criticou o uso da cloroquina contra a covid-19. A cientista afirmou que o medicamento não funciona em nenhuma fase da doença, nem em animais e nem em humanos.


Em resposta a senadora Kátia Abreu (PP-TO), Claudio Maierovitch disse que metade das 480 mil mortes por covid-19 poderia ter sido evitada se o Brasil tivesse seguido protocolos e comprado vacinas mais cedo.

Cientistas respondem base governista sobre a politização da pandemia

A microbiologista Natalia Pasternak durante a sessão afirmou, em resposta a Eduardo Girão (Podemos-CE), que a politização a favor da cloroquina e da ivermectina, origina-se de um movimento de cientistas que buscam mais apelo midiático do que pesquisa criteriosa.

Quando questionada por Jorginho Mello (PL-SC) sobre tanto ela Natalia quanto Maierovitch serem contrários politicamente ao presidente Bolsonaro, Natalia expôs que cientistas precisam se posicionar contra políticas públicas erradas.



E em resposta ao mesmo senador, indagada sobre o porquê de ter assinado o manifesto do IBI (Instituto Brasil-Israel) feito por mais de 200 cientistas e intelectuais judeus, Natalia Pasternak esclareceu 


Imagens: Agência Senado
Fonte: Senado Notícias



Leia o manifesto na íntegra:

“É preciso chamar as coisas pelo nome.

É chegada a hora de nós, intelectuais, livres-pensadores, judeus e judias progressistas, descendentes das maiores vitimas do regime nazista, posicionarmos, como atores sociais diante do debate público sobre o atual momento nacional. É perceptível que o governo encabeçado por Jair Bolsonaro tem fortes inclinações nazistas e fascistas.

É preciso chamar as coisas pelo nome.

Perspectivas conspiratórias e antidemocráticas produzem, tal qual o fascismo e o nazismo, inimigos e aliados imaginários.

Se não judeus, como o caso do Terceiro Reich, esquerdistas; se não ciganos, cientistas; se não comunistas, como na Itália fascista, feministas. A ideia de uma luta constante contra ameaças fantasmagóricas continua.

Porém há mais. As reiteradas reportações racistas e nazistas do governo Bolsonaro, o uso de símbolos fascistas e referência à extrema-direita não podem deixar dúvidas.

O projeto de poder avança. Genocídio, destruição das estruturas democráticas do Estado e práticas eugênicas estão escancaradas. Cabe a nós brasileiros e brasileiras impedir que cheguemos a uma tragédia maior.

O Fora Bolsonaro deve ser o chamado uníssono da hora. É o chamado contra o genocídio.”




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